Quem diria que um episódio voltado as eleições conseguiria se tornar decentemente bom? Eu não esperava e fico feliz de me surpreender com isso. Ele veio carregando a importante missão de sustentar o desenvolvimento da Rayneshia e faz isso muito bem, graças a elementos que são próprios do nosso cotidiano enquanto cidadãos. A batalha parece difícil, mas será que a princesa pode virar a mesa e surpreender com seus aliados?

Desde que chegou a rainha é alguém que desperta a minha curiosidade, justamente para que através dela eu conseguisse entender as circunstâncias de sua filha. Como a nobre eficaz que é, tentei perceber que influência a sua força teria na personalidade da menina e me espantei ao ver como as duas são tão parecidas – mesmo seguindo caminhos diferentes.

Ainda que não deixasse a princesa se candidatar – no que eu pensava se tratar da mera mente fechada de uma nobre -, a regente tinha razões plausíveis, porém acima de tudo pessoais, uma vez que estava vendo seu passado se repetir e se sentia dividida pelo que defender naquele instante.

Apesar de poderem deter títulos, influência diplomática e uma confortável posição, as mulheres não tinham poder de decisão propriamente dito, algo similar ao nosso sistema medieval, onde o lado feminino da realeza detinha poder para muito, porém nada que determinasse uma decisão acima do líder homem – que aqui em Akiba eu penso se tratar do pai da Rayneshia ou do seu avô.

A rainha parece uma mulher dura, mas gosto de como lá no fundo ela impulsiona a filha para frente, já que da sua maneira a induz a fazer uso de sua forte personalidade a seu favor, mostrando que uma mulher pode sim fazer a diferença com sua inteligência e capacidade. Infelizmente quando teve sua chance de mostrar o que queria, ela recuou pela natureza da situação, enquanto agora sua herdeira quer passar por cima do próprio destino e reescrevê-lo.

Acredito que talvez a maior diferença entre ambas aqui, seja o fato de que a mãe em algum ponto se conformou com tudo e apenas procurou continuar com as armas que seu status lhe deu, assim como a própria Rayneshia apontou. Por sinal achei ótima essa parte do diálogo entre as duas, porque era exatamente o que eu estava pensando enquanto assistia uma falar e depois a outra vem, para complementar toda a linha de pensamento que tive.

Falando algo mais geral sobre o episódio, esse arco está especialmente parado e acredito eu que esse fator possa afastar muitas pessoas que esperavam por algumas lutas como aconteceu nas temporadas anteriores. Pessoalmente isso não me incomoda, inclusive porque em Log existe uma métrica muito clara de acompanhar as várias etapas dessa vivência no outro mundo conforme elas aparecem, seja na base da conversa ou da luta – o que no caso atual é a primeira.

Aqui especialmente houveram muitos diálogos, mas senti que o episódio passou bem rapidinho, justamente por cumprir um importante papel – que é dar mais desenvolvimento a princesa -, sem ficar esticando muita coisa que no final não leva a mudança nenhuma. Tudo o que aconteceu, visava impulsionar a determinação da moça em tentar avançar, estabelecer sua independência e no fim foi isso que vimos.

Outra coisa que me chamou atenção, é como a obra segue seu curso enquanto ainda dá pequenas lições acerca da cidadania, mostrando a importância de se entender qual o seu papel na sociedade, e como ajudar na política do local onde se vive. Claro que não existe nada muito rebuscado, contudo a sutileza da obra em pincelar isso, deixa claro a intenção desse tema ao aparecer aqui.

Curiosamente eu gosto do modo como o anime procura se aproxima da realidade nos mínimos detalhes, até quando se trata das estratégias individuais de cada candidato. Rayneshia até então aposta no carisma que conquistou junto a muitas pessoas, graças ao bom trabalho que estava fazendo – como parte da família Cowen -, mesmo antes de se candidatar oficialmente.

Por outro lado o Eins representa os políticos que preferem apostar no suborno, já que não tem muita influência por conta de sua incompetência natural e ideias sem fundamento. Até ri um pouco quando vi como ele pretendia conquistar o povo da terra, através da sua pobreza e necessidade – o que é extremamente comum e tragicamente cômico na nossa realidade.

Como era de se esperar, a sociedade arcaica limita bastante o que a princesa pode alcançar, por conta das convenções próprias de seu sistema, o que como eu disse, é compreensível pela forma como se vive ali.

No entanto para minha surpresa, ainda que tenha forte influência em Akiba, por conta desses mesmos fatores sociais e pelo apoio econômico que proporcionam, a família Saiguu tampouco tem tanto poder em suas terras, daí a necessidade de tentar ganhar se aliando ao Eins, para também suprimir o senado de Westelande.

Aqui entra aquilo que falei de Westelande supostamente abrigar o Povo da Terra como parte do governo, quando não é assim. Independente de afirmarem que existe um apoio aos NPCs os incluindo na política local, fica claro que tudo é muito limitado uma vez que aqueles que deveriam ser parte óbvia disso, sequer podem opinar, sagrando um sistema disfuncional e decadente que nunca daria certo.

Tenho até uma certa pena do Eins, porque embora ele tenha suas virtudes, ele é o famoso ingênuo que tem boas intenções e não consegue tirar nenhuma delas do papel, por falta de sabedoria e desespero – o que sinceramente acho difícil de mudar, seja lá quem estiver do seu lado.

Mesmo que o Shiroe pudesse ser um bom assessor para ele, acredito que ainda haveriam problemas, porque ele não é muito receptivo e no final a última palavra sempre é a dele. Caso fosse mais flexível e calmo, ele certamente poderia contribuir bastante para o crescimento de todos ali, assim como tenta propor.

Como eu já pontuei, o que dá ao Governo de Akiba sua atual vantagem na liderança das eleições, é a influência dos Saiguu e as regras daquela sociedade, então me pergunto como o jogo poderia virar, porque até agora a Mesa Redonda não apostou em nada que se destacasse quanto a campanha dos adversários.

Para não dizer que não houve esforço deles – e na tentativa de dar leveza a essa competição tão séria e importante -, eu confesso que ri bastante dos momentos em que as meninas apelaram para seus truques, especialmente a Tetora e a Akatsuki que foram as donas da comédia com suas bocas de urna nada convencionais.

De todo modo as campanhas estão em andamento e o episódio seguinte promete encerrar essa saga com chave de ouro e entregar o novo governante de Akiba, que com fé espero ser a Rayneshia. Mas e vocês, em quem apostam? Qual será o destino desse pessoal?

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