Nesse episódio fiquei com raiva da Shimamura, mas ao mesmo tempo acho que também consegui entender o lado dela e o mesmo vale para a Adachi, que me deu raiva, mas também consegui ver seu lado. Relacionamentos são coisas muito complexas, então não devo usar minha régua para aferir que tipo de atitude é correta ou não de se ter em situação x ou y. Em todo caso, foi um episódio um tanto doloroso, mas necessário, diria até que teve o melhor desenvolvimento possível, não se apoiando em clichês e saídas fáceis. É hora de Adachi to Shimamura no Anime21!

A Adachi se parece um pouco comigo, se subestimando como se não tivesse quase nenhum valor. O pior é que sei que tenho algum, apesar de todos os meus defeitos, o problema é que tenho enorme dificuldade em mensurar o que eu mereço. Eu evito apelar para a fé, mas não critico a Adachi por ter esse pensamento. A verdade é que as duas estudarem na mesma sala ou não era só uma questão de roteiro, por qual caminho a história iria seguir. Diria que a opção acessada foi ótima, mas ela exigiu um pouco mais do emocional do telespectador do que vinha ocorrendo.

Menos mal que antes do distanciamento das duas houve um momento fofo bem legal na saída do primeiro dia de aula, o qual se aproveitou da dinâmica estabelecia entre elas em seus trejeitos mais particulares e já deixava claro ali como a Shimamura presta atenção na amiga. Aliás, devo admitir que gostei de ver a Shimamura com o cabelo descolorido, até estranhei a Adachi não ter feito um alvoroço por isso, mas entendo que o novo visual já era previsto. Ela já fez alvoroço por estar na mesma sala que a amiga em uma cena tão genuinamente alegre que até me enganou.

Ali eu imaginava que o episódio tomaria outro rumo, mas entendo investir no drama agora, o fim do anime está batendo a porta. Mas antes de tocar no ponto sensível desse episódio, não poderia deixar de elogiar a proposta de ainda dar tempo de tela a Hino e a Nagafuji mesmo com a sala das duas sendo outra no segundo ano. Não é porque elas eram amigas de conveniência da Shimamura que não podem ter personalidades interesses e, melhor ainda, ter uma relação que se relacione de alguma forma com a das protagonistas. Diria até que elas são um bom “oposto”.

Elas são amigas e se adoram e, diferente da Adachi e da Shimamura, conseguem externalizar isso de maneira mais natural, além de se apoiarem até quando não tem necessariamente essa intenção, pois ficou claro como a Hino não gosta muito da casa tradicional em que vive (assim como não parece gostar de como é sua família) e se aproveita do tempo ao lado da amiga para desanuviar das obrigações e restrições do dia a dia. Já a Nagafuji pode tomar um belo banho no ofurô da mansão, ver a Hino fofa de yukata e demonstrar afeto até de maneira incomum. Win-win, né?

Quem dera ser assim com a Shimamura e a Adachi, mas elas são duas introvertidas que têm dificuldade em botar para fora o que sentem, ainda que tenham evoluído perceptivelmente desde que se conheceram. Por exemplo, as novas amizades artificiais da Shimamura dizem que têm uma percepção diferente da Adachi em comparação a como ela era quando estudaram juntas, dando a ideia de que ela parece alguém mais acessível do que jamais foi. Quanto a Shimamura, quando antes ela pôde chamar alguém de “amiga” e fez isso como faz com a Adachi? Só com a Tarumi?

Não tenho certeza, mas é essa impressão que o anime me passa. Enfim, o ponto é, às vezes a história pode parecer um pouco dramática demais, pode parecer que as personagens estão tomando um caminho mais longo do que era realmente necessário, mas como afirmar isso quando elas são pessoas complexas em um relacionamento complexo? Foi só eu que percebi a Shimamura olhando a Adachi como se pedisse para ser salva? Como se quisesse não depender dessas amizades, mas sem força para tomar a dianteira quando agir desse jeito sempre foi menos desgastante?

Não acho que a Shimamura pense que não vale a pena correr o risco de se machucar no futuro ao tentar aprofundar seu laço com a Adachi, mas ela não consegue, porque não é tão fácil fazer isso mesmo; exige tempo, às vezes até um distanciamento (como ocorre nesse episódio) para que a pessoa perceba a falta que faz a outra e proatividade do outro lado também. Fugir como a Adachi fez com certeza não ajudou, então sim, faço um mea-culpa tanto de uma como da outra; pois sei que elas têm essas dificuldades e nessas horas é compreensível nenhuma tomar a dianteira.

