Todo mundo que vê o anime sabe que a falta de confiança da Adachi é um de seus maiores problemas. Aliás, ficou evidente pela forma como fugiu que foi isso que a acometeu ao ver outras pessoas se aproximando da Shimamura no início do segundo ano.

Sendo assim, nada mais natural que nesse episódio víssemos como ela lidou com a situação, assim como seus desdobramentos, os quais apontam para um final de anime bom, mas talvez aquém de algumas expectativas.

Eu diria que a prévia me animou, mas sei que não devo esperar nada muito fora da curva nessa reta final. É hora de Adachi to Shimamura no Anime21!

O encontro aparentemente aleatório com a Tarumi vai ser aproveitado episódio que vem ou só serviu para levar a Adachi a pensar em também ter um adereço combinando com a Shimamura? Não sei, mas só eu tive a impressão de que a Shimamura não explicou em detalhes por que não queria ver a Adachi bolada?

E nem acho que ela mandou mal não, era algo que não precisava necessariamente contar, até por saber como a Adachi é insegura e a natureza do objeto ser o fortalecimento de outra amizade. Diferente da que tem com a Adachi, mas diferente quanto? O suficiente para “se jogar de cabeça” com a Adachi? Veremos…

O fato é que a Adachi estava toda chorosa, se comportando como o bichinho de estimação calamitoso ao qual se comparou, e a faltava ajuda para fazer alguma coisa.

Contudo, não se deixe enganar pela ideia de que a Adachi só agiria com um empurrãozinho, só de querer agir isso foi o que a levou a cruzar com a vidente e ganhar motivação a partir dali. Antes de mais nada a pessoa precisa querer cruzar uma linha e ela quis.

Isso exige força mental, força de vontade, a diferença é que o último empurrão antes de agir não vem somente dela, pois é o tipo de pessoa que busca esse apoio externo para só assim fazer alguma coisa.

Se chegar o dia em que a Adachi não precisar se agarrar a coisas aleatórias (como foi com a vidente televisiva no caso do Dia dos Namorados) para se motivar a fazer coisas que envolvam seus sentimentos é sinal de que terá amadurecido demais, mas ainda não é o caso, isso é um processo e ao menos ela já passou do ponto em que sequer buscava ajuda, apenas fugia.

Aliás, a ajuda que recebeu não poderia ter vindo em melhor hora, pois ela quebrou o clima melancólico que tomava conta do anime até ali e trouxe uma comicidade nem mais tão inusitada assim, mas certamente legal, ao ponto de conciliar o útil ao agradável sem forçar a barra.

Porque a Adachi precisava ser mais corajosa mesmo e ela é o tipo de pessoa que quando está “pensando” mais com o coração se deixa levar com facilidade por circunstâncias e pessoas “peculiares”, para dizer o mínimo.

Isso traz um tom cômico bem gostoso ao anime, que flerta um pouco com o absurdo, mas ao mesmo tempo também diz mais ou menos exatamente o que ela precisa fazer, lhe indica o caminho.

Para alguém que tem sim o desejo de mudar, mas falta força, ter esse empurrãozinho é bem válido, tanto é que na base da insistência ela compra a ideia que a vidente vende e se encoraja a agir, ao menos em teoria, sempre na teoria…

E isso foi outra coisa que eu também adorei, pois a Adachi é o tipo de garota difícil o suficiente para não conseguir agir mesmo após pagar mico no shopping, mas fazer isso após ser tocada por um livro. No fim, os dois momentos se complementaram e ela foi tocada pela compreensão de que se não fizesse nada seria ela a sofrer.

Ademais, de maneira meio diferente não foi a interação com pessoas diferentes o que levou a Adachi, mas também a Shimamura, a perceber certas coisas, e coisas importantes, sobre a relação que tem uma com a outra? A Shimamura com a Tarumi e a Adachi com a terceiranista leitora, que pode não ter deixado o livro premeditadamente, mas indiretamente ajudou muito.

Enfim, o início simbólico da Adachi no segundo ano veio quando ela aceitou que precisava tomar uma atitude ou não conseguiria nem ao menos manter a única amiga que queria ter no segundo ano (aliás, para a vida toda), o que faz ainda mais sentido com o que a Shimamura pensa sobre ainda não ter ouvido a voz da garota na sala de aula.

