O rancor intenso é um dos combustíveis mais comuns quando pensamos em conflitos de grande escala. Na história humana, não faltam exemplos de revanchismo, os quais utilizam as mais diversas justificativas para massacrar os oponentes.

 

 

Kingdom, nesse episódio sete nos apresenta um evento que se não existiu em realidade, existiu em realidade, ou seja, só existe uma certeza quanto a genocídios, eles existem, já se 400 mil pessoas já foram em algum momento aniquiladas na história humana, a resposta é, 400 mil é só a ponta do iceberg.

Não estou elaborando isso para justificar o que o inimigo da vez efetivou, sim, eles buscavam vingança e varreram do mapa a vida de pelo menos dez mil pessoas. Também não vejo como justificar, dar valor ou peso em relação a qual vida é mais importante, a de um soldado, ou a de um civil. E tenho dificuldades em categorizar a vida de mulheres e crianças como alvos mais trágicos quanto a matanças. Tudo é absurdo, tudo é simplesmente abominável.

 

 

É comum em nossa espécie fazermos o mesmo com espécies domesticadas, ou mesmo caçar por esporte, efetivamos atos de obliteração, seja em relação aos outros, no sentido de outros seres vivos, seja em relação a nós mesmos. Novamente, é ambíguo valorar o humano como melhor ou mais digno de tristeza do que os demais seres que têm suas vidas ceifadas pelos caprichos de grupos ou segmentos sociais.

Essa reflexão se faz necessária, pois é exatamente sobre isso que o episódio da semana se trata. Os reinos estão em guerra, uma guerra que perdura por gerações e que devasta inúmeros territórios repetidamente. Por vezes, devasta os soldados, que são os emissários da tragédia e que também são consumidos por ela.

Quem é Shin? Um soldado que ambiciona ser um general, o braço direito de um Rei que, por mais que tenha por intenção purificar toda essa carnificina milenar, só pode fazer ao arrebentar as pernas de seus oponentes e os jogar de joelhos. Por sua vez, os oponentes desejam resistir, mesmo que sem nenhum plano de longo prazo que não seja a devastação de todos que são contrários a eles.

 

 

O ódio, o império poderoso que rivaliza com os vizinhos, os recursos ou sabe-se lá qual o motivo para essa algazarra de sangue fútil.

Assistir essa breve reflexão, claramente pontual e não aprofundada em Kingdom, é ao mesmo tempo interessante e revoltante, pois mesmo sendo uma ficção, sabemos que o seu objetivo é retratar a morte devido aos desmandos da natureza humana, e essa morte é uma representação romantizada do que de fato aconteceu na realidade histórica em um passado nem tão distante assim, e pior, de algo que ainda acontece no presente.

De tempos em tempos uma guerra e um massacre tomam forma, e por mais que estejamos em um período de relativa paz e baixa nos conflitos, nada garante que essa calmaria não retorne como uma nova tempestade a qualquer momento. Enquanto estamos aqui, na sombra, o sistema de aniquilação humana desenvolveu métodos mais eficazes, ou menos espalhafatosos, como a escravidão e submissão em vida junto a correntes que nos amarram desde o nascimento até a morte.

 

 

Essa é uma reflexão para um outro momento, mas concluo este breve artigo, que se perdeu em sua função de resenha, com a certeza de que o que o anime retratou, foi apenas um grão de areia neste deserto que chamamos de vida social humana.

Para uma análise mais pertinente ao episódio, assistam o vídeo anexado acima, onde me detenho apenas a comentar o episódio. Peço perdão pela resenha reflexiva, mas acabou surgindo naturalmente.

 

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