Ancient Girls Frame (Dou Shen Ji na China e Toushinki G’s Frame no Japão) é um anime original do estúdio Seven Stone Entertainment que fala de garotas colegiais salvando o mundo usando robôs gigantes alienígenas.

A produção é chinesa, mas também tem dublagem japonesa (que deve ir sendo lançada aos poucos). Segue a sinopse extraída da Funimation (streaming oficial do anime).

 

“Quando criaturas monstruosas do espaço aterrorizam a Terra, um grupo de soldadas escolhidas, chamadas Ancient Girls, é a última esperança da humanidade.”

 

Infelizmente, esse anime aqui cai em uma das críticas que já fiz a animes chineses em algum outro artigo, a tentativa de se aproximar demais dos animes japoneses e com isso não conseguir encontrar sua própria identidade.

Isso é meio bizarro com esse anime, pois é um projeto que foi anunciado há anos, mas nunca ganhou uma data certa para estrear, tendo sido feito o anúncio definitivo já nos primeiros dias da temporada de outubro.

Em todo caso, é óbvio que a produção já vinha de um tempo, ainda que, por exemplo, a animação passe longe de ser rebuscada, não apresente um alto nível de qualidade, e varias das cenas usadas na abertura tenham sido retiradas do próprio anime.

Isso não é tão raro, mas não gastarem uma grana com a abertura, algo que vende um pouco o anime, me passa essa impressão de que faltou esmero. O mesmo que faltou ao bolar a história e executá-la.

Enfim, falando da trama em si, o anime apresenta tantos clichês que nem sei por onde começar. A estreia foi com dois episódios que você pode assistir na Funimation, estando o primeiro com dublagem em chinês e japonês e o segundo só em chinês até o presente momento.

E nesses dois episódios o papel de apresentar a trama e convencer o público a acompanhar o anime é devidamente cumprido? Eu acho que não. Por quê? Porque faltou algo para prender o telespectador nesses episódios. Uma luta, uma morte, um drama.

Tem o drama das irmãs, a protagonista é bem babaca quando fala com o pai, mas não saiu muito disso. Até o drama dela não consegui pilotar logo é descartada pela urgência em sair ao socorro das colegas, mais um clichê.

Não que ela não devesse pilotar, deveria, é óbvio, o detalhe é em como trabalhar essa dinâmica. Fazê-la ser absorvida pelo mecha por motivos de “exibição” e depois só voltar a acessá-lo em extrema necessidade é bem medíocre.

Além disso, há todo um pano de fundo interessante sobre expansão espacial da humanidade que é barrado pelos Nergal, os aliens sem graça que são os inimigos da humanidade.

Outra questão pouco aproveitada é a tal da DG (Divina Graça), a nova fonte de energia que possibilitou a humanidade dar uma trapaceada e evoluir tecnologicamente mais rápido.

E não é nem que eu ache que o anime seja obrigado a se aprofundar nesses tópicos, mas olha, entre clichês de garotinhas fofas tendo que lutar para salvar a humanidade e sci-fi acho que você deve imaginar qual prefiro.

Sem falar que em dois episódios tanto a animação, quanto os designs e o uso dos aliens é bem ruinzinho, não conferindo qualquer tipo de tensão a trama. No máximo, quero saber onde a irmã mais velha da heroína foi parar.

Mas também, né? Se nem isso o anime nos entregasse de mistério a fim de suscitar algum interesse… Até porque, por exemplo, construir a heroína dentro do clichê de alguém não qualificada para fazer algo X, mas que consegue “magicamente” não ajudou.

Pelo menos houveram umas duas coisinhas na dinâmica das girls frame que me agradou, como a inserção da “coringa”, a garotinha capaz de pilotar qualquer frame, e o fato de nem todas terem seu próprio robô para lutar todas juntas de uma vez.

Com isso, ficam algumas lá de backup, seja para tentar sincronizar com o robô se uma não puder ou esperar para aparecer um robô que bata o santo com o delas. Esse tipo de circunstâncias podem ser interesses se bem aproveitadas nos próximos episódios.

Por outro lado, as companheiras da heroína são tão clichês ou sem graça quanto ela. Destaco apenas a de cabelos vermelhos que faz o perfil mais centrado das cinco, e a garota morena que é uma uigure, apesar dela ser representada de maneira meio imbecil.

Os uigures são uma minoria étnica que habita principalmente a Ásia Central, mas especificamente a China, e não sei muitos detalhes sobre eles, só que com certeza não são todos ilusionistas, como a garota dá a entender que são.

Além disso, há relatos de abusos contra essa e outras minorias étnicas na China atualmente, mas não vou me aprofundar no assunto com medo de comentar algo sem embasamento.

Por fim, falta falar mais alguma coisa sobre o grupo de garotinhas fofinhas que vão salvar o mundo? Ah, elas são descendentes dos aliens que deixaram os robôs na Terra. Que bizarro!!! Mas pelo menos tentaram explicar, e não é de todo ruim vai.

O que lastimo é não irem a fundo na questão ao mesmo tempo em que agradeço por isso, pois anime assim, medíocre na acepção da palavra, costuma se perder quando tenta se explicar demais, parecer mais complexo do que realmente é.

Ainda assim, vale a pena ver Ancient Girls Frame? Eu acho que sim, mas apenas se você realmente tiver curtido os dois primeiros episódios, pois não me animaria por algo melhor, em nenhum momento essa estreia apontou para isso.

É um amontoado de clichês com praticamente nenhum momento empolgante, no máximo um mistério que pode aguçar o interesse do público, mas deve ter um desfecho previsível, isso se até o fim da temporada tiver um.

Aliás, até que gostei dos designs dos robôs, só é uma pena que os monstros sejam bem desinteressantes. Espero que, mesmo que pareça abrupto, tragam algum tempero a esse antagonismo, nem que seja a base de uma figura antropomórfica, outro clichê.

Inusitadamente assisti o primeiro episódio em japonês e o segundo em chinês só para escrever este arrigo, e foi naquele player ruim da Funimaion, então imagina o quão divertido foi a experiência para mim, né? Espero que o terceiro episódio seja melhor, se eu assistir…

Ancient Girls Frame é um Negócio da China? Não. Definitivamente não é.

Até a próxima!

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