Em mais um episódio incrível e intenso, o anime esfrega novamente em nossa cara como a missão da Diva não é brincadeira – mesmo para uma I.A que supostamente não deveria sentir nada -, assim como mostra que a balança de causa e consequência tem pesos complicados aqui, difíceis o suficiente para mexer com o sistema nervoso da nossa forte protagonista.

Entre as várias coisas que ocorreram, vimos na primeira metade o que já era esperado, o passado do Saeki com a Grace e como se desenvolveu essa relação entre os dois – ponto que ajudou a justificar e adensar toda a tragédia que se sucedeu.

Algo bem interessante sobre os dois, é que o rapaz criou um vínculo com ela na infância, perpetuando isso até o momento em que pudesse de fato levar essa relação incomum adiante. Fica uma dúvida relativa ao fato da androide agir conforme suas programações em relação a ele, mas como todas as irmãs da Diva demonstraram ter algo a mais, com ela não deve ser diferente.

A Grace não entendia sobre sentimentos e emoções – como fica visível no momento em que ela abraça o pequeno Saeki para aliviar sua dor -, mas como ela tinha sua missão e também tinha dados referentes ao que seria bom para os humanos, ela agiu em prol do menino quando ele precisou, e aceitou de volta a sua afeição conforme conviveu com ele.

Outro ponto curioso que esse episódio ressaltou, é como as ações da Vivy tem uma amarração forte nas singularidades. O Matsumoto já havia explicado a importância do casamento do casal e como isso tinha se perdido depois que a Estella se sacrificou, porém essa irrelevância não veio a um baixo custo.

Esse fato foi esquecido porque com a morte da dedicada I.A, a Grace foi remanejada para uma nova missão que carregava as sementes do trabalho da outra. Em outras palavras, caso nada disso tivesse acontecido, o casal teria sido feliz para sempre como estava escrito e sua união teria sido impactante como precisava ser naquela realidade.

Nesse momento nós percebemos como o roteiro realmente é muito bem elaborado, ele não pensa só em executar uma mudança aleatória e com consequências pontuais, tudo é muito mais profundo nos mínimos detalhes, e isso se reflete na carga emocional que essas singularidades acabam tendo depois de “vencidas” – já estamos curiosos para ver que interferência o desfecho desse arco terá no próximo.

Quanto ao terrorista que tanto atormenta a protagonista, acreditamos que agora as coisas andam – finalmente -, porque não é possível que depois de tantas oportunidades ele continue criando problemas sem ao menos ponderar um pouco.

Claro que isso também não é impossível, porque crenças radicais podem cegar quem as vive e nós vemos isso no mundo afora, porém o fato de ele perceber toda a situação e ter ajudado minimamente a Vivy, nos faz pensar que ele conseguiu entender em algum grau que ela não é uma inimiga.

Pode ser que ele também nem esteja vivo ou ativo na próxima singularidade – até porque nessa ele já parece estar na casa dos 40 e a prévia da outra mostrou alguém parecido com ele -, mas entrando no mérito da descendência, seria interessante ver que ele deixou um legado mais tranquilo, como consequência dessas experiências recorrentes com a Diva.

Falando de novo na moça, ela acaba afetando o terrorista e o Saeki mais ainda, já que é graças a sua forte determinação que ele se move. Desde o começo dessa missão, é perceptível como ele se divide entre razão e emoção, ciente do que precisava ser feito, mas preso pelo elo que o ligava a Grace.

Ver a maturidade da Vivy ao lidar com tudo aquilo, passando por cima das próprias irmãs e de coisas guardadas dentro de si – que nem mesmo compreende -, para realizar algo muito maior que no fim das contas todas compartilham, acionou o gatilho para que ele tomasse a sua posição definitiva. Ele tinha ciência das perdas irreparáveis que teria, porém sabia que aquilo precisava ser feito, mesmo que doesse e é o que ela vem fazendo ao longo desse tempo.

A impressão que tivemos é que desde o princípio ele não queria ter que fazer algo e esperava que alguém tomasse essa frente lhe ajudando. O Matsumoto e a Diva foram esse impulso necessário, no entanto eles acabaram se posicionando de forma diferente por conta de um elemento que estava fora do controle de ambos que era a própria Grace placa mãe, a verdadeira.

Vale abrir um parêntese aqui justamente para lembrar que no começo eles meio que tinham um mesmo alinhamento, a ideia era apenas desativar a ilha sem a necessidade de se derramar sangue – numa missão pacífica como o Matsumoto falou -, mas o comportamento inesperado da I.A os colocou na circunstância extrema que fez a oposição acontecer.

A Vivy ainda se esforça para pensar em possibilidades de salvar sua irmã caçula e sem sucesso, pois como seu parceiro questiona, o canto da Grace estava evidenciando que ela não tinha mais salvação e a resposta dela depois ao doutor, nos fez interpretar que a essência da androide já não existia ali, restando apenas o fim daquele doloroso processo.

Um detalhe que achamos curioso nessa parte, é que diferente do que aconteceu com a Estella e a Elizabeth, a Grace não teve brechas para demonstrar lampejos de sua personalidade real nos momentos finais, e mesmo a outra androide era apenas uma cópia que nem os dados dela possuía ainda – gostaríamos de ter visto mais dela no presente.

Como resultado de sua interferência, o suicídio do Saeki toca na protagonista como uma bomba que se somou a todas as outras perdas que ela não conseguiu evitar e precisa arrastar consigo. Esse trecho é interessante porque a moça tem a missão de trazer felicidade e fazer as pessoas sorrirem, só que naquele momento o seu gesto não trouxe felicidade, ao contrário, ela causou a infelicidade dele mesmo tentando cumprir sua missão.

Engraçado que a personagem já tinha dito que não teria coragem de encarar aqueles que lhe confiaram suas missões caso falhasse, e aqui ela falha, provavelmente daí vem o choque psicológico. A missão da Estella e até da Elizabeth era garantir o bem estar de todos, a da Grace era cuidar e tratar as feridas, sendo ambas “passadas” para a Vivy que salvou o terrorista e seus amigos, porém deixou o Saeki infeliz e agora morto, então ela conseguiu?

O que conseguimos imaginar é que a soma desses elementos com o fato de ela ter criado uma nova missão para si pela necessidade que se apresentou, acabaram desestabilizando seu sistema pelo fracasso, porque a missão de vida é a única coisa que uma I.A carrega como sua e a mais importante desde seu nascimento – o que explicaria a cena.

Estamos bem curiosos para ver como esse breakdown vai reverberar na continuação e como esses acontecimentos afetarão o olhar da Diva na singularidade de sua outra irmã, que inclusive parece dividir um propósito similar, já que as duas cantam para trazer algo bom.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

 

 

 

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