É como se até ali a Adachi não tivesse existido para ninguém além da Shimamura (aliás, talvez nem mesmo para ela) e até por isso tenha fugido quando poderia ter se aproximado. Se a Shimamura errou ao se manter na inércia, a Adachi também errou ao não dar a si o devido valor que tinha. E algum ela deveria ter para a Shimamura, né.

Por mais que a Adachi fosse insegura e não se desse muito crédito ela se perdeu um pouco ao achar que não teria lugar na vida da Shimamura por causa das amizades artificiais dela. Sendo assim, afirmo que a culpa pela situação ter tido esse desenrolar tão tosco foi de ambas. Qualquer uma delas poderia ter dado o primeiro passo.

Aliás, seria demais ver as duas dando esse passo na mesma hora. Um dia isso talvez aconteça, por ora o que aconteceu foi mais momentos fofos entre elas e a sinceridade da Adachi quanto ao que a incomodava e a fez se afastar, precisando daquele abraço para ter a certeza de que o laço entre as duas não havia se rompido, talvez nem mesmo enfraquecido, após esse “estranhamento”.

O rostinho envergonhado da Adachi foi tudo de bom, mas também destaco a preocupação e dedicação da Shimamura em não ficar ocupada na hora que a Adachi disse que a ligaria, reforçando o que estamos carecas de saber, que uma se preocupa e gosta demais da outra, só tem formas diferentes de externar isso, afinal, são pessoas diferentes mesmo tendo suas semelhanças.

Tanto é que isso é algo notado pela Shimamura, que se surpreende com o choro de alívio e compreensão da Adachi, de compreensão do próprio valor que tem, e se alerta sobre a natureza do caminho que a amiga decidiu trilhar, denotando um questionamento sobre qual caminho ela quer seguir.

É como se, tentando pôr de uma forma simples, a Shimamura fosse ainda mais difícil de se entregar que a Adachi, apesar de ser aparentemente mais acessível. É só aparência mesmo, pois no fim das contas a Shimamura ainda é capaz de manter relacionamentos artificiais pelo quão pouco significativos os relacionamentos são para ela no geral.

Enquanto a Adachi não, ela tem extrema dificuldade em se relacionar porque cultiva os relacionamentos que têm (ou ao menos esse com a pessoa especial para ela que é a Shimamura) com todo o coração. É perturbador pôr a situação dessa forma, mas não faz sentido? Nem capaz de se entregar ao menos a uma pessoa a Shimamura é.

E quando escrevo “se entregar” não me refiro a nada romântico, mas a essa ideia de ter essa amizade exclusiva, ou se não tanto, de ter essa amizade preponderante, mais forte, única. Porque é isso que a Adachi quer ser para a Shimamura, única, resta saber o que a Shimamura quer ser para a Adachi e eu imagino que a resposta não seja exatamente igual, mas certamente parecida.

A Shimamura não vai se afastar da Tarumi nem nada disso, não precisa, basta que ela se permita correr o risco de se machucar e até de machucar a outra pessoa especial para ela. E machucar não significa necessariamente algo ruim, sabe, ao menos não se você já leu ou viu A Culpa é das Estrelas…

Digo, basta que ela se permita ser frágil com a Adachi, não precisa da exclusividade que a Adachi quer dedicar a ela, mas a cumplicidade para ir em frente em uma relação que não seja mais suscetível a momentos de total “dispersão” como foi o do afastamento das duas.

A Adachi quer a Shimamura por inteiro até por estar apaixonada por ela e acho que um episódio é muito pouco para o lado romântico do relacionamento das duas aflorar completamente, então precisamos compreender que o romance não vai ser o fim da jornada do anime e que mesmo que a Shimamura decida por “se entregar” a Adachi, não será de forma espelhada, porque, repito, duas pessoas podem ser parecidas, mas não são iguais, nunca.

Por fim, a prévia indica um final feliz com direito a banho chique da casa da Hino? Foi o que me pareceu e como nada me fez suspeitar de mais drama, ao menos nada muito complexo ou doloroso, espero que a Shimamura se aproxime mais da Adachi e, mesmo que não encontre, que não defina a sua resposta, seja capaz de amadurecer sua relação com ela.

É claro, depende também da Adachi, mas depois de tanto chororó ao se dar conta de que tem valor, acho ruim ela largar o osso. Digo, não faria sentido (e nem dá mais tempo) que as duas sofressem com um ruído outra vez, além do público merecer um final feliz e fofo, quer ele encontre o romance ou não, pois o mais importante é as duas terminarem bem, bem felizes.

Até a próxima!

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