Demoramos, mas não falhamos e aqui estamos para dar o nosso parecer sobre esse último episódio, que por sinal rendeu mais do que estávamos achando que ele renderia, ao pensar nas consequências desse sequestro relâmpago da Emilico. Vamos lá nos despedir de Shadows House?

Bom, o episódio foi bem dinâmico dando fim a caçada de Kate de uma forma bem simples e fazendo uso de todo o grupo principal, o que dá ainda mais força para a aliança que construíram, pois sabemos que com o Edward de olho – e com raiva -, união é o que eles mais vão precisar no futuro.

Infelizmente a impressão que fica é que o vilão foi pego pela própria ambição e tolice, pois se ele realmente almejava pegar a Kate sem falhas, ele deveria ter feito um melhor uso de seus parceiros, mas principalmente, pensado direito na armadilha para pegar a garota – afinal agora ele já sabia do que se tratava o poder dela para neutralizá-la.

A forma fácil como ela se desvencilhou dele, só mostrou como ele ficou “burro” em meio a seu desespero de se provar e ascender. Pode ter sido só uma conveniência ou deslize do roteiro? Claro que pode, contudo dada a aflição do personagem, não é difícil pensar que de fato o que pesou mais para que seu plano falhasse miseravelmente, fosse o seu desequilíbrio emocional no momento.

Os amigos dele mesmo não fazendo parte do projeto ainda tentaram ajudar, e vamos combinar que ambos fizeram o melhor que dava no improviso. Sabíamos também que o John parecia ter bastante poder, mas o menino surpreendeu com sua força bruta e o raciocínio que demonstrou, ao servir de trampolim para a Kate e se valer dos truques dos adversários para se salvar – para alguém que sempre pareceu depender bastante do Shaun, ele se saiu muito bem.

Avançando toda essa parte mais agitada, o que realmente nos chamou a atenção são as cenas que seguem o momento em que as crianças são oficialmente salvas e o Edward pego com a mão na massa, sem chance de defesa, porque é aqui que começa um pouco da confusão que o final provavelmente causou na mente de vários que assistiram.

Bom, enquanto acompanhávamos a conclusão desse clímax, a cada cena a sensação é de que algo não estava correto, as coisas não se encaixavam muito bem – ao menos aparentemente – e se estiver desatento ou não puxar um pouquinho da mente, a coisa fica pior e por isso nós chegamos a algumas teorias que nos deram uma impressão melhor desse encerramento.

O primeiro ponto por exemplo, o Edward ter recebido perdão mesmo depois de um erro grave e sem qualquer fundamento, não deve ter sido algo aleatório, pois para quem prestou ao Grande Avô desde o debute, o velho deixa claro que mesmo por caminhos tortos, o Edward deu a ele resultados expressivos quanto ao futuro da família – só isso já sustenta ele ser pelo menos mantido por ali, mesmo rebaixado.

Ao perceber que mesmo preocupadas com coisas banais e estabelecendo relações diferentes das que são pregadas ali, as crianças obtiveram sucesso e poderes que ele não esperava, o patriarca percebeu que os Shadows tem mais potencial a se explorar e isso ele deve ao vilão.

Como extra também temos o fato de que mesmo desesperado e inconsequente nas suas ações, o Edward é claramente leal ao seu líder, diferente do quarteto do terceiro andar. A adoração dele não é algo forçado, ao contrário, acreditamos que é genuíno da parte dele, então o chefão também não perde ao tê-lo por ali e provavelmente ele já percebeu tudo isso, justificando bem a sua ação de punir levemente.

O segundo ponto é a reação das crianças pós sufoco, pois ali claramente todas elas já se sentem plenas, fora de perigo e curtindo a vida, quando deviam ter algum receio ou incomodo com os adultos e os segredos da família. Tudo pode parecer doido, mas também temos uma explicação para isso.

Dentre todos eles, a Kate é a que tem mais conhecimento e informação do que acontece na mansão, porém lembremos que mesmo ela sabe muito pouco e o que ela sabia era apenas sobre a questão da humanidade dos “bonecos” – o que foi passado aos outros três. Fora isso eles tinham conseguido uma vitória e não havia quaisquer motivos para que eles fizessem alarde ou se revoltassem contra alguém.

As crianças também não sabem das intenções dos adultos maiores com os humanos, como eles os pegam, a questão da fusão entre mestre e servo, além de vários outros detalhes que só a elite tem ciência. Se pensarmos que aparentemente ninguém faz mal aos humanos e o único perigo vigente era o Edward, não é difícil pensar que os problemas acabam quando ele é parado.

Mas dentre as interrogações, a maior delas é, o que exatamente foi a cena derradeira com todos cantando a musiquinha da família e de repente aquela xicara vindo do nada? Bom, nossa teoria dá conta de que isso é justamente a ponta que faltava na parte da comemoração.

Ok, vamos colocar que as demais crianças não tinham grandes motivos para pensarem fora da caixinha, mas e Kate/Emilico? Elas viram o que aconteceu com a Rum e a Shirley, passaram um aperto nas mãos do Edward, desvendaram o segredo das bonecas, como assim permaneceram tranquilas e visualmente conformadas com o status quo?

Falando nas “falecidas”, um brinde muito bem vindo é que a Shirley não só morreu, mas passa bem, como a Rum está antenada com a ela. Juntas, uma como mini sombra e a outra como uma boneca velada, elas podem ser muito mais interessantes na história, coletando informações e apoiando seus amigos pelos bastidores, como já fizeram ao descobrir a trama do Edward.

Voltando a Kate e Emilico, aí é que está, achamos que elas não se conformaram e a quebra da xícara representa dessa insurgência que está brotando dentro das personagens. Desde sempre a sombra procurou um caminho próprio de se relacionar a sua parceira e viver sua vida, do mesmo jeito que a boneca mudava o seu entorno, essas experiências só reforçaram isso nelas.

Engraçado que curiosamente enquanto os outros cantam tranquilos, quando chega a vez da Emilico cantar seu pedaço, não só ela não canta a “música da lealdade”, como toda a trilha sonora é interrompida, o que para nós é uma pista de que aquela quebra é um símbolo do rompimento das duas com aquele sistema.

Outro detalhe bem interessante é que resgatando dos acontecimentos mais recentes, o café meio que representa a submissão – por conta da fuligem oculta -, então ele cair ali tem uma mensagem sim. Talvez o semblante pacífico das duas no cotidiano, seja apenas uma fachada para que elas consigam conviver bem por ali, ao passo em que vão descobrindo melhor as coisas.

Como a direção não podia fazer as duas protagonistas dizerem com todas as letras que nada será como antes, o que entendemos é que essa simbologia da xícara de café que se quebra e o canto interrompido, acabam dizendo muito sobre a nova jornada da dupla nas entrelinhas – e quem sabe dos outros também.

Enfim, Shadows House terminou e por mais que o último episódio tenha parecido estranho ou desconexo, teorizar calmamente sobre os detalhes, fatos, mensagens e simbologias, nos fez pensar que nada foi jogado de qualquer jeito. Isso nos deixou com uma melhor impressão geral e um sentimento de satisfação pelo fim dessa jornada misteriosa, que ainda tem muito pra render.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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