O Devimon retornar nesse episódio foi algo que me surpreendeu, porém não a evolução que aqui vimos. Pois se o Devimon é um anjo caído então aqui temos um anjo que se eleva. E que aqui se elevou ainda mais.

O episódio já se inicia com um ataque aos escolhidos. Porém um ataque peculiar de um digimon ainda mais peculiar. Esse ataque nada mais era do que uma abdução enquanto esse digimon nem mesmo era um combatente. Na verdade ele tinha uma habilidade poderosa, além de extremamente interessante. E tão interessante quanto criar cópias de diversos digimons para usa-los em batalha foi relacionar essa habilidade com a própria história do Angemon.

Que por sinal também foi interessantíssima. Pois que havia uma relação entre o Angemon e o Devimon já estava claro, mas qual era foi algo que me surpreendeu. Isso porque o Devimon é o próprio Angemon! Ou melhor, é uma parte nascida de seu desespero. Foi quando a sua esperança o deixou que ele foi consumido pelas sombras. E o fruto dessa corrupção é o Devimon. Ainda assim, ele foi muito forte, pois ainda que tenha fraquejado, o simples fato de somente uma parte sua ser consumida mostra que até o final ele ainda reteve a sua esperança.

Esperança essa que o salvou novamente nesse episódio. Ou melhor, não a sua esperança, mas sim a do TK. Que por sinal é a mesma coisa, já que a sua esperança era na chegada do TK. O TK sempre foi a sua esperança, e aqui uma outra vez. Naquela que foi sem dúvidas uma excelente cena. Destaco tanto a das trevas tomando conta do Angemon quanto a dele a superando e alcançando sua nova forma. A sua cena de evolução foi bela, majestosa e imponente.

Além de ter uma coisa muito interessante no final, que é o fato do Devimon, ao que parece, ter sido integrado ao próprio Angemon. E isso é muito interessante mesmo. Isso me lembra o conceito de “sombra”, ou seja, uma parte reprimida pelo indivíduo, mas que ainda assim o compõe. E quanto mais essa sombra cresce mais autônoma e destrutiva se torna. E se o Devimon aqui apareceu e tinha consciência de si mesmo talvez isso seja um sinal de que ele ainda estava lá em algum lugar.

Quem sabe essa foi a ideia do anime no final das contas. Porém, o problema de aceitar essa interpretação reside no fato de que o Angemon é um anjo. Ele é um ser sagrado e perfeito enquanto incorrupto. Aceitar que ele tenha dentro de si um elemento sombrio parece até absurdo. Mas talvez a confusão seja mais pelo próprio simbolismo daquilo que é um anjo do que por qualquer outro motivo. E temos que nos lembrar das influências cristãs que nós ocidentais naturalmente temos.

Mas se nós pensarmos pela perspectiva oriental, e olharmos para suas referências espirituais talvez tenhamos uma resposta. O Japão é um país com várias influências religiosas que nós não possuímos, tal como o budismo, o xintoísmo e o taoísmo. Este último nem tanto, mas vale a pena o destacar. Pois o taoísmo se trata justamente do equilíbrio entre opostos. Aliás, o Yin e Yang é um conceito taoista onde vemos justamente o perfeito equilíbrio da dualidade entre os opostos.

Acho que a ideia que quero destacar já está clara. Ou seja, a ideia do equilíbrio entre luz e trevas como uma imagem de perfeição espiritual. Mas enfim, o ponto é que de fato não é uma coisa contraditória a feita pelo anime. É até interessante, assim como esse episódio foi bem interessante. Espero que assim continue, até mais.

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