Finalmente presenciamos a opening de Megalo Box 2, e devo dizer, foi bem meia-boca. A música é bem legal, mas a maior parte do visual são cenas do primeiro episódio e da temporada passada.

Ao menos o começo tem uma cena do Nômade no pôr do sol, que além de bem bonita me lembrou a cena mais icônica da última opening de Ashita no Joe 2, com o protagonista caminhando ao pôr do sol.

Além de que os quadros minimalistas podem ser vistos como uma referencia aos quadros de vídeo game que também tinham uma composição minimalista na primeira opening de Ashita 2.

 

 

Esse episódio foi uma bomba de conteúdo, não só o enredo avançou bastante e deu um norte para onde o anime pode seguir, como trabalhou muito bem os temas que Megalo Box explora, oriundos do legado de Ashita no Joe.

A maneira como o episódio usou os imigrantes não só foi uma boa forma de usar o cenário multirracial de Megalo, mas também uma característica nova para essa temporada. Ao mesmo tempo que eles também são um ótimo veículo para a história se desenvolver.

Eu creio que existem dois temas em particular que foram tocados nesse episódio: renascimento e sonhos. O primeiro foi tratado de forma mais simples, com Joe indo parar em uma vila de imigrantes latinos durante a comemoração de um feriado que claramente teve inspiração do dia dos mortos.

Também teve a participação do personagem do chefe, que demonstra ser um paralelo ainda maior a Joe, pois esse personagem já perdeu um filho, mas mesmo assim faz todo o possível, inclusive abandonar sua dignidade em prol de seus entes queridos, enquanto nosso protagonista apenas fugiu em busca da morte após a perda de Nanbu.

 

 

Houveram pequenos símbolos para enfatizar esse tema e o primeiro foi o beija-flor, que apareceu por diversas vezes junto ao Chefe, mostrando mais uma vez o quanto esse personagem vai ser o pivô da ressurreição de Joe.

E diga-se de passagem, ele cumpre essa função sendo bem mais que um amigo ou um rival, e dando ao protagonista um objetivo além da luta, o que já o torna bem diferente de Yuuri, um dos rivais do Joe original.

O outro símbolo usado foram as flores, cuja cor rosa claro lembra as pétalas de cerejeira, que representam a transitoriedade da vida e também a primavera, a estação do renascimento, com isso fazendo um belo contraste com os flocos de neve da ending.

 

 

O underdog sempre foi um tema vital tanto em Ashita, quanto em Megalo e esse episódio o trouxe a tona de uma forma ótima, com a confirmação de que a lenda do Joe sem gear foi uma inspiração para os imigrantes. Megalo 2 faz uma referencia aos vários protestos da classe operária japonesa, que usou a imagem de Joe Yabuki como símbolo de resistência.

A trajetória do nosso herói deu a essas pobres almas a chance de sonhar, de acreditar que dá pra alcançar um futuro melhor mesmo com todos contra você e começando do zero. Porém, assim como Joe, eles perceberam que a realidade não é tão simples, mas mesmo assim eles continuam lutando enquanto o espírito do Joe permanece em coma.

 

 

Além de expandir o papel do Chefe para mais que uma transposição do Carlos Rivera, tal qual fora Yuuri com Tooru Rikiishi, esse episódio ainda nos apresentou vários personagens novos. Menos importante foram aqueles mafiosos que apareceram no fim, que podem ser relevantes no futuro, replicando o papel do Fujimaki na primeira temporada.

Contudo, as adições mais interessantes foram Marla e seu filho Mio, esses dois são interessantes, pois podem cumprir diversos papéis na trama. Além de que juntos podem suprir a ausência de Sachio por possuírem algum conhecimento sobre mecânica e serem mais pontes entre Joe e os problemas da imigração e com os mafiosos.

Além disso, mãe e filho também são curiosos em matéria de adaptação, pois por mais que ambos sejam mais personagens novos, assim como o Chefe, ainda há paralelos a serem tratados entre Marla e Noriko, que foi a única personagem do elenco principal de Ashita que não recebeu uma contraparte em Megalo Box.

Mio também anda com uma gangue de crianças, o que é um indicativo de que tomará a posição de Sachio como a criança do grupo, e também que Joe provavelmente vai ter mais um grupo de jovens meliantes para lhe fazerem companhia.

Por fim, vale a pena comentar que esse episódio nos deu mais informações sobre o que ocorreu nos sete anos entre as temporadas. Não só confirmando a morte de Nanbu, como também apontando a saída de Sachio antes do sumiço de Joe, pois no flashback a equipe do protagonista consistia em Aragaki e outra das crianças.

Isso abre algumas possibilidades principalmente em relação ao contraste da saída de Sachio com a relação estranha que Joe pode ter com Mio. Mas ai só o futuro pode nos dizer. Contudo, muito mais importante que isso é que Joe finalmente entendeu que Proerd é o programa, Proerd é a solução.

 

 

Extras:

Achei interessante como a ending termina com, “Até ver a luz “, uma frase esperta porque pode implicar tanto no renascimento quanto na morte do nosso protagonista, sendo esses os dois finais mais prováveis para esse anime, devido a seus antecedentes.

Quando Mio vai de encontro aos mafiosos, eles estão vendo uma luta e um dos lutadores era Shark Samejima, o primeiro oponente que Joe enfrentou no ringue profissional.

E por fim, o vilarejo dos imigrantes é uma clara transposição da vila situada na área mais pobre do Japão, onde o Joe original vivia, e também era a grande inspiração dos moradores.

Comentários