86 não é o tipo de anime que combinaria com slice of life não fosse a bela insert song que iniciou os trabalhos nesse episódio e o estado no qual os personagens se encontravam. Férias merecidas? Descanso necessário? Ou um intervalo ante ao inevitável? Todos os três.

Para zoar um pouco, me diverti bastante na primeira parte desse episódio, principalmente com os desmandos da Imperatriz e as tentativas de persuasão para lá de cringes dela. Além disso, me diverti ao ver o Shin fazer sucesso com mulheres mais velhas, ele, o bonitão calado.

Mas das cenas na biblioteca o personagem e a interação mais digna de nota se deu entre o garoto (que é alba?) que ia com a irmãzinha e ele. Dois rapazes de idades parecidas, mas experiências completamente diferentes com a guerra, e corações bondosos, vale.

Outra diferença é que o Shin se moldou no campo de batalha, virou uma máquina de matar, mas também de sobrevivência. Sobre o outro, não vou estranhar se esse reencontro for reaproveitado lá na frente como um marco do reinício do ritual de passagem promovido pelo Undertaker.

Quanto aos outros, eles tiraram seu tempo para curtir a liberdade, ficar no ócio, fazer um curso ou trabalhar, e tudo em meio ao Festival do Sagrado Nascimento que nada mais é que o nosso Natal. Época perfeita para fazer algo de diferente, como se todos estivessem de férias.

Mas é justamente aí que morava o problema, em nada essas experiências deles pareciam um recomeço, fosse pelo pouco apego que elas os exigiam, fosse pelo pedido do velho Ernst, que praticamente os obrigou a tirarem um tempo para só confirmar o que já sabiam.

Antes de me aprofundar nisso, queria falar do sonho do Shin, que visualmente achei menos impactante do que a ilustração respectiva na novel, que você confere abaixo, o que nem é um problema se pensarmos que narrativamente cumpriu seu propósito com excelência.

E não sei o quanto desse sonho se deve a habilidade de “ouvir” as vozes dos mortos ou a seu subconsciente, mas de uma coisa tenho certeza, esse fardo também era combustível, e era só ao se distanciar dele que o Undertaker poderia se reafirmar nessa experiência.

Pois só assim que se rompe a gaiola da pena, afinal, a da opressão já havia sido rompida. Não existe mais ninguém apontando armas para as cabeças deles para que lutem, apenas suas próprias vontades de não se omitir frente a uma luta que também se tornou deles.

Na conversa do Theo com a Anju a gente apenas constata isso, que eles estavam literalmente matando o tempo, mas a resposta já se encontrava em seus corações. E sim, é óbvio que isso se deve ao fato da guerra não ter acabado e deles saberem que podem ajudar.

Mas claro que nós também sabemos que aquele é todo o mundo que conhecem e que, portanto, é mais “cômodo” retornar a ele, mesmo que eles saibam da dor que isso ainda deve acarretar. Mas agora há uma diferença, ser obrigado a fazer algo não é o mesmo que ter uma escolha.

E nesse caso eles escolheram, ainda mais após lidar com uma realidade ainda tão permeada por veículos de guerra, em uma guerra que se avizinhava do estado de paz onde habitavam. Não à toa a Kurena, que viu o desfile ao longe, foi a primeira a se pronunciar em alto e bom som.

Se muito, dá para dizer que eles precisavam desse tempo para se certificar do que queriam, de onde achavam que poderiam ser úteis. Não tinha como exigir uma mentalidade diferente de alguém que viveu a guerra feito eles. Menos mal que há o Ernst para situá-los um pouco na realidade.

Tanto é que a condição que ele impõe faz sentido vislumbrando um futuro, que é acessível a eles caso consigam sobreviver a guerra. Não que a gente espere algo de muito diferente do anime. E isso vale até mesmo para a Frederica, que espero que consiga alcançar seu objetivo.

Aliás, não estranhei a revelação dela ter ordenado o ataque da Legion, mas sim a questão da idade. Isso foi tão estranho quanto sua habilidade de ler a história de vida da pessoa através do sangue. Nisso ela não se aproxima do Shin? Deve ser por isso que se apegou um pouco a ele.

Como 86 já trabalha em cima desses bases não vejo como encarar com maus olhos as revelações dela, no máximo se preocupar em como isso pode ser usado no futuro. Por ora, era óbvio que eles não a odiariam, e que ela também teria sua jornada, um novo objetivo a arrendar a trama.

Até a próxima!

P.S.: A música de encerramento é bonitinha e tudo mais, mas a direção foi bem medíocre ao produzir a ED. Diferente da primeira temporada, em que não só a música era melhor, como dar uma de Avenida Brasil caiu bem demais, artisticamente falando.

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