A tão aguardada segunda temporada de Beastars finalmente estreou. E logo de cara nos encheu de dúvidas e muita curiosidade. Um excelente começo de uma trama que tem muitas direções promissoras para seguir.

Mas antes de continuar gostaria de relembrar um pouco da temporada anterior. Ela já se inicia com um assassinato brutal, criando um suspense e até mesmo certo mistério. Mas nem para um lado e nem para o outro a temporada tendeu. O anime foi de fato um drama, apresentado os problemas e questionamentos de seus personagens enquanto aprofundava suas camadas psicológicas. Isso tudo sem esquecer de trabalhar e apresentar todas as problemáticas de seu assunto principal: a relação entre os carnívoros e os herbívoros.

Confesso que o anime não conseguiu me cativar, mas não ouso negar as suas diversas qualidades. Ele acerta em cheio em sua forma de guiar essa trama e desenvolver os seus personagens. Apenas a parte final da temporada é que considero péssima. É detestável a forma como um anime de drama com pitadas de slice of life de uma hora para outra se transformou num anime de ação, com direito a socos e tiros para todos os lados. E o trailer dessa temporada me preocupa que a obra escale ainda mais para esse lado.

Mas uma vez relembrado o que foi a temporada passada é importante se perguntar o que será dessa nova. Uma das coisas que me incomodavam na temporada anterior era como o assassinato do Tem mesmo com toda a importância recebida não impactava em nada a história. E todas as vezes que esse acontecimento era relembrado ele de forma alguma era aprofundado.

O assassinato não foi um centralizador da trama, essa que se sustentou na dicotomia carnívoro-herbívoro e no seu trio principal de personagens. Sobretudo na forma como eles lidavam com a imagem que os outros tinham deles e ao mesmo tempo com seus próprios pensamentos e desejos reprimidos.

Uma coisa que a obra ainda tem muito para nos mostrar é sobre o romance entre o Legoshi e a Haru. Nesse episódio ficou claro que ainda há muita estrada para a concretização desse casal. E falando em casal a Juno parece não ter saído da jogada, pelo menos ela continua interessado em nosso lobo garanhão. Que já está bem feliz com a Haru apenas. Se o romance for bem construído (como até então vem sendo) tem tudo para ser de extrema importância para o desenvolvimento do Legoshi e da Haru como personagens.

O último do trio que ainda falta citar é o tão carismático Louis. Depois de meses desaparecido ele retorna como se estivesse a passeio para depois apenas ir embora outra vez. Ao que tudo indica, em definitivo. Assim como definitivamente ele está tramando algo.

Enfim, todas as pessoas que o conheciam ficam confusas, até mesmo o Legoshi. Porém, ele é um dos poucos capazes de o compreender. E o porquê disso? É porque ambos escondem e reprimem algo dentro de si mesmos. Essa foi a grande problemática de toda a primeira temporada. Já dessa segunda, ao que tudo indica, será em como lidar com esse lado sombrio capaz tanto de fortalece-los como de devora-los por dentro.

Esse episódio rodou em torno de relatos sobre diversos olhos e uma presença ameaçadora que eram observados nos corredores apertados e escuros da Escola Cherryton. Na prática nem fazer mistério nem suspense foi o objetivo da obra. Ninguém vai reclamar de ter feito, mas o que me agradou foi como isso tudo foi útil. O anime trabalhou a chegada dessa nova criatura o episódio inteiro, para apenas no final a revelar.

A grande sacada é que inserir um novo personagem como esse que nos apresentou, assim do nada, seria muito estranho e por isso mesmo é esperto ter o trabalho de nos distrair com todo o mistério e suspense enquanto não percebemos que um personagem foi completamente tirado da cartola. Exato, como que num passe de mágica.

E o animal que saiu dessa cartola com toda certeza não foi um pequeno coelho. Não vou fazer suspense, só de ver a silhueta já fica claro que criatura é aquela. Além de que ela apareceu no trailer, então se tiver alguma dúvida e quiser saber mais você sabe aonde ir atrás.

Uma das coisas que me encantaram em Beastars, mesmo antes de seu lançamento, foi a sua animação. Apenas ao ver um CG tão bem trabalhado o anime já conseguiu conquistar a minha atenção. Não é apenas “aceitável” mas realmente um dos pontos positivos do anime. É algo que dá gosto de ver, tanto por em muitos momentos ser capaz de mostrar de fato uma grande beleza visual assim como diversas cenas de movimentações que são um colírio para os olhos.

A direção também continua muito boa, nada a reclamar desse ponto. Agora, algo a se destacar foi a sua unidade narrativa. Fui dar uma lida nos capítulos adaptados pelo anime e acabei lendo muito mais do que esperava. O anime soube recortar e mover diversas cenas e diálogos, trocando-os de lugares e criando uma trama com coesão própria. Acredito ter sido uma excelente escolha.

Excelente também é a abertura “Kaibutsu” do grupo YOASOBI que combinou muito com a obra, além de ter uma parte visual muito bem trabalhada. Ela é tão boa que tivemos o prazer de ouvi-la duas vezes em um único episódio. Já o encerramento ainda não nos foi mostrado. E falando em encerramento, eu encerro por aqui. Até mais.

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