A Onda é tão protagonista, mas tão protagonista que dessa vez teve uma baita participação negativa da derrota do Warabi no primeiro jogo do torneio. Um fracasso que teve esse destaque individual negativo, mas, como quase sempre no futebol moderno, também tem fundamento no coletivo, afinal, esse gol contra não teria feito diferença se o Warabi não tivesse tomado tantos gols. Xô desequilíbrio entre o ataque e a defesa!

Antes de falar de problemas dentro e fora de campo, primeiro começo com soluções, como foi o novo uniforme do Warabi, que conta com um design simples, mas bem bacana, o qual imagino se dever também ao status que a Premier League (o campeonato nacional da Inglaterra) tem hoje com a comunidade do futebol mundial, mais que a conquista de 66 que cravou a Inglaterra no clubinho restrito dos campeões mundiais.

De toda forma, um design simples quase nunca cai mal quando se trata de futebol, e gostei da ideia para o brasão, achei razoavelmente criativa e justificável se pensarmos que a ideia devia ser conferir alguma identidade ao time feminino de futebol da escola. De outra forma, elas poderiam só ter adotado o uniforme masculino adaptado, o que tiraria toda a graça do perrengue que elas passaram para confeccioná-lo.

Chegando onde o calo aperta, gostei de Cramer ter mostrado o problema que a empolgação pode provocar na preparação antes de um jogo, ainda mais se formos pensar no que o jogo significava para a Onda. Como sua primeira partida “valendo” entre garotas era de se esperar que ficasse nervosa, não que transformasse esse nervosismo em descuido com algo essencial para jogar bem, que é descanso psicológico e físico.

Ainda assim, penso que o erro da Onda não foi só dela, pois ela poderia e deveria ter sido substituída antes de ter feito o gol contra, além de que o Warabi tomou três gols antes disso e essa culpa ela divide com suas companheiras e com a técnica. Diria até que isso é mais culpa da Nomi, afinal, como ela bem esclarece na segunda parte, seu time é todo treinado para atacar, mas não é tão sofisticado assim para defender.

Ao menos não defender bem o suficiente para não tomar o mesmo número de gols que um time tecnicamente inferior no ataque. Há um evidente desequilíbrio no jogo que o time do Warabi é capaz de apresentar e isso precisa ser consertado ou de outra forma a tendência é de que o time continue tomando muitos gols e sequer avance ao mata mata do torneio. Com tudo isso posto, o gol contra da Onda foi ridículo sim.

Existem gols contra e gols contra, um que bate no jogador e entra sem ele querer é uma coisa, um em que ele finaliza contra a própria meta é absurdo de ridículo. Diferente do que a Onda fala para as suas rivais do Warabi após a parceria no futebol society, agora não são 21 gols que ela e suas companheiras têm para “reverter”, mas 22. Sei que isso é um número simbólico, mas vale o simbolismo, assim como a divisão da culpa.

Enfim, uma dúvida que fiquei nesse episódio foi sobre como o Warabi joga, visto que a responsabilidade de fazer a cobertura do lado direito da defesa recaiu toda sobre a Onda. Imagino que ela seja uma meio-campista que atua pela direita (não à toa foi por ali que fez o gol anulado no jogo contra o Konugi) porque se não for, se ela jogar centralizada, não tem como cobrá-la pela cobertura, “só” pelo erro grotesco na finalização.

Deve ser isso mesmo, então nesse caso a culpa recai nas costas da treinadora que não a substituiu quando deveria já que ela não contribuía ativamente no ataque de toda forma. Se a proposta da Nomi é ter a posse de bola (ou ao menos brigar por ela), criar jogadas ofensivas em profusão e atacar desde a defesa, é incompreensível que tenha mantido a Onda no estado em que estava até o último minuto do jogo.

Por isso acabo não comprando as patadas que a protagonista levou no restaurante, ainda que ela também tenha vacilado. Aí chegamos em outro problema do time, sua treinadora, que admitiu a própria incapacidade de treinar uma defesa, uma falta de equilíbrio que pode custar caro mesmo contando com tantos talentos para o ataque. Até a exibida da Aya fez seu papel, afinal, centroavante vive de gols e ela deixou sua marca.

Sei que é bem diferente, mas esse é um problema do Flamengo do Rogério Ceni (que faz muitos gols, mas toma gol adoidado também), só para a gente ver que mesmo um time cheio de jogadores bons precisa de um sistema defensivo organizado e efetivo senão de nada adianta produzir muito na frente. Se adaptar ao adversário não pode ser a unica saída para evitar tomar gol, é preciso mais que isso, algo bem mais sofisticado.

A cena do kabedon no chão acabou sendo super inusitada e divertida, só ela (e a careta raivosa da Suo) pagou pelo treino com os garotos, mas, convenhamos, treinar com garotos pode ajudá-las a se prepararem melhor para um jogo com adversárias mais físicas, mas é pouco (na verdade, é nada) tanto no quesito de treinamento defensivo, como no que se refere a participação do técnico Gorou, que segue ao lado da técnica Nomi.

Pensei que logo ele seria quitado da história, mas não, ele continuou e no próximo episódio deve ter mais espaço, coisa que acho bacana por um lado, mas ruim por outro porque tanto ele não agregava nada ao time antes, quanto é uma figura masculina por trás de uma figura feminina que poderia muito bem se aprimorar para conseguir ela treinar o time de maneira mais equilibrada, pois está na cara que ele vai treinar a defesa.

A ideia até me apetece, de uma técnica que gerencia o grupo e treina o ataque, e alguém que serve de contraponto a isso tanto nas tomadas de decisões, quanto por cuidar do sistema defensivo; o que me incomoda é ser um cara, e um que antes não fazia nada pelas garotas do Warabi. Já que ele parece manjar de defesa, será que não poderia ter construído um time retranqueiro eficiente? Seria melhor do que não fazer nada de útil.

Ele deve ter um draminha envolvendo seu passado, alguma decepção e tudo mais, mas, na boa, acho esse desenrolar uma bola fora. Por outro lado, gosto de ver a Nomi pedindo ajuda, mas não como se ela fosse incapaz por ser mulher, e sim porque é legal ver alguém em uma posição de comando admitindo deficiências, coisa ainda mais compreensível para uma técnica de primeira viagem que foi uma jogadora não defensiva.

Por que foi bom ter essa preocupação agora? Porque a questão do campo e bola precisava de mais espaço na trama, senão de maneira ampla como eu gostaria, pelo menos com o cuidado suficiente para passar ao público a ideia de que o crescimento de um time de futebol é gradativo e depende disso. Próximo episódio vamos voltar ao passado, provavelmente do técnico, para rumar em direção a um futuro com uma defesa boa.

Por fim, gostei da promessa de revanche cheia de estilo das garota do Warabi (não à toa tirei três prints do trecho para o artigo), foi o tipo de coisa que combina demais com anime de clube esportivo e dá toda a pinta do quão maior e mais longo Cramer deve ser no mangá e o anime não vai cobrir. Elas faltam até de jogar no colegial, e não podemos esquecer que elas são candidatas a convocação para a seleção de base.

Cramer continua bem legal e dessa vez se abriu mais a questões pertinentes pensando no que parece ser o objetivo dessa temporada, o Warabi superar o Konugi. O problema é, vai dar tempo de ver isso se tornar possível de maneira minimamente razoável? Além disso, como os erros estruturais e individuais do time serão resolvidos? Ao menos a animação deu uma melhorada, vamos ver se isso se mantém daqui para frente.

Até a próxima!

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