O despertar de um sonho, um novo pesadelo. Dentre as pontas de uma franquia, um paraíso, um inferno. Fate/stay night Movie: Heaven’s Feel – I. Presage Flower, inicia o arco de Sakura, o desfecho da corrupção do santo graal e a despedida do eixo central da Type-Moon.

 

 

Sendo sincero, eu adoro a franquia, o cosmos mítico heróico criado por inúmeras obras que compõem o mesmo macro multiverso (Kara no Kyoukai, Tsukihime diversos Fates e agregados), utilizando por vezes de premissas e estruturas padronizadas para materializar a magia e as particularidades de cada cenário. E sim, existem muitos Fates.

Heaven’s Feel, ou HF para abreviar, adapta o arco final dentre as diversas possibilidades de fim que a espinha dorsal Fate/stay possui. Cada final, ou linha narrativa, tem por norte desenvolver facetas, circunstâncias e personagens diferentes, os quais, quando as cortinas descem e o espetáculo termina, demonstram a grandiosidade e a magnitude dessa obra como um todo.

No primeiro arco de Fate, o destaque fica a cargo de Saber, a serva que personifica a versão feminina do grande e mítico Rei Arthur, ou no caso, Arturia (Atoria). No segundo arco, ou fim alternativo, o destaque fica a cargo de Toosaka Rin, e por fim, nesse terceiro arco, Sakura ganha os holofotes.

 

 

Cada arco dessa espinha dorsal Fate/stay, colabora como suporte para a fama e para a extensão do macro multiverso de Fate, e focando nesta espinha dorsal apenas, ela tem as suas peculiaridades. Cindida em três possibilidades de desfecho que enfatizam eventos, histórias e características diversas, às quais, no entanto, apenas em soma nos possibilitam apreciar o brilho completo da obra. Não que cada um dos finais não tenha por si só uma amplitude magnífica, e sim, eu gosto muito da franquia, como devem ter percebido.

Não vou adentrar em detalhes de cada servo ou na complexidade das duas linhas de desfecho anteriores, ou mesmo na linha Zero, mas sim destacar apenas essa, HF, à qual eleva um possível desfecho extremamente negativo para a história. (ainda não assisti o último filme, mas em breve assistirei ><).

Nesse primeiro filme, somos apresentados para a realidade de Matou Sakura, uma kouhai extremamente gentil que tem um amor genuíno e adorável por Emiya Shirou, e é a irmã adotiva de Shinji, um amigo rancoroso e problemático que compartilha a juventude com o protagonista.

 

 

Sakura não sabe como expressar o seu afeto por Shirou, mas busca a todo custo ajudar o solitário rapaz. Shirou, por sua vez, a trata como uma amiga, mesmo que ele tenha desejos naturais e sinceros por ela, e também por Toosaka. Ele possui um grande afeto por Sakura.

Os sentimentos de Shirou, no entanto, são uma constante de seu caráter, ele é justo, digno, um herdeiro da integridade e do senso de humanidade e justiça de seu pai adotivo, Kiritsugu, e Sakura, apesar de ser alguém a quem preza absurdamente, só assim o é devido às circunstâncias de HF. Shirou efetiva o mesmo modo operante de ser em relação a Saber e a Rin, ou mesmo em relação a qualquer pessoa que precise de sua ajuda, ele é uma boa pessoa em essência. Não à toa, seu melhor amigo, Issei, costumeiramente lhe pede favores, e mesmo Shinji, um de seus amigos, quando precisa dele, ele está sempre disposto a ajudar. Seja Fuji-nee ou Illya, Shirou é um cara legal.

 

 

Sakura também é na verdade e real irmã mais nova de Rin, nascida na família de magos Toosaka, ela foi cedida e adotada pelos Matou, devido à ausência de descendentes magos e a decadência iminentes dessa família. Não me lembro ao certo o motivo desse acordo entre essas famílias.

Os Matou, no entanto, utilizam um tipo de poder mágico e treinamento que só pode ser caracterizado como monstruoso, desumano e repulsivo. Sakura é submetida desde a infância e iniciada nas práticas mágicas da família. O seu passado pós adoção é de um abuso indescritível, mas mesmo assim ela se mantém firme em sua personalidade. Sério, respeito demais essa garota.

