Otome no Itari é um one-shot de Io Sakisaka (Ao Haru Ride, Strobe Edge e Omoi, Omoware, Furi, Furare) lançado na revista Bessatsu Margaret.

Desde que entrou no colegial Kohane presta atenção no solitário Kiryu que não conversa com ninguém da sala e sempre se isola. Um dia ela o segue e vai parar na biblioteca, passando a conhecer mais o garoto a partir daquele ponto.

E não é que gostei das obras da Io Sakisaka (mesmo que não tenha gostado tanto de Sakura, Saku)? Na verdade, o caso é que achei esse one-shot excelente e não conseguiria deixar de escrever sobre ele aqui.

Será que a Sakisaka sofre da síndrome da história curta que afeta alguns autores que se dão melhor com histórias curtas que com histórias longas? Não sei, mas olha…

A autora nem mudou muito as características visuais entre as obras, o que me pegou é que achei o traço um pouco mais consistente nesse one-shot (talvez por ser apenas um capítulo, né?) e posso até estar enganado, mas percebi mais cenários nas cenas.

De toda forma, o que importa mesmo aqui é a história, que é simples, mas ao mesmo tempo bem consistente por causa da interação entre os protagonistas com suas personalidades distintas que acabam se atraindo. É o clichê de opostos que se atraem que aqui funcionou perfeitamente.

Enquanto Koharu é uma garota que se preocupa demais com o que os outros pensam dela, Kiryu não liga para os maldosos comentários alheios em torna de sua figura solitária e prefere mergulhar nos livros, mas ao mesmo tempo não é como se fosse incapaz de fazer um amigo.

Isso é trabalhado de maneira muito bacana porque os dois acabam primeiro se aproximando antes de surgir o sentimento e ele surge muito devido a ótima interação que têm juntos, uma amizade que surge em uma conversa madura que vai despindo alguns preconceitos da garota.

Kiryu é isolado socialmente, mas não tem aversão a se relacionar com outras pessoas, a diferença é que ele não sente exatamente a necessidade de se agitar socialmente como é comum aos adolescentes, não à toa se aproxima de Kohane sem restrições, sendo muito bacana até ao criticá-la.

A gente tem a mania de ligar crítica a algo negativo, mas não é bem assim, né. Digo, a abordagem é importante para viabilizar um entendimento da opinião alheia e uma reflexão sobre o aspecto sendo discutido. Kiryu se faz entender e consegue tocar Kohane com suas palavras.

Enfim, a ideia de indicar o livro favorito para a garota também foi muito boa por se tratar de algo que diz muito sobre uma pessoa, ao menos uma que goste muito de ler, facilitando assim a conexão dos dois independentemente se a Kohane gostasse ou não da obra.

Mas claro, ela ter gostado e dizer que o livro lembrava ele ajudou muito a facilitar o que normalmente demora meses ou anos em um mangá (quer ele seja shoujo ou não) para acontecer, a declaração do interesse amoroso. Ser one-shot realmente fez um bem danado a essa história…

Imagino que foi até por isso que o protagonista não foi denso, afinal, percebeu rapidamente a pista que a garota deu ao conversarem e a procurou para saber mais mesmo com ela o evitando. Esse lance de evitar a pessoa é muito coisa de shoujo mesmo que até role na vida real.

O importante é que o pré-clímax foi bem bacana pela objetividade e sinceridade do garoto e a falta de reação da heroína, a qual a fez ver a necessidade de mudar um pouco seu jeito de ser e se impor quanto aquilo que gostaria de fazer ou não.

Conversar com Kiryu fez Kohane se entender um pouco melhor e não foram só as conversas entre os dois que a impeliram a mudar, mas a situação constrangedora em que as amigas dela se envolveram e ela se conteve pelo que elas iriam pensar.

Kohane estava deixando de aproveitar sua vida por medo de decepcionar as pessoas, mas ela precisava aceitar que por mais que fosse gentil uma hora ela decepcionaria alguém por mais que gostasse da pessoa, o que vale para a mãe, mas também pode valer para o Kiryu, né.

Afinal, após aquela bela cena em que se deu a entender que eles se beijariam (e se beijaram, né?), os dois se declararam e se acertaram, então após tudo o que passaram imagino que em algum momento a Kohane fale um “não” para ele independentemente disso desagradá-lo ou não.

Acho importante passar para as garotas a mensagem de que elas não devem agir apenas para agradar outras pessoas quem quer que elas sejam e isso não significa que não se é gentil, só que se tem que ser gentil consigo primeiro, coisa que a Kohane percebeu com o Kiryu.

Aliás, o Kiryu não é só bonitão, mas tem muita personalidade, o que contrastou um pouco com a Kohane que estava meio incerta quanto a sua. Ainda assim, os dois formaram um par muito fofinho que se aproximou e se entendeu de maneira muito natural e positiva.

Por fim, amei esse one-shot, para apenas um capítulo a coisa foi muito bem pensada e executada, teve até beijo charmoso (não custava mostrar, mas não mostrar também não foi nenhum demérito), tanto que consegui gostar dos personagens, mas principalmente do que os cercava.

Io Sakisaka se redimiu comigo depois do mediano Sakura, Saku e posso até ter me empolgado na nota, mas é sério, não tenho o que reclamar desse mangá. Se ainda não o leu, pode ler e depois vir me cobrar aqui se não curtir também hehe.

Até a próxima!

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