Tsuki to Laika to Nosferatu vai me deixar saudades, apesar do anime ter perdido um pouco de força após o voo da Irina e esse final em especial ter sido um tanto confuso. Ainda assim, acho que ele foi necessário a fim de dar um final digno aos heróis cosmonautas.

Antes de mais nada, se tem algo que gostei nesse episódio foi da participação da Anya. Inclusive, se tudo estava dentro dos planos da secretária, isso incluía o que a Anya fez? Se não, que sorte, hein? Porque sem a ajuda que ela deu a Irina não vejo como a vampira teria ido a praça.

Outro detalhe questionável foi o monologo do pai do Lev sobre o quão traiçoeiro é sua nação e como o filho não deveria baixar a cabeça para ela. Em um mundo ideal o pai não poderia ter falado palavras melhores, no mundo real a coisa toda não parece um pouco sonhadora?

A sorte do Lev é que o feito dele o fez ter “costas largas” porque só assim mesmo para ele revelar o que revelou e não ter sofrido uma queima de arquivo. E para não dizer que falei mais mal do que bem sobre esse começo, tem uma coisa que elogio no anime como um todo.

A caracterização dos vampiros da obra poderia ter sido mais “fiel”, mas, convenhamos, seria ainda mais difícil superar a barreira do preconceito e vislumbrar um mundo de convívio mais igualitário com uma raça que não pode pegar um raio de sol e tem que se alimentar de sangue sempre.

Sendo assim, nada mais adequado que fazer algumas adaptações a fim de explorar outros aspectos, que podem ter dissociado a história da de um vampiro mais convencional, mas ao mesmo tempo associaram ela a algo que importava mais na trama, que era “discutir” o preconceito, etc.

E nem é como se o anime tivesse sido perfeito na defesa dessa narrativa em busca da igualdade, é só que acho ela mais relevante que a vampira ter caraterística x ou não. Aliás, após o discurso básico do Lev (o que todo mundo esperava), o que ele revela é um sinal desse acerto.

Confesso que não estava esperando a retribuição dele para ela da forma como foi feita, mas não acho que ela foi exagerada ou inadequada, pelo menos não quanto ao conceito de contar a verdade para o mundo, o que me incomodou um pouco foi o desenrolar “atabalhoado” da coisa.

Um destaque que faço desse discurso foi seu depoimento sincero sobre o preconceito que ele tinha antes de conhecer a Irina. Comentei isso em artigos anteriores, que é uma predisposição da maioria das pessoas pela criação que têm, algo que ainda assim pode muito bem ser quebrado.

O primeiro movimento em direção a isso é a boa vontade, se permitir olhar para o outro como um semelhante, não um diferente. Falar o que ele falou para o mundo todo levantou essa bandeira, eu só não sei se a quantidade e a qualidade dos detalhes que ele dá eram mesmo necessários.

Mas apesar do discurso ter ficado um pouco invasivo, por parte do Lev eu consigo comprar essa atitude dele, assim como a reação da Irina de ir ao seu encontro, o que eu não conseguia era aceitar a passividade com a qual a situação se desenrolava, mas depois entendemos o porquê.

Tudo foi premeditado para parecer natural, e foi natural até certo ponto (eles não sabiam que estavam dançando na palma da mão de Buda, né), mas ter sido arquitetado para aquele final fazia mais sentido do que o contrário. Não dava para crer naquela segurança de quinta, por favor.

O caso é que ainda que sendo de interesse do governo, colocar a sobrevivência e a revelação da existência e do papel da Irina na conta do chefe de estado, como se fosse em algum aspecto algo de interesse pessoal dele, não me agradou. Foi passado de pano para os russos do anime?

Foi sim. Além disso, repito, o plano pareceu improvisado demais para a importância que teve. Se o pessoal da entrega fazia forte oposição ao que ocorreu, agiram feito verdadeiros amadores incapazes de interceptar um alvo correndo as claras no meio da rua como a Irina fez.

A forma como a situação foi gerida não me agradou, mas das justificativas para esse desenrolar “pitoresco” essa, envolvendo interesses políticos, me pareceu a menos pior. A questão é que é difícil imaginar a Rússia, e qualquer contraparte dela, como progressista, como é falado no anime.

Isso foi difícil de engolir demais, e se não fosse o final feliz dos protagonistas a nota desse episódio com certeza teria sido menor. Inclusive, a fim de defender minha nota trago outros pontos de qualidade desse ato final, como a inusitada cabeçada da Anya e a revelação que faltava.

No discurso da Irina a garota revela o que queria falar ao Lev sobre a lua, que almejava chegar lá ao seu lado. Um novo objetivo belíssimo e que não duvido que renderia uma segunda temporada não fosse o fato dos russos nunca terem pisado em solo lunar. Lev e Irina seriam os primeiros.

Contudo, isso não vai acontecer, a gente viu até gente do século XXI envolvida com a corrida espacial, além disso, mesmo que o mangá siga por esse objetivo, não apostaria em uma continuação, diria até que não há necessidade. O anime é mais legal pela base histórica que ainda conserva.

Outra coisa que gostei, mas não demais, foi das reações “ásperas” da população, que se por um lado poderiam ter sido piores, por outro, levando em conta a moral do Lev e a complacência dos superiores, acabaram tendo um tom razoável. Ídolos são exemplos a serem seguidos, né?

Pra fechar meus comentários sobre essa parte política, o rearranjo do governo deu uma aliviada na estranheza que foi esse episódio, mas não aparou todas as pontas soltas, deixando sim o final menos palpável do que o ideal, ainda que, repito, isso não tenha sido algo surpreendente.

Desde o princípio a crítica aos manda-chuvas e a população de Zirnitra só cobria até a página dois, ficando aquém do ideal na caracterização de um país, uma instituição, um povo mais realista no aspecto do preconceito, da divisão de classes, no controle do poder e da informação.

Por vezes cheguei a entender que o anime mandava bem nesse aspecto, mas a verdade é que a coisa foi abrandada consideravelmente, algo personificado na figura da secretária, e que se não ocorreu só ou para passar pano para russo, com certeza foi para permitir esse final feliz.

Sobre o Lev e a Irina, esse episódio final acabou sendo tão corrido que eles sequer tiveram tempo de conversar antes da cena final. E ainda teve o breve papo esclarecedor com a secretária, que tomou mais tempo e chafurdou no óbvio, mas era necessário para nos dar alguma satisfação.

Por fim, se o anime deu suas derrapadas na questão do preconceito e da caracterização dos militares, por outro lado, deu o final feliz que eu creio que a maioria dos espectadores desejava, além de ter conectado ainda mais os protagonistas mesmo sem uma definição sobre o romance.

Sobre sua “vingança”, foi melhor a Irina se tornar exemplo, mesmo com todas os problemas, para os vampiros e dampiros que fazer algum mal a quem a maltratou. Nisso, mesmo que tenha sido sem querer, o anime foi bem, pois fez a correção histórica que muitas vezes a vida real não faz.

Até a próxima!

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