O problema de Sakura não é apenas a magia da família Matou, mas também os seus membros. O patriarca da família é um decrépito e ambicioso mago, que em decadência busca brilhar uma última vez, e se possível, restabelecer a glória de sua linhagem. E Shinji, um mago abortado, um fracasso completo, uma pessoa que com um empurrão, tende a violência e a corrupção dos mais diversos tipos. Pode até ser um rapaz quase comum, com uma personalidade ruim em um mundo normal, mas quando o mundo mágico entra em cena, ele é um crápula execrável. Ele abusa de Sakura de diversos modos, tornando a vida dela ainda mais infernal.

 

 

Tudo isso é o panorama da realidade dos Matou, as políticas e atritos entre as linhagens de magos. O agravante em relação a tudo isso, é o santo graal, o despertar do conflito, a conjuração dos heróis e a montagem do palco para mais uma guerra pelo desejo que o artefato pode conjurar.

O graal é um item milenar, o cálice que armazenou o sangue de um Deus, no caso, Jesus, ele surge de tempos em tempos como uma anomalia e singularidade nas forças mágicas do mundo. Ele garante um fluxo de mana tão extraordinário que, ao ser utilizado pelas corporações magas, estipulou-se uma espécie de evento, uma guerra, onde por meio dos milagres concedidos pelo graal, heróis seriam invocados para uma competição, sendo o vencedor, o digno o mago mestre e seu servo, àqueles que poderiam utilizar o poder do graal para transformar o mundo segundo a sua ambição.

 

 

Sendo sincero, não me recordo das implicações históricas que o graal já protagonizou, e a qual é pontuada durante diversos momentos na franquia. Só destaco que essa tradicional guerra que acontece de tempos em tempos, desencadeou que, em uma de suas edições, o graal fosse completamente corrompido. A mana do graal, como bem presencia Kiritsugo, não é fonte de beneficies, mas muito pelo contrário, é um veneno em absoluto, e qualquer desejo que por ele seja realizado, tem um potencial de destruição inimaginável. (Para mais detalhes, pesquisem aqui: https://typemoon.fandom.com/pt-br/wiki/Santo_Graal e aqui https://www.facebook.com/FateStayNightBrasil/posts/2015037468632541/ )

O central de HF, é que o santo graal, para conseguir se manifestar no plano mundano, precisa de um receptáculo, e nisso, Sakura é forçada pelo patriarca da família, e ser esse receptáculo. Isso gera um efeito complexo, pois Sakura não é um Homúnculo, mas sim uma humana. Explico: Homúnculos foram criados como seres artificiais, humanóides que funcionam como chaves de portais para a manifestação do graal. Ao que parece, o original foi danificado, então a família de magos Einzbern desenvolveu um método de criar receptáculos para amparar o poder do graal.

Retomando, Sakura é humana, e quando entra em contato com o graal contaminado, acaba por cindir e manifestar uma dupla existência, uma sombra de pura corrupção que aos poucos, conforme o graal se fortalece e a guerra avança, consomem cada vez mais a existência humana de Sakura.

 

 

Esse é o palco desse final alternativo, uma sombra de poder inimaginável que obtém um ego e uma consciência humana, uma fusão entre as trevas e a absorção da maga Sakura. No decorrer desse primeiro HF, vemos o amadurecimento gradual e lento do graal, em paralelo com o enfraquecimento e decadência de Sakura. Também presenciamos os mestres e os heróis se digladiando em busca de interesses próprios que só podem ser conquistados pela vitória no conflito.

Não vejo necessidade de narrar os eventos detalhadamente, apenas destaco a astúcia do Assassin, que utiliza a sombra do graal para ter vantagem contra o Lancer e contra Saber, espero poder entender melhor as ações desse servo nos filmes subsequentes. E prestem atenção nos movimentos de Kirei, o padre decrépito que monitora e media os conflitos da guerra, mesmo embora ele mesmo seja uma parte interessada e operante nesse conflito. Em HF, ele fica de escanteio, assim como o Souichirou Kuzuki e a Caster, infelizmente. Os demais ainda têm um papel relevante nos outros filmes, então posso comentar um pouco sobre eles depois.

 

 

Também é importante enfatizar o quanto Rider, a qual é comandada por Sakura, oferece suporte constante a Shirou. As batalhas são lindíssimas, como de costume na franquia, e espero que quem esteja lendo esse artigo, esteja a par das demais adaptações da obra, conhecendo assim todo o panorama geral do conflito para poder compreender as variações dos demais em relação a HF.

Como o artigo não pode ficar muito longo, não poderei comentar muito mais sobre o filme, mas recomendo o vídeo anexado no começo do mesmo, onde a conversa se estende com mais detalhes, e diversos dos aqui enfatizados.

 

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