Sério que tem quem não saiba da Setsuna? Sério, mas nem vou reclamar disso não, pois ao mesmo tempo em que é irrelevante, proporcionou algo de inusitado/cômico nas reuniões com o conselho estudantil. Foi impagável ver a Setsuna suando frio em algumas cenas, mas, é claro, o grande destaque foi o conflito nascido da possessividade da Ayumu. Se Love Live! já é uma franquia yuri bait por natureza, esse episódio botou mais lenha na fogueira. É hora de Idol Drama no Anime21!

A busca pelo local para sediar o festival desembocou em algo que achei bacana e posso comentar logo mesmo tendo ocorrido só mais para o final do episódio. Não mostraram vários espaços à toa, eles serão aproveitados no festival, um evento visando agradar o público de várias alas da cidade, com variados perfis e níveis de envolvimento com a indústria idol. Em si a ideia de descentralização é muito boa, só imagino o trabalhão que ela vai dar.

Como esses detalhes são deixados de lado não vou me ater a isso e sim a um detalhe bem suave, mas que confesso não me agradar muito, que é o sono da Kanata. O episódio dela explicou o motivo para ela dormir tanto e mostrou uma saída para amenizar o cansaço da garota, mas o excesso de vezes em que ela aparece dormindo indicam que não está adiantando. Melhor, indicam a falta de preocupação em fazer sentido, mas perder o clichê. Bola fora.

É outra coisa irrelevante, eu sei, mas ela precisa mesmo parecer um zumbi ambulante? Tenho achado isso pior que a Hanamaru do Sunshine!! com a sua comilança. Enfim, queria adiantar um comentário que vou desenvolver mais para o final do artigo e este é como gostei dos momentinhos em que a Ayumu aparece descontente ao longo do episódio, com direito a uns “adornos” bacanas e tudo, pois diferente do clichê com a Kanata, esse faz sentido ocorrer.

Mas antes de falar de coisa séria tenho efemérides a comentar e não posso dizer que não gostei de ver a Karin jogando charme para a fã na maior naturalidade. Se a Emma estivesse na reunião com as outras escolas acho que teríamos um segundo drama envolvendo casais. Digo, amigas. Além disso, a Kasumeme Box foi o tipo de ideia criativa e, por incrível que pareça, útil que só uma pentelha bem intencionada, ainda que bem narcisista também, poderia pensar.

E não foi só ela que ajudou não, pois a Rina criou até um site, demonstrando determinação em fazer o que estivesse ao seu alcance pelo sucesso do festival, mas não só isso, ela também demonstrou coragem para tomar uma decisão que, por mais que a gente soubesse que não atrapalharia, poderia pegar mal, como se as garotas do clube de idols já estivessem dando o okay ao evento como favas contadas sem ter entregue um plano decente para sua realização.

Menos mal que a recepção a ideia foi boa, ela só não foi aprovada de cara por estar muito crua. Aliás, há de se observar também o claro conflito de interesses da situação, pois a Setsuna ao mesmo tempo em que era a presidente do clube, também era a presidente do conselho. O legal é que ninguém do conselho percebe que não existe uma aluna com o nome de Setsuna Yuki e nem que a aparência dela é a mesma da chefe. Setsuna é o Clark Kent mais moe de todos os tempos.

Falando sério agora, menos mal que a constante e ponderada interferência daquela que parece ser a braço direito da Setsuna varreu para debaixo do tapete qualquer espírito de marmelada que a aprovação do projeto pudesse ter. Ela ter virado fã justamente da chefinha foi uma zoeirinha das mais safadas, mas, repito, irrelevante. Todo o desenrolar da situação apresentou quase que o máximo de seriedade que dava para esperar dessa situação dado o que é o anime.

Aliás, a Kasumeme Box ajudou nisso, né, no que até me fez voltar a atenção para um ponto que já havia abordado em outros artigos, mas me incomodou ainda mais nesse pelo contraste entre o conflito real no caso das amigas de infância (quer esse conflito pareça forçado ou não e eu nem acho que parece exatamente) e a falta de conflito, de adversidades, no caso do evento. Quando a direção e o roteiro querem eles conseguem fazer algo razoável a respeito disso.

