Um vasto sistema solar, várias candidatas, uma única vencedora e rainha suprema, essa é a história de Battle Athletes Victory ReSTART – ou Battle Athletess Daiundoukai ReSTART! -, que aparece nessa temporada para mostrar como pode ser difícil e desafiador representar o universo com uma “beleza diferente”.

Para quem ainda não sabe, essa é a terceira adaptação dessa franquia original – com uma ideia esportiva completamente fictícia – e não tem qualquer ligação direta de continuação com suas parentes, se não pelo enredo e algumas semelhanças no visual das protagonistas, que parecem até filhas das primeiras atletas.

Acho engraçado que embora o conceito do negócio seja escolher uma candidata adequada para o posto de rainha e líder – que ninguém sabe o que deve fazer com esse poder -, o nome “Beleza Cósmica” dado a competição, mais soa como um concurso de Miss Universo, não combinando muito com o suor e a habilidade que ela exige de suas participantes, lembrando que todas além de bem treinadas, também são bonitas que coisa, não.

A jornada desse anime foca em Kanata Akehoshi, uma menina enérgica, forte – nos dois sentidos -, bondosa e principalmente, uma pessoa de palavra. Logo no começo é mostrado ela quando criança, tendo um encontro incomum com uma desconhecida que apenas lhe pede ajuda e pede para que vença a tal competição.

De uma forma totalmente aleatória ela aceita o pedido e começa a trabalhar em prol dessa promessa, onde embora eu questione a rapidez para aceitar a estranheza do momento, consigo imaginar que a pequena não tinha muito entendimento para fazer algo mais coerente, então vou fazer vista grossa.

A Kanata tem o clichê da menina alegre, engraçada e burrinha – que vive a base de batata -, mas carrega outras características que me agradam bastante, como a sua sensibilidade e a sua boa percepção, algo que para alguém que planeja espalhar boas sementes, é necessário.

Desde a eliminatória, onde ela colabora com a rival, até o encontro miraculoso com a Shelley e o embate com a Joanne, ela dá mostras de que é uma protagonista meio “palestrinha”, porém tem bom senso e leva os compromissos que assume a sério – ainda que a piada da batata diga o contrário.

Do outro lado a Shelley é uma garota que tem feridas causadas pelo seu físico, já que se dedicou muito a competição e acabou sofrendo um acidente que lhe tirou uma mão e uma perna. Como a pessoa determinada e dedicada que é, ela aprendeu a vencer suas dificuldades, mas não controla o sentimento de raiva ao perceber o preconceito ou a pena das pessoas, o que lhe torna um tanto solitária.

Essas questões tornam a união das duas personagens bem interessante, já que a Kanata tem essa natureza legal e que pode fazer a moça evoluir quanto as suas mágoas e se abrir, conforme andarem e crescerem juntas nessa jornada.

A aura da competição também evidencia como as outras meninas também são bem competitivas e um tanto agressivas, por conta da vontade de vencer, outra coisa que deve ser trabalhada pela presença da protagonista que reforça o valor da amizade e da rivalidade saudável.

A Kanata conseguiu lidar bem com seu primeiro obstáculo, pois ali ela externalizou as qualidades que já apontei e se arriscou sem medo de errar. Naquele momento a Shelley poderia ter duelado com a Joanne, mas a amiga percebeu que independente do resultado final, ela poderia sair ainda mais ferida do que quando topou a provocação da outra.

Com essa primeira simples vitória, ela consegue a abertura de ambas as rivais, abrindo caminho para tornar essa corrida tensa numa experiência legal e porque não, transformadora.

O grande mistério para mim é a questão do comitê por trás do evento, que tem planos de manter o controle do sistema pelos bastidores, e imagino que já esteja usando alguém ali de dentro para assegurar isso. Não imagino que essa parte do plot seja levada muito a sério por motivos óbvios – como o conceito desse projeto -, porém seria legal se o roteiro conseguir extrair o necessário para fazer esse ponto não passar tão batido assim.

Outro elemento que deve instigar algum mínimo drama na obra é a presença da Eva – a menina do começo -, pois essa parece completamente transtornada psicologicamente, após o reencontro com a protagonista, o que me fez pensar se não seria ela uma das vítimas do comitê, ou quem sabe de alguém pior.

Se você gosta de meninas esportistas, assim como Sayonara Watashi no Cramer – também da temporada -, esse é mais um anime que pode te agradar ou não, dependendo da sua vontade de dar uma chance as viagens dele, relevar as possíveis falhas técnicas e ver se as personagens te conquistam.

A produção está a cargo do estúdio Seven e embora eu tenha as minhas inúmeras ressalvas com ele, não vi grandes problemas na estreia. O design está bonitinho, bem colorido como deveria ser e a animação embora não seja das mais fluidas, também não “se cagou” em momento nenhum, o problema é se manterão um nível aceitavel até o final.

Enfim, sei que a proposta desse original é algo leve e inocente, que trabalhará a amizade dessas garotas enquanto traçam um objetivo, mas acredito que mesmo não trazendo nada incrível no roteiro ou chamativo na animação, ainda pode ser divertido de acompanhar.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

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