A hora da verdade, quem tem integridade e honradez, e aqueles que destilam veneno pelas presas, os súditos e os políticos, a confiança está sobre a mesa da derrota iminente. Será que é o maior dos pecados abandonar o barco antes do naufrágio? Ou afundar o barco para oferecer de bandeja os espólios ao novo “amigo”?

 

 

O rei está em xeque. O sorriso se apaga dos rostos assim como no combate em campo este lhe foi a oferenda da vitória. A marcha do pânico ecoa nas vozes dos mensageiros, a corte treme de pavor.

Dentre a fibra e dentre as víboras, a mensagem já circula pelo frenesi da conspiração, os conselheiros lutam as guerras do ego, do status e da ganância, mas através do ar denso de um palácio que se transforma em lápide, urge uma resoluta decisão.

O rei, o último pilar e alvo de todos os olhares, toma a frente, quebra o decoro e a apatia, empunha a espada e a responsabilidade, que se faça o impossível ceder os joelhos frente a vontade do homem.

 

 

A situação é simples, o palácio é um castelo de cartas, as defesas, um véu transparente de fragilidade. A cidade imperial, capital e espelho da glória, reflete apenas as ruínas de uma resistência inútil.

No entanto, assim como a armadura não faz o cavaleiro, a cidade não faz a o reino. A última fortaleza, porta de entrada e fronteira do destino, é o palco do ato final. Mesmo que os habitantes se contorçam em desespero, a fuga não é uma opção.

Motim é apenas uma fraqueza da mente, que se orgulhem de sua casa e que a ela protejam, é o momento onde os civis, aqueles que estão submissos ao não combate, lutem. A palavra de Sei é o seu corpo, lado a lado, comandando pessoalmente, um igual, o reino é nosso.

 

 

Xin, por sua vez, abatido, mas ainda em pé, cambaleia pela escuridão em direção ao inferno. Se deseja morrer, que morra cumprindo o seu dever até o fim. Ten, Sei e Xin, os fragmentos exaustos, combatentes que mal somam os três milhares, a fronteira final da capital, as sobras que mal chegam a dois milhares, e os habitantes, velhos, mulheres, crianças e não soldados, o povo em sua força de dezenas de milhares, que façam frente ao mais temido e poderoso general da coalizão, Li Boku.

Com grande respeito e frio na espinha, chegamos ao clímax que se desenrola por um episódio de transição, mas de densidade, que apresenta o cenário desesperador à qual cada humilde patriota ou camponês está vinculado, onde os reis nada mais são do que a faísca da sobrevivência.

Se destaca, para além da resoluta resistência, a resignada resiliência, a esposa, a corte, ou mesmo os derrotados que adentraram a cidadela de Sui, e que agora tem por missão a defender até o último fôlego, o fluxo de maturidade e dignidade absolutas de Sei. Um verdadeiro rei.

 

 

Fico no aguardo para descobrir qual será o desfecho dessa saga, e mesmo que saiba que os protagonistas venceram, é de suma importância presenciar o preço que será pago.

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