Outro belo episódio com muita coisa acontecendo e com muitas tribulações. Mas nada se compara ao seu final e o quão inesperado ele foi. Surpreso com as surpresas? Não deveria, pois isso é Shingeki no Kyojin.

O anime encontrou uma boa justificativa para explicar como o vilarejo de Ragako, de uma hora para outra, teve todos os seus moradores transformados em titãs. E não apenas isso, como essa explicação se conectou com as revelações desse episódio e cujas consequências ainda nem mesmo vimos.

Se você tem uma boa memória acompanhada de um olhar atento logo conectou aquele vinho com diversas cenas que apareceram nos últimos episódios. Cenas essas que o anime não fez a menor questão de esconder. Porém, mesmo sabendo disso ainda fica a incógnita sobre qual será a utilidade desse trunfo. O problema não é encontrar as utilidades mas sim imaginar qual são os planos dos irmãos Yeager.

É por isso que o final desse episódio foi tão interessante, já que não temos a menor ideia do que irá acontecer. Aliás, mesmo sem nenhuma cena de ação, grande cena dramática, aprofundamento na história, ou qualquer outra coisa chamativa, esse episódio ainda foi muito bom. Seu ritmo, seu clima, suas revelações que atiçam a nossa curiosidade e o excelente trabalho de direção tornaram esse episódio um dos melhores da temporada.

E novamente o anime soube elaborar as suas discussões. Para a minha surpresa seu ponto alto foi protagonizado pelo pai da Sasha. Sendo claro, na sua decisão de não assassinar uma criança. Por que motivo ele não fez isso? Porque isso seria assassinar uma criança. Ele não fez isso por isso ser isso. Muito óbvio e redundante para o meu gosto, mas essa é a resposta. E nada mais é do que o bom senso de um homem do campo.

Ele não tem no que se apoiar para cometer tal crime, ele não tem uma ideia ou uma justificativa. Ele é diferente da Gabi que nasceu e foi criada numa sociedade que a odiava e que a ensinou a odiar. E como ele mesmo disse, ele sabe que o mundo é uma grande floresta que sempre pode tirar algo de você. Claro, o pai da Sasha poderia querer vingança pela sua filha, mas se tornar um assassino, ainda mais de crianças, é um preço muito caro a se pagar.

A discussão de Shingeki está repleta de problemáticas, seja em algo menor como a história de uma menina da floresta e uma pequena guerreira de uma nação distante ou na história de um povo discriminado por todos e de outro que foi de povo oprimido para povo opressor. Talvez a reposta do pai da Sasha seja válida para ambos, em certo sentidos de fato é, mas são situações diferentes e isso não pode ser perdido de vista.

Talvez esse seja o papel da Gabi nessa história, muito mais do que apenas nos lembrar do antigo Eren, é diferenciar entre a história de um povo e a história de um indivíduo. Foi ela com as suas mãos quem assassinou a Sasha, que não era um demônio mas apenas uma pessoa. Uma pessoa com uma história, vários amigos e que também tinha uma família, assim como a própria Gabi. É importante que ela tenha conhecido essas pessoas, visto as suas faces e visto as lágrimas em seus olhos. E sentir a culpa pelo que fez. Pelo que ela fez.

Muito interessante observar as opiniões das pessoas sobre as coisas que estão acontecendo. O já tão conhecido ódio com a Gabi certamente é o auge. Ainda mais interessante quando esse sentimento contradiz muito do que o próprio anime busca nos dizer. Mas acho que de forma alguma isso é um problema. Primeiro, pois apenas mostra como a necessidade da discussão é real. Segundo, pois nada obriga o espectador a ter a mesma opinião que o autor ou que os personagens.

Até porque os próprios personagens divergem entre si e muitos possuem opiniões contraditórias. No fim, todos estão confusos e todos são apenas humanos falhos, tal como eu e você. Tudo bem, alguns deles ainda não sabemos direito qual raio de ideias eles têm na cabeça. Como o próprio Eren e o Zeke, o que só mostra como ainda tem muita coisa para ser posta na mesa. Mas até lá, nos contentemos com o pouco que sabemos. Até mais.

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