Outros dois belos episódios do melhor battle shounen em lançamento da atualidade, dessa vez menos pelo roteiro e mais pela ação e a situação construída. Sem mais delongas, é hora da ação!

O manipulador de sangue do clã Kamo que quer ser o herdeiro da família é um filho bastardo, diferente das irmãs do clã Zen’in, só que ambos são figuras questionadas dentro de seus clãs, que estão em busca de aceitação, o que só vão conseguir se mostrarem a força que têm.

Nesse episódio conhecemos melhor o Noritoshi, o único do pessoal de Quioto que faltava ser trabalhado e que foi apresentado de maneira mais rasa, ou mais breve, mas ao mesmo tempo seria leviano se eu dissesse que não deu para entender quem é o personagem.

Ele é alguém em busca de se provar, um personagem forte e inteligente que rivaliza com outro feiticeiro talentoso, o Fushiguro. Eu acho legal também que os dois parecem esconder seus reais potenciais, dá-se a entender isso quando o Fushiguro fala que ele não usou toda a sua força.

Quanto ao Fushiguro, ficou claro que ele pode mais do que já mostrou até agora. Em todo caso, é normal que alguns personagens tragam essa carga política a trama com suas vivências dentro do universo dos feiticeiros. O Yuuji, uma existência aparentemente aleatória, que é o incomum.

Enfim, partindo para os outros núcleos da história, ver a Miwa cantarolando sobre sua inutilidade me tirou uma boa risada e o anime só não seguiu assim mais descontraído porque não tinha como mesmo, não com a explicação do plano do diretor de Quioto e o ataque das maldições.

Mas antes de falar mais do ataque volto ao Noritoshi e ao Fushiguro, que se recuperou bem na luta e desafiou o rival a dar mais de si se quisesse vencer. A resposta do Fushiguro, tanto com jujutsu quanto de ideias, foi bem interessante e reforçou a construção do personagem até aqui.

Por outro lado, também não desprezo o Kamo boy, um personagem muito fixado na ideia de se sobressair por um motivo bem razoável. Não vou dizer que matar o Yuuji usando de métodos ardilosos seja exatamente ético, mas ao mesmo tempo ele quer matar o hospedeiro do Sukuna, né.

Não seria nada razoável da minha parte achar que o pessoal de Quioto não tinha motivo para fazer o que tentou fazer, até porque foi ordem de gente acima, por eles essa tentativa de assassinato não rolaria e, na boa, ela nunca foi algo tão relevante, não pelo que espreitava nas sombras….

A barreira que nega o Gojou foi algo realmente sagaz, até ousado, mas ao mesmo tempo algo assim era esperado, afinal, com ele dentro do conflito a coisa toda não progrediria da maneira que interessava ao Mahito, o artificie presente na cena. O Gojou é o ponto fora da curva.

Mas ele não é a única figura peculiar de Jujutsu, muito longe disso, e se o contraste do velinho com uma guitarra e um jeitão bem rock n’ roll não fez você simpatizar ao menos um pouco com ele é porque você está sendo chato. Sério, nada mais doido que um velho roqueiro “conservador”.

Conservador ao menos no que se refere a hierarquia e politicagem barata que faz as engrenagens de praticamente qualquer organização do mundo girarem. O mais legal depois de ver um humano que age assim é ver uma maldição que intenciona combater justamente isso.

E tudo isso com uma excelente fotografia. Sério, não são só as cenas de ação e a trilha sonora que têm elevado o nível de qualidade técnica em Jujutsu, mas todo o resto segue bem afiado, tenho a impressão de que mais do que foi no primeiro cour, tornando o anime ainda melhor do que era.

Não foi exatamente melhor nesses dois episódios, ao menos não em comparação com os anteriores, mas já foi bom o suficiente para elogiar a manutenção dessas qualidades. Voltando a Hanami, é interessante que se refiram a ela no feminino porque faz todo sentido conceitualmente.

Hanami significa “contemplar as flores”, algo que o povo japonês faz muito ao apreciar o cair das flores de cerejeira, a flor símbolo do país. Acoplado a isso há a bandeira que a maldição levanta, quase que de uma “revanche” contra o ser humano que explora a natureza como bem entende, sem pudor.

Sendo assim, é compreensível que exista uma maldição de nível especial que contemple essa mágoa e que se refiram a ela como mulher, como se a representar Gaia, a Mãe-Terra, e tudo isso sem elementos que a distingam como um ser feminino; o que não era necessário, convenhamos.

Jujutsu mandou bem na construção dessa vilã, e mandou bem também ao aproveitar isso no passeio juju inusitado das maldições colegiais, trocando esses personagens de posição com os heróis da história e se aproveitando do gap na personalidade do Jougo.

É sério, nos detalhes Jujutsu segue muito bem, o que mudou nesses episódios foi a dinâmica, saindo do foco na construção dos secundários e focando na construção de um conflito maior não exatamente por este ser mais profundo, mas porque, sério, era esperada uma “intervenção”.

Com essa intervenção veio a luta contra a Hanami na qual o Inumaki, o Noritoshi e o Fushiguro resistiram como podiam, mas era só questão de tempo até saírem da jogada. O bacana é que o Fushiguro foi um pouco além e fez um combo com a Maki que quase chegou a empolgar.

