Peach Boy Riverside – ep 3 – Dividida entre dois mundos
Que outro belo episódio nós tivemos, hein? A cada semana (na verdade dia) gosto mais de Peach Boy pelo rumo que a trama vem tomando. Não o caminho da guerra polarizada, mas algo mais complexo e crível. Apesar disso, tenho umas ressalvas a fazer e talvez você me considere chato por fazê-las, mas o que é o crítico senão um chato com lugar de fala, né? Sem mais delongas, vamos falar sobre o que a Sally deve escolher!
Antes de mais nada, foi bem clichê falar de coração dos homens e vir com aquele papinho de que o homem quer ter alguém a quem proteger e por isso precisa ficar mais forte. Ainda assim, essa é uma construção boa pelo quanto se aproveita do Hawthorn (o militar do grupo) para cativar o pouco que for a Carrot. E é meio bizarro ela achar que os humanos, que vivem em sociedade, seriam tão vazios, mas não diria que incoerente.
Apesar de ter aparência humana, ela não convivia com humanos e a forma como os tratava (classificando todos como destruidores da natureza) já demonstrava esse distanciamento. Sendo assim, entendo a ogra ter uma ideia genérica sobre eles, que nem é exatamente errada pegando um recorte maior, mas com certeza não vale para casos específicos como o da Sally e do Hawthorn, humanos capazes de conviver com o diferente.
O Hawthorn, aliás, teve cortada qualquer dramatização em cima da aniquilação do reino, mas em compensação se envolveu com a agente direta dessa perda, o que a longo prazo deve promover o perdão dele, e se não isso, trazer uma nova faceta ao personagem. O importante por ora é que aos poucos os quatro parecem conseguir se entender e que, inclusive, esse entendimento deve ter parte na decisão que a heroína vai tomar.
Enfim, a Sally se reencontra com o Mikoto e se antes achava que ela era apaixonada por ele, agora acho que nem é bem esse o caso. Ela parece mais admirá-lo, o problema é nós não sabermos exatamente como a relação deles se deu. Se não me engano isso vai ser explorado no quarto episódio, o que pode parecer sacana pelo cliffhanger desse terceiro, mas bem razoável se a ideia é justificar o que acontecerá adiante na trama.
Em meio a esse reencontro temos o Sumeragi, um dos Grandes Ogros, aquele que está articulando nos bastidores para destruir os humanos ou coexistir com eles? Talvez nenhum dos dois. Provavelmente nenhum dos dois. A única certeza que tenho é de que seu interesse e particular (ele quer dominar o mundo, talvez?) e que ele não é irmão da Sally, apesar de ambos serem loiros. Além disso, ele quer ver o circo pegar fogo sim.
Não à toa convocou a reunião dos ogros e incitou o Todoroki (tinha que ter um shota, né) a matar o Mikoto. Além disso, tem a Juselino, a loli que o ajuda e foi responsável pela destruição do reino do Hawthorn. Aliás, a cena em que ela aborda o cavaleiro e pede seu amor foi estranha, mas conceitualmente é interessante essa ideia de amor que o Sumeragi está tentando explorar ao mesmo tempo em que incita o ódio com mentiras.
É como se ele estivesse tentando criar um jogo complexo de encontros e desencontros envolvendo tanto humanos, quanto ogros a fim de acentuar as desavenças entre as raças. O que também é favorecido pelas ações cada vez mais questionáveis do Mikoto, um herói que se vende como o “anti-ogro”, mas que já deixou duas ogras bonitinhas viverem, inclusive mantendo uma por perto, como uma companheira de viagem.
Nisso eu não tenho gostado tanto do anime, pois, apesar de achar interessante ele não ser intransigente ao ponto de matar tudo quanto é ogro, o fato de salvar só as bonitinhas avacalha um pouco. E não estou querendo dizer aqui que não deve haver justificativa boa para ele ter deixado a Millia viver (a da Carrot foi aceitável), só que também seria legal ver ele usando a mesma medida para pesos diferentes (um ogro feio, talvez?).
Por fim, o confronto final do torneio pelas 300 moedas de ouro vai ser entre a Millia e Hawthorn, que conta com a torcida da Juselino, um apoio que pode fazer diferença no resultado da disputa? Veremos. Mas mais importante que isso com certeza foi o encontro da Sally com o Sumeragi e depois dos dois com o Mikoto, afinal, as propostas que eles fizeram a ela apresentam uma construção diametralmente oposta interessantíssima.
Pois enquanto Mikoto é a pessoa ideal com quem ela quer estar, a proposta que ele a faz vai contra aquilo que ela prega. Já com o Sumeragi rola justamente o contrário, ela mal o conhece, não quer seguir ao lado dele, mas a proposta que ele a fez se enquadra em seus princípios. Se as falas dos personagens tivessem sido trocadas, saberíamos a mão que ela pegaria. Como não é esse o caso aposto em uma terceira via, algo diferente.
E é justamente aí que a party dela entra. Ela deve continuar viajando ao lado da Frau, da Carrot e do Hawthorn e rejeitar as duas propostas por não querer exterminar os ogros e nem confiar no Sumeragi. Qualquer outro desenrolar me surpreenderia bastante, ainda mais por entender que a Sally não busca a polarização (e a proposta boa é só enganação, né), ela é de centro. Mas isso é algo bom, pois não é o “centrão”, felizmente…
Até a próxima!