Heróis nunca morrem, ao menos não nos estágios iniciais de uma historia, ainda mais sendo esta um battle shounen. Sendo assim, o que importava era quando e como o Yuuji voltaria. Foi rápido e rendeu algo interessante. Vamos a Jujutsu Kaisen!!!

O Sukuna é muito apelão, isso já ficou claro, então, não foi inesperado que oferecesse a chance de não morrer para o Yuuji, afinal, também é do interesse dele manter a consciência a espreita no corpo do garoto para deixá-lo absorver mais dedos e em algum momento tomar o recipiente. Além disso, a ideia do pacto faz bastante sentido quanto ao falado sobre a energia amaldiçoada.

É sempre assim em um battle shounen que se preze, há condições para usar o poder. De tal forma, o Sukuna se aproveitou da ingenuidade do Yuuji para forçá-lo ao pacto, porque é óbvio que ele nem triscaria no Sukuna se ele não deixasse. No fim, o Sukuna só o matou para revivê-lo com esse pacto, que ele deve usar em momentos pontuais a fim de cumprir seu objetivo.

A cena dos dois no Domínio Inato não foi ruim, mas também não há nada de relevante a comentar sobre ela justamente por isso, pelo quão ficou claro para mim como o Yuuji só esteve dançando nas palmas das mãos do Sukuna. Ele pensa que está por cima, porque consegue não se deixar dominar, mas a verdade é que é ele quem está sendo controlado o tempo todo.

Enfim, outro ponto interessante da primeira metade do episódio foi a exposição da ambição do Gojou, que faz muito sentido e não se choca com seu jeitão mais descolado. Ele não é exatamente um educador no sentido estrito da palavra, diria que ele é o cara que inspira pela força e presença que tem, mas é capaz de moldar na prática, e a ideia dele de renovar por dentro é ótima.

É legal como o Gojou sabe que não adianta ser o mais forte, ele não vai conseguir mudar o sistema assim, porque ele é sustentado por ideias e não por pessoas, e enquanto as ideias não mudarem outras pessoas apenas as reproduzirão. Renovando a comunidade dos feiticeiros as chances dele conseguir mudar a mentalidade viciada desse meio é bem maior e melhor, não acha?

Tocando o bonde, o acobertamento da sobrevivência do Yuuji ocorre de acordo com isso, porque o Gojou precisa que ele seja capaz de se virar sozinho na selva em que se meteu, afinal, o Yuuji é um elemento crucial dos planos do Gojou e isso é inegável. Ter o herói debaixo de sua asa pode significar ter o Sukuna, a maldição mais forte, sob controle. Um baita feito, convenhamos.

Por outro lado, o plano dos vilões foi exposto. Não lembro se isso ocorreu no mangá, acho que não. De toda forma, se a direção do anime achou melhor explicar logo não foi uma ideia ruim também, apesar de isso ser praticamente irrelevante, pois a ideia de selar alguém que se equipara ao Sukuna em força, em temor que provoca, beira o óbvio. Não há maldição capaz de matar o Gojou.

Ao menos não ainda, nem com combustão espontânea, ou algo parecido com isso, já que a maldição do vulcãozinho faz os outros queimarem por pura crueldade. Quais as chances de várias pessoas sofrerem combustão espontânea em um ambiente fechado? Nenhuma. Ficarei surpreso se essa maldição já não estiver no radar dos feiticeiros, afinal, fez sua carta de apresentação.

Enfim, ver o Fushiguro indo falar com a mãe do delinquente foi o momento triste do episódio, pois ali ele mostrou que se importa, que ele mesmo pode rever seus conceitos sobre a maneira que se dispõe a salvar as pessoas. Essa mentalidade que não se acomoda, que sempre busca se aperfeiçoar, com certeza é um trunfo, o que também pode ser visto no que tece ao seu potencial.

Porque o Fushiguro tem um potencial enorme, o Sukuna vê isso nele e ele mesmo começa a despertar para isso, e não é só a uma carta na manga que me refiro, mas ao contexto geral de suas capacidades, não só talento, mas também a maneira como ele explora esse talento, o que faz para ser um feiticeiro mais forte. Vamos ver como o Fushiguro crescerá na trama, eu aposto bastante nele.

Tirando o ataque ao Gojou, que aconteceria alguma hora e você já deve imaginar como vai acabar, o que resta a comentar é o treinamento do Yuuji, um treinamento nada ortodoxo, mas que apresentou conceitos básicos da energia amaldiçoada de maneira bastante fluída, além da ideia do Gojou fazer sentido, porque o Yuuji mesmo é um feiticeiro nada ortodoxo, ele é praticamente autodidata.

Um ponto que chamou minha atenção na aula básica do Gojou foi o talento inato dos feiticeiros, o qual é imprescindível para a formação destes, mas não necessariamente precisa vir do nascimento, apesar do Yuuji ser um ponto muito fora da curva. A impressão que tenho é de que com o tempo o Yuuji pode se fortalecer a partir do Sukuna, mas como um humano normal pode fazer isso?

Nada me tira da cabeça que tem relação com os pais dele. Talvez eles fossem feiticeiros e se afastaram do filho para não envolvê-lo nesse mundo? Além disso, eles apagaram qualquer traço de energia amaldiçoada que pudesse restar no garoto, fosse talento inato ou não, mas não a capacidade física acima da média e o próprio potencial dele. Quanto a isso não havia o que fazer mesmo, né.

Só algo nessa linha faria sentido para mim. Claro, no fim das contas pode ser só protagonismo mesmo, mas a história tem se saído bem em justificar essas coisas, inclusive no mangá, então, confesso esperar um pouco mais nesse aspecto. O Fushiguro, por exemplo, tem todo um contexto que suporta as expectativas que o Sukuna deposita nele como rival e que ele mesmo possui.

Por fim, foi um episódio divertido, clichê, mas com algumas coisas que você só encontra “fora da caixinha”, o que me dá a impressão de que Jujutsu Kaisen tem um potencial bem interessante a ser explorado e que ele não diz respeito só´a ação, mas também a coerência de ideias, o desenvolvimento gradual e eficiente de personagens e o grande plot, o big picture da trama.

O próximo episódio promete ser divertido. Vai ser lindo ver o Gojou solando maldição, porque é isso o que vai acontecer.

Até a próxima!

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