Antes de mais nada, peço desculpas pelo atraso, acabei administrando mal meu tempo e só consegui ver o primeiro episódio do novo arco recentemente. Novo arco este que começou bem? Eu acho que sim, mas há ponderações a fazer, como é com tudo na vida, não é mesmo?

O arco anterior não foi coberto aqui porque já havia feito um artigo do filme, então só o que fiz foram as primeiras impressões dele. Sorte a minha que o primeiro episódio era o único material exatamente inédito, então as coisas encaixaram e agora cobrirei o arco mais safadinho do anime.

Não tenho muito o que falar sobre o recap do arco anterior ou o informe a família do Kyojuro e outras figuras sobre o ocorrido no trem, foi mais para encher linguiça e fazer o episódio duplo, que prendeu a atenção dos telespectadores por uma hora e certamente agradou aos patrocinadores.

Kimetsu no Yaiba é talvez o maior sucesso de massa desde Naruto, então devemos interpretar certas escolhas logísticas como manobras de mercado a fim de valorizar um produto tão cultuado no mundo todo, e principalmente em sua terra natal, o Japão.

Quanto a “conteúdo novo”, a gente pode falar sobre o Muzan versão criança prodígio, o Akaza com o rabinho entre as pernas tomando bronca do chefinho e a busca incessante do vilão pelo lírio-da-aranha azul. Não lembro se revelaram por que ele quer a flor, mas não é óbvio?

Muzan quer uma garantia para lidar com o Tanjiro, cuja Hinokami Kagura o amedronta, algo que fica ainda mais evidente para nós após as revelações do Shijuro, o ex-Hashira das Chamas, Sendo assim, é de se imaginar que a flor o ofereça resistência ao sol, e a respiração do sol por tabela.

Mas antes de ir a fundo nisso, queria falar sobre o encontro do Tanjiro com a família Rengoku, uma sequência que misturou um pouco de tudo o que esse anime tem a oferecer, mas de maneira estranhamente orgânica e satisfatória. Até o pós-arco do Rengoku é bom, não tem jeito.

Primeiro, vamos falar do pai, que com sua intransigência destilou rispidez, mas também deu algumas pistas ao Tanjiro. A respiração do sol, trazida a trama na figura da dança Hinokami Kagura, é a respiração primordial da qual todas as outras derivam e para a qual todas devem voltar.

Pensando logicamente, não seria estranho a respiração da água, sendo a água a fonte da vida, ser a primordial, mas se lembrarmos que os inimigos a serem derrotados são os onis, não é estranho que o sol, e tudo que tenha a ver com ela, esteja mais intimamente relacionado com essas criaturas.

E é por isso que a forma como o Tanjiro se sente é tão compreensível. Ela tinha o poder em si, o potencial, mas não era capaz de acessá-lo e por isso o Rengoku não pôde ser salvo. É assim que ele pensa e isso é natural, mas claro, não foi culpa dele as coisas terem acabado assim.

Diria até que eles podem se orgulhar por terem contribuído para o sucesso da missão, que foi salvar o trem sem nenhuma vítima fatal (exceto pelo Hashira, óbvio), além disso, a frustração que ele sente é combustível para seu fortalecimento, reafirmando suas convicções de que ele pode e deve fazer mais.

Mas aqui Kimetsu no Yaiba acerta demais ao erguer um muro na frente do protagonista, ao mesmo tempo em que aponta o caminho para superá-lo. Isso dentro de um processo natural para esse tipo de trama, mas o qual nem sempre anda lado a lado com a morte e o drama que a cerca.

É claro que o Rengoku veio a se tornar um personagem relevante só nesse arco, é diferente matá-lo do que seria matar um dos três heróis ou o Tomioka, mas, ainda assim, não é como se isso não trouxesse peso narrativo a trama, ainda mais com a grande exploração que teve.

Que alguns podem ter achado exagerada, mas eu penso que a produção foi até o limite do possível nisso, levando em consideração a proximidade dos Hashiras das Chamas com a respiração do sol, tornando a família Rengoku um ponto de interesse óbvio aos olhos dos telespectadores.

Infelizmente, se tem algo que não gostei muito foi do clichê, pois deram alguma informação sem ir a fundo, erguendo uma barreira que o herói não vai escalar no momento. Uma hora os segredos sobre a respiração do sol virão à tona, mas não de forma objetiva e nem gradativa.

Por outro lado, dada a caracterização do ranzinza do pai do Kyojuro eu entendo sua recusa em ir a fundo no assunto. Ele mostrou ressentimento com os usuários da respiração do sol, respiração esta que aparentemente caiu em desuso, mas sobre a qual, por exemplo, o Mestre deve ter informação.

Por que o Tanjiro não foi falar com ele? É isso que não entendo, ainda mais sabendo do potencial da técnica. Conveniência de anime que chama. Felizmente, houveram coisas mais palpáveis ainda nessa sequência, como o destino do Senjuro e os sentimentos de seu pai.

Nisso a trama não foi clichê, pois o caçula não deve seguir o caminho do irmão mais velho e, apesar do pai ter amolecido, como era óbvio que uma hora aconteceria (e de ter dado a entender que seguiria o que o filho pediu), a verdade é que ele não ajudou mais o Tanjiro em nada.

No fim, ele jogou uma bomba, mas se pensarmos bem foi uma bomba para o Tanjiro, não para a gente, pois era algo fácil de imaginar que seria trabalhado dessa forma. O Muzan quer matar o Tanjiro para eliminar a respiração do sol e encontrar a flor para vencer o sol caso não consiga matá-lo.

Não esperava menos de um vilão caracterizado como inteligente e ardiloso, ainda mais vendo a interferência de um Lua Superior como ocorreu no arco anterior. Quando envolve Hashira o Muzan sabe que não adianta mandar oni normal, só a elite oni pode lidar com a elite humana.

E é por isso que esse arco, o do Distrito do Entretenimento, envolve outro Hashira, pois é a forma mais fácil de elevar o grau de gravidade nas lutas e nos acontecimentos na trama ao mesmo tempo em que desafia mais os heróis, dinamizando uma história que poderia enrolar bem mais.

Mas não vai e a gente sabe disso, assim como não vou enrolar muito mais para terminar este artigo. Por fim, elogio os momentos cômicos desse episódio, acho que eles terem se acumulado no final, e terem sido trazidos em situações de acordo, balanceou bem com o que foi o meio.

Eu só não gostei muito da apresentação do Uzui, acho mesmo que o tapinha na bunda da Aoi poderia ter sido cortado, mas ao mesmo tempo não vou ficar problematizando em cima disso vendo como é o personagem, um ex-ninja que cansou das sombras e quer é “causar”.

Não, isso não justifica assédio, mas o cara é mulherengo (spoiler: ele tem três esposas) e babaca, então, apesar de ser um Hashira, espero que ele seja pintado com tons mais cinzas, como o Rengoku não foi e nem deveria ter sido, mas a premissa desse arco pode favorecer, convenhamos.

Até a próxima!

Comentários