Peach Boy Riverside – ep 2 – Mais dois companheiros, menos um reino
Você conhece a lenda de Momotaro? Como bom otaku que já viu centenas de anime eu conhecia, mas confesso que não soube identificar a baita referência a ela na estreia do anime. O Mikoto é o Momotaro da história, o garoto que veio em um pêssego e vai derrotar os ogros, mas achei muito engraçado que logo no segundo episódio, primeiro em que aparece no primeiro plano da história, isso é tudo que ele não faz.
De antemão peço desculpas pela demora em iniciar a cobertura do anime aqui, mas agora que o artigo do segundo episódio está saindo devo sim lançar artigos de todos os outros. Aliás, você ficou sabendo que a ordem cronológica não é a mesma da de lançamento? O quarto na verdade é o primeiro, o primeiro é o segundo, esse segundo o terceiro, etc. Ainda assim, indico que veja pela ordem de lançamento, farei isso.
Esse episódio não foi espetacular (okay, foi muito bom), mas gostei bastante do contraste entre os protagonistas que as lutas deram. A Sally só tem o pêssego em um dos olhos e não tem noção de seu poder, já o Mikoto tem nos dois e controla o poder deliberadamente. Há ligação? Provavelmente. Além disso, foi bem notório ela ter matado o ogro e ele não, apesar de em parte eu ter achado a justificativa apresentada pelo cão razoável e em parte não.
A Sally não controla seus poderes, que deve ter adquirido após conhecer Mikoto, já ele controla e tem uma filosofia de vida bem estrita no que se refere aos ogros. Mas, apesar disso, ele foi razoável com a Carrot. Por que é um lolicon? Talvez. Mas mesmo que tenha sido também por ter achado ela bonita ou fofa, é inegável que deixar a personagem viva e explorar sua situação foi bem mais interessante que se apoiar em ódio irracional apenas.
Fico ainda mais feliz por esse personagem ter sido apresentado de maneira bem mais interessante do que eu esperava e já no segundo episódio, enquanto é evidente que a Sally é outra coisa quando libera seus poderes e um de seus desafios deve ser ganhar consciência da situação. Aquela que prega pelo entendimento muda completamente quando tem poder, aquele que não faz o mesmo ate que consegue ser sensível.
Porque a razão que o cão traz à tona faz certo sentido sim, além de trabalhar com algo básico, mas funcional, em uma trama, a semelhança entre dois elementos distintos, opostos. Semelhança essa que os aproxima e nos faz enxergar na Carrot um pouco do Mikoto, e tudo isso enquanto ela vai viajar com a Sally, a Frau e o Hawthorn, um grupo para lá de peculiar e variado dentro do que é o mundo em que eles vivem.
O “experimento” do “Momotaro” foi bem mais interessante que a morte do ogro morsa, mas, honestamente, até tomando ela como base, não dá para se livrar da ideia de que a Carrot sobreviveu porque é fofa e o ogro morsa não. Aliás, ela até ficou sem poderes, mas não deve ser apenas uma garota humana comum, imagino que ao longo dos episódios se realoque dentro do grupo e mostre utilidade em combate ou negociação com ogros.
Outra coisa, gosto de como Peach Boy é bem simples em como trata suas questões sociais, mas nem por isso faz um trabalho porco, e outro exemplo disso, esse mais sucinto, foi o da reação das pessoas as ações da Sally e da Frau. Não sei se você acompanha futebol, mas me lembrou muito a reação dos europeus quando os imigrantes ganham pelas seleções, pois quando perdem o fracasso parece justificar o racismo que os “nativos” escondem atrás de uma máscara de civilidade.
É por isso que figuras como o Hawthorn são raras, não à toa ele foi o único sobrevivente de seu reino, que foi destruído em um instante. Acho que ele vai seguir com a Sally atrás do ogro que fez isso, e como militar bacana que é deve contribuir ainda mais a pluralidade da party que conta com dois humanos (uma princesa que de frágil não tem nada e um militar integro), uma meia-humana e uma ogro. Isso que é aprender a conviver com o diferente.
Aliás, a Carrot ser tsundere não foi nada surpreendente, mas gostei da interação inicial entre ela e as outras duas, de como ela tenta se proteger o tempo todo e com isso demonstra um certo apego a sua identidade enquanto ogra, algo que não vejo mudando em sua jornada com a Sally, afinal, a heroína não carrega os preconceitos que outras pessoas carregariam, portanto, não deve querer mudar a Carrot, além de que, repito, a “ex-ogro” deve voltar a ter poder alguma hora, né.
Sendo assim, o que espero mais é uma construção inteligente que desmistifique os preconceitos entre as diferentes raças e crie um grupo de companheiros que se apoiem e respeitem independentemente das diferenças que tenham uns com os outros. Só fico pensando em como a mudança da Sally quando ativa o poder do pêssego pode atrapalhar um pouco isso, afinal, ela mata ogros indiscriminadamente nesse estado.
Por fim, gostei bastante desse episódio por ele não ter se apoiado em construções de personagens e situações medíocres, tentando sempre de maneira simples, mas eficiente, demonstrar que os personagens são mais complexos e interessantes do que suas descrições supõem. Além disso, o plot twist final foi de lascar, me deixando ainda mais hypado para ver como esses ciclos de amor e ódio vão coexistir ou qual se sobressairá ao outro.
Até a próxima!
P.S.: Aquele loirinho que apareceu no final é parente da Sally, né? Será o irmão dela? Só o que sei é que ele deve botar fogo na história. E sim, ainda não vi o episódio três ou quatro (os que saíram até agora), vou ver de acordo com os artigos que vou escrevendo para não prejudicar a experiência de escrever e, claro, assistir.