No quinto episódio pudemos ver como os irmãos Stuart eram sofridos e como a protagonista os transformou, agora na sequência, o anime apenas continua mostrando o poder que essa mulher exerce sobre qualquer alma vivente, claro que sempre da forma positiva e agradável que só ela pode fazer – e não esquecendo da boa dose de loucura e “viagem” que traz junto.

Flávio: Catarina muda a vida de todo mundo sem notar. As suas palavras supostamente banais eram tudo que algum personagem queria ouvir, mas não havia uma boca que as dissesse.

JG: O que eu acho bacana desses últimos episódios é que eles reforçam esse impacto da personagem, com coisas muito simples do dia a dia, solidificando o porque de todos estarem tão conectados a sua natureza singular sem qualquer esforço. Com as suas idiotices e autenticidade, a Catarina traz cor ao cotidiano pesado desse povo, e como você colocou, ela aquece esses corações com palavras poucas, mas preciosas.

Flávio: Com a exceção do Nicol e do Alan, os demais continuam iguais quando eram crianças.

JG: No episódio 6 bem deu para perceber isso, pois até as manias atuais eles mantiveram intactas, como o Keith e Geordo baterem de frente e a Mary possessiva. Uma pena que a Maria não fez parte desse grupinho na infância, mas fico feliz que encontraram uma forma de inserir a menina nessas lembranças, mesmo ela ausente.

Flávio: A rivalidade de infância entre a Catarina e o Alan é divertida. Bem que isso poderia continuar exatamente da mesma forma depois de crescidos. Hoje há resquícios de tal rivalidade que se transformou em outro sentimento, no caso, o amor.

JG: No caso deles acho que permanece essa pequena rivalidade, pois em alguns episódios por vezes ele levanta coisas que só os dois fariam, mas óbvio que sobressai ali um sentimento romântico maior. Penso que eles só não podem desfrutar mais desse lado amigos e rivais porque é tanta gente em cima dela que não tem condição de se fazer nada, nem competir para ver quem escala uma árvore mais rápido.

Em compensação se esse povo todo gosta do lado mais franco e simplório da Catarina, não dá para dizer o mesmo da mãe que inclusive é a figura que assombrou a infância de todos eles, exatamente por tentar colocar nossa macaquinha nas rédeas.

Flávio: A mãe da Catarina é mais assustadora que um fantasma.

JG: O que eu acho bem interessante na relação delas é que embora a Catarina original seja má, ela seguia bem as etiquetas, portanto imagino que se dê muito bem com a mãe. Agora porém, ela é boa, mas totalmente desajeitada para a desgraça da matriarca, então me pergunto se isso altera muito a relação das duas, ou se é só implicância de mãe mesmo.

Flávio: Creio que a versão original da protagonista não desse trabalho para a mãe, porque se comportava de acordo com o status social no qual pertence. Em contrapartida, isso não quer dizer que, necessariamente, elas fossem próximas

JG: Tem essa possibilidade também, até porque os pais dela pouco são utilizados na história, então não temos dimensão desse núcleo familiar – e levando em conta o gênero do obra, não acho que isso um dia vá ser explorado.

De qualquer forma, falando em relacionamentos, acho que o episódio 7 joga muito bem com as várias rotas que a Catarina criou, e para quem se lembra, ele tem uma dinâmica muito semelhante ao episódio do livro na primeira temporada, que também tinha essa ideia de diferentes sonhos ao mesmo tempo.

Flávio: O episódio do livro foi mais divertido devido as reações da Mary.

JG: O episódio em si é bem competente em reciclar a ideia que já usou, como uma forma de botar todos os personagens na roda. No entanto assim como você colocou, ele peca exatamente nisso, na falta de quem represente o eixo cômico, a Anne é ótima, mas ela está anos luz de entregar uma gama de expressões exageradas como a Mary e isso fica visível.

O que de fato dá um toque mais legal é o mistério da boneca, o sonho do Keith – que é o ápice – e a participação do Raphael que não só teve uma lição legal, como ainda tenta usar isso para gerar aquela piadinha mais adulta sobre o trabalho.