Mas sim, é inevitável não botar mais a culpa na Shimamura, mas isso se deve a termos visto essa situação incômoda somente do ponto de vista dela, fica parecendo que não houve omissão por parte da Adachi, ou que esta é sempre compreensível por ela estar apaixonada. Não é assim, e não é como se estivesse tentando passar pano para a Shimamura, nem dá, pois outra coisa que contribuiu para isso foi ela ter repetido várias e várias vezes o quanto ela é desalmada, que tem um coração de pedra, quando não é bem por aí. A Shimamura é como um bichinho assustado!

Ela diz que a Adachi parece um pet, mas é ela quem tem medo de estreitar os laços; a Adachi não consegue ser tao proativa quanto quer, mas é claro como o dia que sempre quer estar ao lado da Shimamura, que quer estreitar o laço criado. A Shimamura teme se permitir mais e acho que isso pode ter haver até com a falta de amizades verdadeiras ao longo dos anos. Ela teve a Tarumi, mas elas eram muito novinhas e cada uma foi para um lado sem manter qualquer contato, não é como se a Shimamura já tivesse se “entregado” alguma vez na vida como fará com a Adachi.

Porque ela vai fazer isso, de outra forma o anime terá um final decepcionante. E não me refiro a chegar ao ponto da amizade delas se tornar um romance nem nada assim, mas a demonstrar o mínimo de solidez para que situações como a desse episódio não ocorram de novo. A “fraqueza” da Shimamura ao não conseguir fazer nada para se reaproximar da Adachi (e tudo isso enquanto lembrava dela em pequenos detalhes) não é o mesmo que a “fraqueza” da Adachi ao não conseguir transmitir seus sentimentos corretamente, mas ambas mostraram como ainda é algo frágil.

O relacionamento das duas é algo frágil; precisa de carinho, de cuidado, de proatividade de uma delas no momento em que a outra não age. Se fazendo compreensível que a expectativa fosse meio que quebrada e a Adachi que agisse dessa vez, porque a Shimamura parecia a deriva, mas, de forma aberrante, infeliz com sua situação, com as interações desinteressantes com as “amigas” e a falta que a Shimamura lhe fazia. Esse foi o tipo de episódio que deixou claro o quanto elas têm dificuldades de fazer essa amizade ir para frente, mas a Shimamura não parece ainda pior?

Repito, é inegável que elas mudaram, que melhoraram em relação ao que eram no começo, mas a Shimamura parece alguém mais difícil de se atingir para valer, de se entregar, enquanto o problema da Adachi não é exatamente esse, mas de conseguir comunicar seus sentimentos e daí se fazer uma presença importante (e que ela reconheça como tal) na vida da pessoa. Voltando os dois pés um pouco mais ao chão, não foi tão fofo, quanto triste, ver a Shimamura se lembrando toda hora da Adachi em seu encontro com a Tarumi? Tem como não ver a falta que ela faz?

Fiquei com a impressão de que mesmo conseguindo se aproximar um pouquinho da Tarumi, ainda assim, a distância entre as duas ainda fazia quarteirões, enquanto com a Adachi a Shimamura não consegue se afastar tanto; ela está na conversa, tem interesse e se deixa cativar como a Tarumi e nem qualquer outra pessoa conseguiu fazer, e nem vai. Porque a Adachi é alguém muito especial para ela, alguém diferente, alguém que ela gosta. O romance possível, esperado, é outra questão, mas certamente a Adachi ser alguém “única” para ela facilita demais para isso…

Por fim, a Tarumi foi embora satisfeita com a promessa de que as duas voltariam a ser amigas de novo, a Yashiro apareceu e deu uma ajudinha ao aliviar a crise de identidade pertinente da Shimamura e se tem uma coisa que a prévia indica é de que ou o drama vai voltar com tudo até o final do penúltimo episódio ou vai rolar algo muito bom para fazer a Adachi chorar de felicidade. Aposto todas as minhas fichas no primeiro, é óbvio que é o que vai acontecer, mas não menosprezo o final desse episódio. Que foi lindo e, felizmente, mostrou a Shimamura sendo “salva”.

Porque foi isso que o chamado da Adachi representou, o resgate da Shimamura perdida em sua covardia e em seu medo. A covardia de tomar uma atitude para se reaproximar da amiga querida, o medo de fazer isso e se jogar de cabeça em uma relação na qual tanto ela pode magoar sua amiga, quanto pode sair magoada no final. Porque nas entrelinhas deu para entender que o temor dela também é por ela, em se descobrir alguém que consegue ser mais do que a garota das amizades por conveniência, cujo coração de pedra a Adachi está doidinha para destroçar…

Até a próxima!

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