A ausência de conflito real em grande parte do anime é perceptível quando você chega na reta final e todo mundo que era para estar no grupo está, planejam fazer um festival com tudo indicando que vai dar certo e o drama mais pungente até agora é o da Ayumu com a Yuu. Por exemplo, a essa altura no Sunshine!! o drama estava rolando solto e no geral o anime todo foi uma peleja até que as nove se unissem e começassem a trabalhar como um grupo.

Essa facilidade com a qual as coisas acontecem, com a qual problemas surgem e rapidamente se resolvem, mina o potencial dessa temporada, e nem há elementos cômicos suficientes para dar uma compensada. É por isso que não consigo evitar de comparar com o Sunshine!!, que tinha mais comédia, drama e dificuldades reais, que o público poderia saber que se resolveriam, mas também sabia que não seria facilmente. Aliás, nem todas se resolveram, né. E isso foi bom, de alguma forma.

Acho isso ainda mais uma pena quando o lance da Ayumu sentindo ciúmes da Yuu acaba sendo bem trabalhado, seja com os momentos em que a Ayumu parece bastante descontente (em um misto de tristeza e raiva mesmo) ou com a conversa dela com a Setsuna em que a otaku fala demais sem saber e sem escolher as melhores palavras, piorando a situação sem querer. Além disso, a simbologia que remete a amizade das duas e a possessividade da Yuu também ficou excelente.

A construção do conflito nos detalhes passou bem a ideia de como a Ayumu está incomodada com toda a atenção que a Yuu tem dado as outras idols, quando ela queria essa atenção toda para si. E não é só isso, há coisas sobre a amiga que ela não sabia e isso também a chateia quando ela descobre, trazendo esse tom de “traição” que não é real, mais um maniqueísmo da direção e um reflexo de toda a possessividade da protagonista.

E não estou reclamando da situação ser pintada assim, pelo contrário, o público deseja esse tipo de conflito, mais ou menos como o que ocorre entre as secundaristas no Sunshine!!, a diferença é que a abordagem dá uma ideia de menor intimidade entre as garotas do que havia lá (pelo quanto aquela que se “intromete” na relação das amigas de infância), o que justifica ainda menos a caracterização da Ayumu, ela pareceu uma yandere no clímax desse episódio.

Mas, ainda assim, gostei do episódio, diria que ele pecou no que poderia e costuma pecar e acertou em coisas que não costuma acertar, afinal, repito, houve até conflito para apimentar as coisas. O que está em curso envolve duas personagens e, sinceramente, deve se resolver bem, não tem motivo para ter maiores desdobramentos, além de que se a Yuu conversar direitinho com a Ayumu quem sabe ela possa entender que não vai perder a melhor amiga mesmo se uma não olhar só para a outra.

Por fim, toda a caracterização, a atuação de voz e a atenção aos detalhes no trecho final me conquistaram. E aqueles pés da Ayumu quase que sufocando o da Yuu foi uma excelente simbologia desse amor possessivo que a Ayumu sente pela amiga, ate inesperado se pensarmos no quão boazinha e comum ela aparentava ser. Até por isso gosto desse conflito, ela fez as personagens saírem dessa coisa sem graça de ser boazinha e falar coisas boazinhas e blá blá blá…

Nesse anime isso está demais, às vezes falta originalidade as personagens, personalidade mesmo, opiniões diversas e características únicas. É por isso que gosto tanto da Karin, que segue menos esse padrãozinho e, tirando a contribuição que dá para a comédia, sinto falta disso na Setsuna. O lado otaku dela poderia ser mais explorado e auxiliar nesse aspecto, porque esse lenga-lenga de tudo dar certo fácil e todas serem amiguinhas cansa sem variações. Faltava conflito, agora não falta mais.

Até a próxima!

Nos detalhes percebemos como as personagens se sentem

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