Entre monstros sobrenaturais, demônios e uma sociedade tecnológica super desenvolvida que conta com a ajuda de poucos humanos com poderes especiais – vulgo espers -, essa estreia traz mais um daqueles enredos onde essa turma especial precisa combater um mal maior e por vezes mais enigmático do que devia ser. A pergunta agora é, será que isso presta?

Drowning Sorrows in Raging Fire – ou Lie Huo Jiao Chou no original – é um anime derivado de uma novel chinesa, produzido pelo estúdio Shenying Animation e também disponibilizado pela Funimation, que ultimamente tem investido bastante nessas produções. A história é como descrita acima, mas com o adendo especial de que o protagonista central é um demônio também, assim como o suposto vilão da história.

Quando digo suposto vilão, é porque ainda não ficou muito certo quais as intenções do personagem misterioso, pois ao passo em que ele é um ser maligno revivido intencionalmente – imagino que por causa do seu alto poder -, o mesmo se contém bastante nos danos que causa inicialmente, e meio que vai ali enrolando seu adversário, sem deixar claro a que veio.

Xuan Ji mesmo sendo um demônio, vive entre os humanos há um certo tempo e isso fez com que ele desejasse protegê-los. Como consequência ele adere a organização que controla os acontecimentos sobrenaturais daquele mundo e que gerencia esses raros indivíduos com poderes.

Um ponto curioso é que nesses primeiros episódios não se tem um pano de fundo trabalhado no rapaz, na verdade fica em suspenso até o motivo pelo qual teria se adaptado ao mundo humano tão rapidamente. Depois de seu aparecimento o vilão planta algumas suspeitas sobre seu passado, deixando a dúvida de ele ter sido exilado, expulso ou coisa do tipo, então fica essa primeira questão para que o anime resolva.

No meio desse grupo de proteção, ele é designado a equipe de pós cura – não entendi a ideia do nome, mas enfim -, um time “inferior” que de inferior não tem tanta coisa assim, pois os mesmos fazem parte dos espers limitados e que são necessários para ajudar na resolução desses casos mais absurdos.

Posso estar enganado, mas acho que talvez a inferioridade deles tenha mais a ver com as personalidades e natureza de cada um. A Bi é uma simpática senhorinha psíquica, já o Luo é um homem covarde que controla plantas – o alívio cômico mais óbvio -, e Quianru uma garota bem tímida boa de tecnologias.

Por aqui parece um time grande, mas embora eu goste da diversidade deles – especialmente a Bi que é bem eficiente no uso de sua telepatia -, suas próprias limitações parecem não ajudá-los muito a ir mais longe do que prestar assistência. Com a chegada do Xuan Ji acho que as coisas devem melhorar para eles e quem sabe o grupo avance.

Voltando ao problema central da história, durante uma excursão a um desfiladeiro, o misterioso Sheng Liyuan é revivido forçadamente por alguém que desconhece, e com sua chegada também tentam fazer um ritual que vai liberar mais monstros no reino humano e todo o foco fica em resolver como parar o negócio.

Preciso dizer que achei no mínimo interessante como o vilão não parece ter muito a ver com o negócio, mesmo tendo sido despertado em um momento bem conveniente. O mais curioso é que mesmo depois de tanta correria para pausar o “Círculo dos Mil Espíritos” e o sucesso em neutralizar o demônio que o provocou, no fim é o Sheng que conclui o processo, então fica confuso qual a necessidade de um ter aparecido e feito toda a “patacoada”, enquanto o outro poderia ter perfeitamente resolvido tudo desde o princípio.

Imagino que o anime agora foque em dar profundidade ao confronto entre os dois demônios de lados opostos e talvez até uma possível aliança ou amizade, dependendo das intenções do vilão, até porque se ele ajudou sem se preocupar em anular o plano do “colega”, ele pode querer qualquer coisa. O negócio é ver para saber onde isso vai parar.

Os episódios em si são bem dinâmicos e é ação basicamente do começo ao fim, também tem alguns momentos de embate na base do diálogo travados por Xuan Ji e Sheng, na tentativa de se manipularem e arrancarem informações um do outro. A ação tem uma coreografia bem decente e que empolga na medida do possível – a cena do selamento mesmo é bem cheia de detalhes.

A animação é um mistério porque a princípio tudo dá a entender que ela seria completamente feita em CG, porém a abertura tem trechos em 2D e em algumas cenas avulsas também – até bem feitinhos por sinal. O CG sinceramente não é tão ruim, dá para levar numa boa caso não seja muito exigente, ele não chega a fazer seus olhos sangrarem, então acho que é um ponto positivo.

Bom, dito tudo isto é uma estreia que gostei ou indicaria? Honestamente não, porque não gosto do estilo do anime e da sua proposta, então dispenso – pela minha experiência pessoal a nota aqui seria bem menor. No entanto, falando de forma abrangente e sem minhas preferências, a trama não começa mal, tem um “quê” de intriga ali que pode fisgar e a parte técnica embora não seja o 2D que todos preferem, não atrapalha a execução do resto.

Para quem curte espers ou essas histórias de demônios de não sei quantos mil anos revivendo e enfrentando os “coleguinhas”, tá aí uma opção que pode valer a regra dos três episódios. Se não gostar como eu, acredite, não fará falta alguma na sua lista.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

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