Jahy-sama wa Kujikenai! – Uma demônia no verdadeiro inferno – Primeiras impressões
Jahy-sama wa Kujikenai! (The Great Jahy Will Not Be Defeated!) é um anime do estúdio Silver Link (Death March kara Hajimeru Isekai Kyousoukyoku, Imouto Sae Ireba Ii, Kenja no Mago, Kokoro Connect, Sunohara-sou no Kanrinin-san, Two Car) que adapta o mangá de Wakame Konbu. A produção é da temporada de verão de 2021 e possui a seguinte sinopse:
“Jahy, a segunda no comando do Mundo Inferior, acaba caindo em desgraça e vai parar na Terra, tendo que trabalhar para ter o que comer e onde morar, procurar cristas de mana para retomar a sua forma original (na maior parte do tempo ela é uma loli fofinha) e viver os mais diversos problemas no mundo humano que fazem parecer o Mundo Inferior uma molezinha. Será que Jahy conseguirá voltar a vida que levava antes?”
Séries curtas de comédia (de capítulos curtos e/ou de poucos volumes) têm ganhado cada vez mais animes recentemente e o mangá da Jahy-sama não poderia ficar de fora. Lembra do anime Hataraku Maou-sama!, do Rei Demônio que veio a Terra trabalhar no McDonald’s? A diferença dele para a Jahy é que ela era a segunda no comando do Mundo Inferior (o “inferno”) e ela é garçonete de um bar. Isso que foi mudança de vida.
Jahy-sama wa Kujikenai! é o típico mangá de comédia que se aproveita de uma proposta inusitada para tirar sarro com a protagonista, e posso garantir que isso funciona muito bem em tela, pois a Jahy é super divertida, muito porque sua seiyuu é a Naomi Oozora (a Satania de Gabriel DropOut e a Hana de Uzaki-chan wa Asobitai!), que caiu como uma luva para o papel, além de não ser difícil rir das peripécias da criatura.
A Jahy é uma demônia que tinha vida de rainha no Mundo Inferior, mas foi só ir parar na Terra que acabou em desgraça, o tipo de contraste que pode parecer só cômico, mas se justifica facilmente pela caracterização da personagem, uma mulher prepotente que manda e desmanda, não precisando pegar no batente e nem experimentar pequenas vitórias ou baita fracassos diários como faz qualquer pessoa comum na sociedade.
Não sei se haverá a tentativa de ir além nesses questionamentos, acho que a história nem precisa disso, mas é fato que há esse pano de fundo para a comédia, que é muito boa por sinal, me cativou logo nos primeiros minutos. Já havia folheado algumas páginas do mangá, mas não é o mesmo que ver a Jahy se mexendo e esperneando em tela com uma voz tão fofa e um corpinho tão pequeno que não dá para levar a sério.
Os japoneses são craques em adaptar esse tipo de mangá, então ele acaba tendo muitas qualidades que a gente já viu em outros animes do gênero, como o Gabriel DropOut, citado mais acima. Não à toa a gerente não sabia da versão “em miniatura” da Jahy, mas ao mesmo tempo não fazia sentido que ela não soubesse já que pediu a irmã para torná-la sua inquilina. E ninguém liga para a garota mudando de forma, né???
Resumindo, esse apego a detalhes pouco ou nada importa, o que vale mesmo nesse anime é a comédia e como os contrastes entre o Mundo Inferior e a Terra provocam as situações inusitadas que fazem a gente rir, extraindo muitas caras e bocas da heroína, mas também uma marra que a gente sabe que é pose. E melhor, ela não consegue se impor frente a alguém mais madura, como a gerente, que é tipo uma mãezona.
Ao mesmo tempo em que sinto um pouco de pena da Jahy também acho que ela merece suas mazelas, afinal, é mesquinha pra dedéu e sempre tenta tira vantagem, mas a verdade é que passa longe de ser a megera que se acha. O trecho dela fugindo da responsabilidade do aluguel e arrumando briga com a dona do apartamento faz a gente entender ainda melhor o quanto ela é imatura e ainda não entendeu sua situação.
Sua magia existe apenas para permiti-la trabalhar e não há qualquer perspectiva de que ela vá retornar ao Mundo Inferior ou de que cumpriria todas as ameaças que faz mesmo se pudesse. Por quê? Por autopreservação certamente, mas também por apego e sensibilidade. Não tem como a Jahy ficar imune a graciosidade da gerente, que a coloca nos trilhos sem muito esforço e sempre se apresenta a sua frente disposta a ajudar.
Inclusive, quando a Jahy perde a pedra e volta ao trabalho, o trecho final em que a gerente responde despreocupadamente aos questionamentos dela dão bem a medida do quanto, mesmo sem admitir, ela já gosta da chefinha e de que, para o bem e para o mal, a magia do Mundo Inferior não opera do mesmo modo na Terra. Aliás, a sensação de “valor extra” das experiências diárias é um dos grandes baratos desse tipo de anime.
E eu nem quero dizer que ser uma chefona no Mundo Inferior seja algo insignificante, só que isso vale para lá, mas não para o mundo real. É como se a Jahy fosse “alguém” em um mundo de jogo, mas que carece de muito para poder viver a vida tranquila, coisa que uma adulta gente boa como a gerente faz muito bem, até melhor do que a irmã, que não é muito mais madura que a Jahy pela forma como cobra seu aluguel.
Por fim, ademais posso dizer que a produção está bem bacana, as personagens são fofas (a gerente é fofa e gostosa), a comédia me faz morrer de rir toda vez e mal posso esperar para ver a garota mágica que quebrou o grande cristal e arruinou a vida da Jahy entrar em cena. Como vai ter vinte episódios, estreou mais tarde por isso, talvez role um pouco de seriedade em alguns momentos, mas duvido que tomará o todo da trama.
O final com ela chorando foi muito fofo, vai ser um prazer ver essa “quebra” da personagem de forma mais evidente aqui e ali. Não acho que ela vai mudar drasticamente até o final do anime, mas nem deve, a graça está justamente em ela ser como é e a gente rir da desgraça dela.
Até a próxima!