Cardfight!! Vanguard overDress é o mais novo anime de Vanguard, a famosa franquia de card game que teve um reboot recentemente e enfileirou várias temporadas com os personagens já conhecidos da fanbase antes de tentar algo um pouco diferente.

Dessa vez temos um novo protagonista, uma nova heroína e o design de personagens do CLAMP, o qual sempre atrai a atenção de quem se interesse pelo grupo. Além disso, esse novo anime é produzido pelo estúdio Kinema Citrus e tem apenas 12 episódios programados.

A abertura ficou por conta da banda Roselia com a música ZEAL of proud, enquanto o encerramento é da Argonavis com Y e mantém tudo dentro de casa, afinal, a franquia BanG Dream! é da Bushiroad, a mesma empresa responsável por Vanguard e outras franquias de sucesso.

Na história acompanhamos Yuyu, um garoto que não consegue dizer não e até por isso acaba se chateando com a irmã que o veste de garota. Após fugir de casa por conta disso ele conhece Megumi vestido de mulher, e é sem desfazer o mal-entendido que conhece Vanguard.

A primeira característica que gostei nesse anime foi a total falta de pressa em introduzir o elemento card game. As cartas e os embates só vieram a aparecer na segunda metade (antes apenas na abertura) e mesmo durante o duelo mostrado demoraram a aparecer os monstros duelando.

Um dos elementos característicos de Vanguard (acompanhei alguns episódios do reboot) é a “fantasia” com a qual são retratados os duelos, e isso mesmo sem precisar dos hologramas que tanto aparecem em Yu-Gi-Oh, talvez o card game de maior sucesso no mundo, né?

Eu gostava disso quando via o anime, ainda gosto, mas não nego que gostaria de ver em anime a construção de tensão em um duelo sem esse artifício visual todo. Ocorre isso aqui e o confronto é até bom, no final os monstros aparecem e tem um show de pirotecnia, mas tudo bem.

Seria muito inocência da minha parte não esperar o mínimo do lúdico em uma trama que precisa disso para passar a ideia do quão legais são as cartas que a empresa quer ver vendidas. Ao menos aqui houve a ideia de ser menos direito no que se refere a abordagem clássica do card game.

Isso é favorável para buscar um público fora da bolha de jogadores ou apreciadores do jogo e é super válido. Inclusive, ter apenas 12 episódios anunciados passa muito essa ideia de que é um experimento que, obviamente, só vai continuar se os resultados comerciais forem favoráveis.

Se por um lado acho que houve a sensibilidade em tentar atrair um público novo, sem necessariamente desagradar o cativo, acho que esse anime corre um risco razoável de “flopar” porque o roteiro não entregou nada demais. Não foi ruim, mas também não foi nada de novo, sabe?

A ideia de começar introduzindo o protagonista fazendo crossdressing talvez tenha surgido dado o sucesso que Vanguard faz com as fãs e os fãs de yaoi (tem uma produção de hentai yaoi de Vanguard razoável internet afora) e não posso dizer que condeno ou respaldo a ideia por isso.

Considero que foi apenas uma forma cômica de aproximar o herói do jogo, e tirando a resposta do Danji a provocação da policial nada me incomodou, mas acho sim que a produção perdeu a oportunidade de ir além na questão, afinal, o Yuyu não deve manter o crossdressing adiante.

Enfim, sei que não dá para esperar demais de uma franquia que quer abraçar novos públicos, mas também não parece tão afim assim de romper com uma fanbase já consolidada. Talvez até por isso que o roteiro tenha sido simples, mas não foi um pouco simples demais não, hein?

Digo, a insistência com o assediador incômodo foi uma sacada pobre e o próprio conceito do parque de diversões noturno não foi explorado como poderia na estreia. Pelo menos o cara tomou um chute nas partes baixas e o duelo foi minimamente empolgante, mas achei pouco ainda.

Por outro lado, o protagonista não pegou em cartas e começou a jogar de imediato, o que é mais realista que se tornar jogador abruptamente como rola, por exemplo, com o Aichi, o primeiro e principal protagonista da franquia. Faz mais sentido ir sem pressa em overDress, né?

Afinal, é um anime com personagens diferentes, uma história diferente e uma pegada diferente. E óbvio que o Yuyu vai jogar Vanguard, mas isso não precisava e nem deveria ocorrer no primeiro episódio. Pelo menos não com a construção narrativa lenta que essa estreia teve.

Mas sim, se você me disser que ver o protagonista duelando de cara facilita a afeição do público por ele, sou obrigado a concordar porque foi um pouco o que aconteceu comigo. Nem gosto tanto assim do Aichi, mas Vanguard me conquistou já no primeiro duelo dele.

Esse anime novo nem tanto, mas tenho certeza de que vou acabar assistindo por causa do design dos personagens, das músicas de abertura e encerramento e de alguns outros fatores, ainda que não por ter gostado do protagonista ou por ter expectativas maiores com a trama.

Aliás, para fazer um mea-culpa, apesar do clichê da garota apaixonada pelo “irmão”, gostei bastante da Megumi, pois ela é cheia de si e sensível ao mesmo tempo em que tem um senso de estilo que bate com o meu, pena que o irmão foi um pouco bobo demais para o meu gosto…

Outros detalhes que gostei foram o conceito por trás do parque de diversões noturno, um point de encontro entre jovens com um interesse em comum, jogar cartinha. Ele é o espaço perfeito para essa turma se encontrar, se divertir e se sentir bem se fantasiando, por exemplo.

Jogar Vanguard com todo esse background acaba sendo uma forma de expressão interessante, que faz todo sentido que aguce o interesse de um jovem que não consegue se afirmar, por exemplo, por meio de um ato de negação ao pedido de outra pessoa.

Yuyu precisa ganhar mais confiança e aprender a se impor com personalidade, coisas com as quais o Vanguard deve ajudar? Deve. Ainda assim, acho que o anime poderia ter sido melhor? Sim, mas também não vou mentir, me diverti um bocadinho. Sou um cara simples, fazer o quê.

Aliás, talvez seja até por ser simples que não consigo jogar Vanguard, acho que é complicado demais. Tenho até umas cartas que arrumei em uma troca por mangás, mas nunca aprendi a jogar. Quem sabe esse anime me motive? Não sei, talvez só continue vendo os duelos mesmo…

Por fim, indico overDress para qualquer um que queira ver um anime de card game menos “card game” que a média. Não precisa ter visto nada de Vanguard para assistir essa nova produção que você encontra em simulcast no Crunchyroll toda sexta-feira a partir das 20:40.

Até a próxima!

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