Não empolgou mesmo devido as características dos participantes da luta, pois não acho que a Maki seja fraca por não ter tido reais chances de bater de frente com a Hanami, o que pega é os poderes que ela tinha e como eles encaixam contra uma adversária de uma nota só como ela.

De uma nota só até agora, pois não duvido que a Maki acrescente mais elementos ao seu arsenal com o tempo. Por ora, o que ela pode fazer é partir para a luta usando instrumentos amaldiçoados, e a depender do adversário necessita de instrumentos mais poderosos ou não tem chance.

Aliás, quanto ao momento em que se explica melhor esse lance da qualidade de um instrumento amaldiçoado, pontuo que a excelente trilha sonora acrescentou bastante a cena, quase que dando um up artificial (afinal, eles praticamente só apanharam) nela.

Mesmo assim, foi uma forma válida de construir essa empolgação que viria a ser realmente satisfeita com o aparecimento do Yuuji e do Todou. Não vou negar que esperava um pouco mais do Fushiguro, o co-protagonista do anime, mas também entendo que foi questão de característica.

O Fushiguro se vira na luta corpo a corpo, mas certamente não é seu forte, tanto é que não foi difícil para a Hanami plantar o broto que adora energia amaldiçoada nele. Somando isso ao cansaço do embate anterior é de se entender que ele saísse de cena. Aliás, a Maki veio para isso.

E a animação e trilha sonora soberbas de Jujutsu não deixaram a peteca cair quando voltaram a cena os verdadeiros protagonistas desse arco, os lutadores Yuuji e Todou, o primeiro ainda em construção, o segundo quase que como um mentor, motivador e alívio cômico pelo seu jeitão.

A forma como o Todou orientou o Yuuji me agrada demais porque se baseia muito mais na ideia de que o protagonista vai ouvir os conselhos e se adaptar as adversidades que aprender de uma forma complexa ou demorada, o que seria completamente anticlimático e não condizente.

Porque o Yuuji aprende as coisas meio que na marra, mais fazendo que qualquer outra coisa, além dele ter sido iniciado nesse universo a força, sem tanto tempo para se adaptar e reagir como um feiticeiro mais convencional faria. Não à toa ele é capaz de feitos difíceis para os outros, alcançados de formas não ortodoxas.

A sofisticação do envio retardado de sua energia amaldiçoada não era algo exatamente novo no universo dos jujutsus e o Todou acabou vendo a oportunidade de orientar o Yuuji a aprimorar o instinto que já se encontrava dentro dele, para que evoluísse da maneira que lhe cabia.

É claro que para tudo na vida existem condições e ajustar seus sentimentos foi uma maneira bem interessante de contextualizar que a energia amaldiçoada não é só energia negativa. O equilíbrio entre os sentimentos bons e ruins é que dão consistência a imagem mental a ser alcançada.

Quando o Yuuji se focou ele foi capaz de usar como bem quis todo o seu talento e empregou a técnica do fulgor negro (ou flash negro), uma técnica um tanto roubada, mas que combina com o personagem como ele se encontra agora, ainda um tanto “verde”, mas precisando se provar.

E ele se provou, afinal, foi capaz de competir com uma maldição de nível especial mesmo que tenha ficado claro que jamais conseguiria derrotá-la sozinha no estágio em que está. Contudo, a intenção dos garotos nunca foi derrotar ninguém, mas ganhar tempo até que os adultos apareçam.

Ao menos tenho certeza de que era isso que a Maki tinha em mente porque a tranquilidade e ousadia do Todou não me tiram da cabeça que no fundo, no fundo ele tem mais guardado na manga do que veremos nesse arco. Inclusive, não duvido que em seu máximo ele conseguiria derrotar a Hanami.

Na verdade, não posso dizer que ele vai ou não vai fazer isso, né, estaria dando um spoiler assim, o que quis dizer é que como ele está lutando ao lado do Yuuji, se vencer os méritos serão divididos. Aliás, você deve ter sacado o meme referenciado na cena em que eles fizeram pose.

Em todo caso, o último ponto interessante que gostaria de comentar é sobre o que a Hanami pensa, no instinto de uma maldição, algo bem legal se pensarmos que mesmo atingindo a inteligência igual a humana não é por isso que as maldições negarão seus instintos, é bem o contrário.

Porque as maldições são seres que surgem na natureza (diferente, mas nem tanto, do que é o ser humano) e se a Hanami tem o instinto de proteger o meio ambiente, por que não pode ter o instinto de lutar, sendo que é um ser criado com o propósito do combate, com o propósito de dar o troco nos humanos?

Por fim, ainda vimos mais um criativo passeio juju, dessa vez de um cabideiro dos ossos do Gojou, uma ideia bem doida e bastante mórbida que me conquistou por sua bizarrice e comicidade. É sério, os passeios juju desse arco são de outro nível, bem mais inteligentes e divertidos que os do primeiro.

Na verdade, digo e repito, o anime como um todo melhorou em seu segundo cour, não que estivesse exatamente ruim antes, mas com certeza era aquém do que está agora, com sua trama ágil, mas consistente, e excelentes cenas de ação que me animam para o clímax que se aproxima.

Até a próxima!

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