Ganbare Douki-chan é um anime curto de Yom, o criador de Miru Tights. A produção tem simulcast da Crunchyroll e conta a história de dois colegas de trabalho em situações “românticas”.

Vai ter senpai, kouhai e muito fanservice com lingeries, meias-calças e o que mais fez a cabeça do público que acompanha as artes fofas do autor no Twitter e que deram vida a essa animação.

Mas o que dá para falar de um anime desses? Que a arte é bem fofinha e apresenta o fanservice esperado, até um pouco ousado em alguns momentos?

Sim, mas prefiro tocar em outros pontos que podem parecer problematização desnecessária, mas para mim são em boa medida relevantes.

Por exemplo, não é errado uma moça ter expectativas de avanço no relacionamento ao dividir o mesmo quarto com um rapaz, mas…

Essa noção de que um avanço sem consentimento explicitado, ou no mínimo sugerido, é normal é bem recorrente em animes e mangás, né?

E sim, isso é um problema porque reforça uma cultura de assédio com a qual esse tipo de produção compactua. E não, não estou dizendo que esse é o objetivo da obra, mas que essa construção clichê é um problema.

Ele não ter feito nada não muda o fato da lógica estar distorcida, pois sim, se ela tinha expectativas por estar apaixonada que então demonstrasse de forma mais “clara”.

O rapaz ser um tapado, obviamente seria em um anime de fanservice como esse, acaba sendo a saída mais fácil para mascarar a leniência com uma situação que na vida real não tem lá muito cabimento.

Repito, o problema nem é a mulher ter expectativas, pois ele poderia avançar sem buscar contato físico de imediato, mas esperar um avanço físico sem nenhuma sinalização para tal é um problema.

A mulher dormir “desprotegida” não é induto para agarrá-la e isso é algo que espero que os animes e mangás entendam um dia, ou melhor, que a sociedade japonesa questione mais e permita menos.

Até porque, por exemplo, também há a questão do fanservice, da objetificação do corpo feminino, mas até para isso daria para ser menos preguiçoso.

Não me entenda mal, não estou querendo dizer que valido o fanservice como um todo, mas que sei que esse tipo de anime é problemático por natureza.

Como é Tawawa on Monday 2 (Getsuyoubi no Tawawa 2) que também está tendo simulcast da Crunchyroll, adiantando a temporada de outono.

Pelo menos Tawawa já teve anime; já pudemos conhecer, até curtir, a dinâmica das personagens; mas o fanservice lá também é pesado…

Diria até que Douki-chan foi um pouco mais ousado com aquelas cenas finais da heroína de lingerie vermelha e gemidos sugestivos, fazendo jus as artes muito fofinhas, mas muitas vezes também sensuais, do autor.

Miru Tights mesmo é uma ideia super fetichista que me culpo por gostar tanto, e sei que me culpar é fácil, até preguiçoso. Tentar levantar o questionamento dos problemas da “narrativa” é o mínimo que posso fazer.

Por fim, me questiono até se posso chamar esse tipo de obra (que existe apenas para explorar os dotes femininos e fetiches masculinos) de narrativa.

Não à toa as três; Miru Tights, Ganbare Douki-chan e Getsuyoubi no Tawawa; surgiram de artes que ganharam notoriedade no Twitter.

Aliás, Iya na Kao (o anime em que as garotas mostram a calcinha) e Dogeza de Tanondemita (a do dogeza “pode tudo”) têm a mesma origem.

E são tão problemáticas quanto. Mas sim, todas me divertem. Eu não tenho jeito, eu sei. Pelo menos tento reconhecer que são problemáticas por natureza.

Inclusive, o “herói” ser um self insert safado (alguém em quem o telespectador pode se enxergar até devido a ausência de um rosto que dê vida ao personagem) é a prova maior de que não há história.

Mas a gente não assiste esse tipo de anime por isso, né… É pela “piada”, claro.

Até a próxima!

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