A Irina tem um medo de altura brabo que eu devo ter também, só não saio “testando” que nem ela. Como lidar com isso? Ter um senpai que pensa nas suas necessidades ajuda, e se isso faz o Lev se importar mais com a Irina, então nós saímos ganhando, concorda?

A verdade e que esse anime só melhora, e com isso vemos não só mais dos personagens, como também do mundo cinzento em volta deles. Nada pode ser despendido de um contexto péssimo, mas mesmo dentro dessa escuridão há boa vontade contra a ignorância. Siga-me!

Antes de mais nada, que reunião mais detestável a dos políticos, militares ou sei lá o que russos, foi o tipo de coisa que eu imagino mesmo ter acontecido à época (e se duvidar ocorre até hoje), que nos passa a certeza de que o anime não vai passar pano porcaria nenhuma.

Mais tarde o próprio Lev fala disso, que os russos são uns belos filhos da puta e até por isso ele anda se equilibrando em uma linha tênue que é ajudar a Irina, tratando a garota com a dignidade que ela merece, e não deixar escapar o que pensa a fim de não ser enxotado do projeto.

Tem mais coisa aí, mas daqui a pouco chego lá, antes elogio a conexão entre o Lev e a Anya, que mesmo em momentos distintos bateram na mesma tecla, na necessidade de estudar, de entender, a fim de superar o medo, o que em alguma instância o preconceito também é.

O encontro do Lev com os colegas de outrora e a forma ríspida como eles agem devido a posição do rapaz diz muito sobre isso, como a ignorância deles nubla suas visões, os levando a compactuarem com os valores podres que foram embutidos neles ao longo da vida.

Para quebrar esse ciclo é preciso de um salto de boa vontade, de boa fé, mas isso não é algo que todo mundo consegue fazer por si só, infelizmente. Aliás, mesmo aqueles que chegam a essa concepção costumam ter um empurrãozinho para tal.

Não vemos qual é no caso da Anya, mas dá para deduzir que sua própria natureza, de cientista que procura estudar e entender antes de julgar, a leva a ver a Irina como mais que um espécime, como um indivíduo que merece respeito, por mais que também tenha suas curiosidades incômodas, né.

Quanto ao Lev, ele teve a influência da professora que abriu seus olhos para a verdade, o que o levou a refletir sobre sua realidade, ainda que com a noção de que não poderia ser tão explícito quanto ela. Para uma criança processar isso exige boa vontade, coragem mesmo.

Além disso, a forma como ele entende a podridão em que está imerso, mas não se deixa sufocar por ela, é realmente interessante. Eu não consigo julgar o Lev por ainda ser militar mesmo sabendo como funciona o exército e seu próprios país, afinal, ele tem um sonho, poxa.

Talvez não realize, vai precisar quebrar muitas regras para tal, mas ele tem direito sim de flertar com a hipocrisia se for para se realizar, o que eu nem acho que ele faz, afinal, é como venho dizendo o artigo todo, o Lev transita entre os dois mundos, isso enquanto se envolve com a Irina.

Até que ponto isso vai eu não sei, mas tenho certeza de que se ele foi capaz de socar um superior uma vez, pode fazê-lo outra, pode fazer coisa pior, até pelo que está compartilhando com a garota, seu próprio sonho. Não tem como ele não se projetar um pouco nela, né.

Aí seus sentimentos se distanciam da inveja que seus colegas sentem, e se a Anya apela um pouco com Irimiau acho que o Lev se relaciona com a Irina de maneira mais equilibrada, justamente o que torna mais irresistível a relação dos dois, a gradação de sua evolução gratificante.

Algo extremamente bem sintonizado com a ideia do voo noturno, da sensação de liberdade que o ato de voar traz a quem o pratica. Mas sabe o que tornou tudo ainda mais legal? Como outras coisas aconteceram durante e depois e encorparam ainda mais a narrativa.

Não que não seja importante aproximar ainda mais os dois, mas isso a gente sabe que o anime vai fazer, eu já não sabia que a Irina recusaria sobrevoar sua terra natal e o que isso pode significar. Talvez que nada lá esteja bem e ela não queria se deparar com essa dura realidade?

Talvez que ela guarde remorso por ter sido levada pelos militares e, aparentemente, seu povo ter concordado com isso? E isso é canalizado nos sonhos acordados, pesadelos vívidos, que ela sofre e com os quais ela precisa lidar, os quais ela precisa sufocar, para não demonstrar fraqueza.

E essa é a forma de resistência da garota, que não podemos esquecer, é russa, ou ao menos nasceu no território do país (do equivalente no anime), então sim, é clichê dizer que ela é dura na queda como se vende a imagem do russo, mas ao mesmo tempo dá para não usar esse clichê?

Não sei. Só o que eu sei é que sim, não tem como não amar a Irina, o Lev e a Anya, que gradativamente tem me cativado mais e mais, cada um a sua maneira, todos conectados por um fio invisível de compreensão e respeito. Espero mesmo que os três tenham um final feliz.

Por fim, quando o Lev traz ao papo essa história dos militares quererem algo a mais que apenas ir a lua isso só reforça o que o anime já vem falando não só desse episódio, mas reforçou nesse em especial, que os seres humanos, nesse caso os russos, são os vilões da história.

E isso é importante por quê? Porque anda lado a lado com o sucesso ou insucesso dá empreitada e como qualquer um dos dois vai se dar. Tem o Franz ali, que a gente sabe ser um sacana, dando conselho para o Lev, tem as ordens para se livrar da Irina após o voo, tem muita coisa rolando.

E em meio a isso temos uma OST que contribui bastante para a seriedade do anime, que aos poucos vai cada vez mais se soltando, mas não se desprende de forma alguma do peso dramático das situações que apresenta e do que elas impactam nos personagens.

Temos uma Irina que não quer abrir mão daquela que é praticamente a única coisa que lhe restou, seu orgulho. Temos uma Anya que não quer se deixar dominar pela ignorância e o preconceito. Temos um Lev que não quer ter arrependimentos em seu caminho para o espaço.

E não só isso, ele não quer tratar uma igual de forma diferente. Como estamos em uma construção gradativa, lenta, mas potente, é fato que não dá para afirmar que ele vai chegar a esse tipo de conclusão pelo que aconteceu até agora, mas você tem alguém duvida de que vai acabar assim?

E por mais que o final seja potencialmente trágico ou dramático, não tem como não querermos ir em direção a ele. Tsuki to Laika to Nosferatu só não ganhou um 10 meu em episódio ainda porque acho que o anime pode ainda mais, mas é certo que já superei meu medo de não amá-lo.

Até a próxima!

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