Flávio: O sonho dele foi o mais “sério”, e como você mencionou, houve uma lição que o personagem aprendeu.

Já o sonho do Keith foi o melhor por ser a galhofa em seu estado mais puro. Ressalto também o sonho da Maria, que também foi engraçado. Pra quê beleza e fofura, se com músculos, você aumenta a produtividade? Tirando a comédia, os sonhos refletem bem a personalidade e os desejos de cada um.

JG: Eu confesso que durante a maior parte do tempo eu me senti representado por Anne, Sora e Raphael, porque alguns sonhos mais inocentes como o do Alan e o do Nicol foram uma surpresa de tão bobinhos. Achei que eles almejavam um pouquinho mais alto, ou que o anime quisesse abusar mais do lado romântico que eles contêm normalmente.

O da Maria também me espantou, nunca na vida imaginei que ela quisesse músculos, ri nessa parte, porque como disse, bem ou mal todos refletiam suas personalidades e desejos – até o dos meninos que foram mais bobinhos -, mas nunca me passou pela cabeça que a Maria quisesse aquilo.

O sonho do Keith quando vi, pensei: “já quero um spin off invertido, vai ser sucesso”. Uma pena que essa boa ideia acaba por aqui, porque foi uma realidade bem divertida e inesperada.

Flávio: A Maria quer ser mais produtiva na cozinha, e chegou a conclusão bizarra, porém engraçada, que músculos seriamente a solução. Detalhe importante, culinária é mais uma questão de técnica do que força.

JG: Pois é, a Maria aqui foi longe no raciocínio, mas a questão é que eu acharia mais engraçado se ela mantivesse esse foco na realidade. Acharia hilário ver ela se matando no braçal e marombando na frente dos amigos.

Tocando no Raphael que citamos antes, eu acho que esse episódio meio que dá uma conclusão mais digna ao arco do rapaz que ocorreu lá na primeira temporada, porque até então ele tinha sido “perdoado” e assunto esquecido.

Dessa vez pudemos ter alguns relances de como as coisas fluíram depois dele se entregar, a chegada da Lana – que também apoiou ao Sora – e consequentemente as questões dele quanto a se perdoar e se dar a chance de ser feliz ao lado dos novos companheiros que vem conhecendo.

Foi legal ele ter percebido através da Catarina que ele é importante para as outras pessoas que estão ao seu lado agora e apenas não tinha se dado conta disso.

Flávio: Voltando para os sonhos, o da Catarina pode não ser o mais hilário, mas nem por isso é menos importante que os demais. Ela quer continuar do jeito que está, se recusando, de certa forma, a amadurecer. No episódio seis, ela fica preocupada da vida dela mudar ao casar com o príncipe Geordo.

JG: Isso inclusive é o que causou toda essa mudança para a Academia, uma fuga das responsabilidades dessa vida nobre. Embora bem engraçado, é curioso ver como ela se agarra a não mudança, mesmo que não saiba se isso vai ser positivo ou não.

Alguém bem parecido nesse sentido é a própria Lana, que comanda todo um grupo importante, mas corre do papel de chefa como o diabo foge da cruz, daí a dor de cabeça que todos tem.

Foi inteligente como usaram na comédia essa crítica social através da moça, que mesmo sendo uma excelente profissional, não é exatamente o melhor exemplo de líder nesse caso, levando seus subordinados e companheiros ao limite de sua razão.

Flávio: Uma coisa em comum entre os dois episódios aqui comentados é que eles desenvolvem os personagens, quer seja mostrando como mudaram ou não em relação a infância, quer seja mostrando os desejos mais íntimos dos personagens.

JG: Exato e é isso que gosto em Hamefura, porque mesmo de uma forma muito bobinha e simples, é possível notar que há um trabalho nos personagens. As vezes é numa cena sem noção que tem uma mensagem jogada ali e olhando com carinho a gente percebe.

Fico curioso para ver se agora vão introduzir mais algum mini arco mais sério – como aconteceu na primeira temporada -, já que passamos da primeira metade e falta pouco para a reta final, ou se o anime vai se sustentar mesmo na comédia episódica.

Obrigado a quem leu e até a próxima!

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