A morte da Parona foi uma saída preguiçosa? Acho que não, ainda que entenda que por não acompanharmos a personagem parece conveniente demais usá-la agora, justo quando o Fushi mais precisava desse elemento novo para alcançar seus objetivos. Diria até que foi sim bem conveniente, mas preguiçosa não porque lembrar dela agregou a questionamentos pertinentes ao nosso herói. Enfim, juntos somos mais fortes?

Essa “volta” triste da Parona trouxe um questionamento interessante à tona, o do valor da vida humana e da dignidade que a morte representa ou pode representar, já que não necessariamente há significado nela. Para o Fushi a morte é só ruim, mas isso porque ele não capta o contexto, algo que mesmo compreendendo não deve mudar em nada sua vontade de preservar a vida humana, apenas fazê-lo aceitar melhor seu fim.

E em meio a esse questionamento temos a Tonari, que obviamente tem um passado triste, mas me preocupa mais é pelo presente, afinal, é só impressão minha ou ela sempre parece estar escondendo alguma coisa? Não acho que ela seja “má” nem nada assim, só que carrega mais peso do que aparenta, não à toa aconselha o Fushi a sorrir mesmo triste, mas faz isso sorrindo, passando a ideia de que ela na verdade está triste.

Próximo episódio vamos conhecer melhor seu passado e por tabela o que podemos esperar dela no presente. Quanto ao futuro, quais as chances dela ter algum? Nenhuma. Por quê? Porque o background está todo armado para a tragédia e nem me prendo ao que a abertura aponta, mas ao que as circunstâncias das crianças expõem, mesmo que nesse episódio elas tenham mostrado o quanto são “sobreviventes”.

 

 

Enfim, o Fushi usa a cabeça e consegue chegar até a Pioran, mas não ao ponto de resgatá-la, entretanto, o diálogo dos dois não é de todo inútil, afinal, reafirma ao Fushi seu objetivo de vencer no torneio e salvá-la, assim como o empurra a pensar no provável significado do sacrifício da Parona. Só uma reviravolta colossal para ela ainda estar viva, então a realidade de sua morte é algo com o qual ele deve ter que conviver mesmo.

Aliás, como deve ter que fazer com a Tonari e com as outras crianças. Mas não pensemos nisso agora e sim em como o adversário da terceira rodada agregou ao desenvolvimento do protagonista, pois diferente de outros ele não só tinha um objetivo, mas também certa ética a fim de alcança-lo, assim como o Fushi. Foi por isso que os dois se conectaram e que o povo passou a pegar no pé do herói, um imortal que não mata.

E soa contraditório mesmo se a gente pensar bem, pois se o Fushi não sabe o que é morrer, então por que se preocupa com a morte dos outros? Porque ele foi criado em meio aos humanos, viveu (e na verdade ainda vive) entre eles e teve o olhar fisgado por sua beleza contraditória. É tolo pensar que porque ele não morre a morte não tem significado para ele, até por assimilar as formas daqueles que o estimularam em vida.

É claro que o povão não sabe disso, então entendo o incômodo deles, assim como a agressividade. Eles habitam uma terra sem lei na qual bater em uma criança não deve ser nada demais. E sabe o que é mais “engraçado”? Que mesmo nessa terra sem lei há o mínimo de organização em uma situação de urgência, como foi o ataque dos Nokkers. É claro que eles estavam se defendendo também, mas é inegável que houve “união”.

 

 

O ataque e a reação catalisaram um pouco o que é a vida em sociedade ou o mínimo necessário dela para conseguir sobreviver em uma terra sem lei, mas não jogada ao completo caos ainda. E o mais pitoresco é isso surgir na situação em que se encontram, além de ser uma frase muito repetida pela Tonari, me fazendo questionar se ela realmente acredita nessa união ou se fala isso apenas por ter sido machucada com sua falta.

Inclusive, pode ser justamente essa “falta” o que ela esconde. Sinto que o ponto certo da personagem não é nada surpreendente, mas não consigo decifrar todas as suas ações. Talvez seja mais incompetência minha, talvez ela realmente não seja exatamente o que eu estou pensando. Não vou especular em cima da abertura, prefiro esperar para saber mais de seu passado, assim como ver o desfecho desse arco e do anime.

Faltam poucos episódios, não vou estranhar se for esse o caso, ainda que os Nokkers tenham perecido dessa vez e o Fushi tenha recuperado a mãe e o irmão esquecidos. Aliás, talvez esses questionamentos e insegurança dele tenham sido influenciados pela ausência da March entre as suas essências, ainda que na época que os dois se conheceram ele pouco entendesse, o que não significa que não possa lembrar e refletir, né?

Por fim, como último adendo fica minha insatisfação com a animação e a direção, que em alguns momentos tentou disfarçar a falta de recursos e não explorou tão bem o potencial do roteiro desse episódio. Não ficou nada horrível, mas deu para notar que foi terceirizado, assim como a falta de tempo para cenas com movimento no final. Nada que tenha estragado um belo episódio, mas que certamente não o tornou maior do que foi.

Até a próxima!

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