Shuumatsu no Harem (World’s End Harem) é um anime programado para 11 episódios dos estúdios Gokumi e AXsiz (Tonari no Kyuuketsuki-san, Ramen Daisuki Koizumi-san) que, olha só que interessante, foi adiado da temporada de outono de 2021 para a de inverno de 2022 um dia antes da estreia oficial. Por “sorte” rolou uma pré-estreia na TV japonesa e é por isso que temos este artigo aqui.

O anime adapta o mangá de LINK (história) e Kotaro Suono (arte), sendo a ilustradora uma conhecida mangaká de hentai que inclusive já teve adaptação para anime. Já ouviu falar, ou leu ou viu, de Boku dake no Hentai Kanojo? Então, é da autora.

Mas não, não estamos aqui para indicar hentai (só faço isso se você aparecer lá no nosso discord hahaha) e sim falar sobre um mundo só de mulheres, o que seria uma utopia para os tarados? Segue a sinopse da Crunchyroll (streaming oficial do anime).

 

“Tóquio, Japão, no ano de 2040. Reito, um jovem que sofre de uma doença intratável, decide entrar em um sono criogênico para se curar, e desperta cinco anos depois num mundo completamente transformado. O vírus MM (Mata-Macho) matou 99.9% dos homens do planeta, transformando-o num super-harém com 5 bilhões de mulheres para apenas 5 homens. Reito é um dos únicos cinco indivíduos resistentes ao vírus MM – os Numbers – e é forçado a se “acasalar” pela sobrevivência da humanidade, envolvendo-se numa misteriosa conspiração global. Conseguirá ele resistir à tentação e salvar o mundo?”

 

Vamos ignorar as fileiras de peladas e falar da confissão com cara de compromisso do protagonista porque, poxa, dizer que não está tentando induzir a decisão da moça ao se confessar e depois contar que vai ficar fora cinco anos é brincadeira. Ainda assim, nem culpo a personagem por isso e sim o roteirista, que claramente quis alinhavar uma situação a ser explorada no futuro.

Mas deixando isso de lado, não chega a ser engraçado como a sociedade evoluiu tanto em cerca de 20 anos em comparação a quando o mangá começou a sair, mas não consegue lidar de maneira minimamente crível com a questão da falta de recursos que se abateu sobre a sociedade após a pandemia que dizimou os homens?

Mas vamos lá, eu sei que a história é toda construída para avalizar o ecchi, não necessariamente a fazer sentido em todos os pontos, o que me pega é tentar justificar e em muitos momentos usar justificativas ruins para questões mais sérias. Sinto que se Shuumatsu abraçasse mais a galhofa seria mais fácil de curtir o anime.

Mas antes de explanar melhor os defeitos dessa estreia, tem uma coisa que é usada de forma um tanto incômoda, mas que não é de todo errada não, que é a promessa do Reito com a Eliza, o sentimento do rapaz pela moça, tanto que acho razoável o tempo que ele pede para encontrá-la e saber se ela quer dar a luz a um filho dele, não muito o “desafio” que a Suou Mira propõe.

Aliás, a Suou Mira não é muito parecida com a Eliza e não parece um tanto robótica? Quero saber da história dela (apesar de temer uma bullshit), mas sobre a aparência é fácil de imaginar que ela tenha sido escolhida pela semelhança com a paixão do protagonista a fim de deixá-lo mais “solto” e facilitar a procriação. O problema disso é que se é isso, então por que sequer a ensinaram a seduzir um homem?

Ainda vou me aprofundar nesse tópico, mas antes, é só impressão minha ou o anime atrasou devido a covid-19? Ele existe desde 2016 e vendeu muito, a adaptação era só questão de tempo mesmo. Outra coisa, essa mais importante, estou sendo chato demais ou a cena do protagonista saindo do carro é ridícula que dói?

Digo, se o recurso mais precioso para a humanidade é o “homem”, como arriscar a segurança dele, assim como o vazamento de informação? É de uma burrice tremenda, tudo para justificar a cena no meio da rua com a Mira terminando de contar a treta para o Reito. Por exemplo, fazer a mesma cena com aquela fileira de mulheres do início do episódio faria muito mais sentido.

Claro, sei que não teria o mesmo impacto dentro da tentativa de justificar a importância do recurso “homem” a fim de reerguer a raça humana. Eu só não entendo porque esse recurso se faz tão importante em um mundo automatizado por IAs, com menos pessoas para usufruírem dos recursos e tecnologia suficiente para armazenar e compartilhar informação, além de compensar qualquer “deficiência” da mulher.

Na verdade, não tem isso de deficiência porcaria nenhuma não, não faz sentido o mundo estar tão mazelado a não ser pela vontade de acariciar o ego de parte do público que se incomodaria caso as mulheres fossem autossuficientes, pois pensa aqui comigo, mesmo se elas fossem, ainda assim sêmen seria imprescindível para a sobrevivência da espécie. O problema real não é esse, é a contextualização conveniente, pobre.

Aliás, pensando bem, isso também serve para pressionar o protagonista, pois junto com o prazo para a morte dos congelados há a urgência da procriação, também a fim de estudar esse bebê com anticorpos desde o nascimento e assim criar uma vacina, uma cura. Como não sei se dá para fazer isso só com quem acordou e não foi afetado pelo vírus, não vou criticar ainda não terem encontrado uma cura para o vírus.

Quanto a inseminação artificial, até tocar na questão denota muito dessa tentativa de se justificar constantemente que o anime tem, o que confere uma certa responsabilidade para falar sério e que eu diria que não funcionou em praticamente nenhum momento nesse episódio. A explicação “Eu não sei” para a questão foi maravilhosa, me faz rir quando eu vejo que marcam “sci-fi” como gênero nesse anime.

Não que a ciência seja obrigada a dar todas as respostas para todas as questões, mas a gente sabe que isso é o que menos importa aqui, é tudo feito para mostrar peito e bunda em insinuação ao sexo, quando dava para fazer isso sem tentar parecer sério e seria melhor assim. Shuumatsu no Harem seria bem melhor se abraçasse a galhofa de vez e tivesse ecchi pesado de verdade, coisa em que falhou miseravelmente na estreia.

Porque, sério, as únicas cenas ecchi do anime ou são nudez por nudez ou a tentativa de sedução ridícula da Mira. Apenas se jogar em cima do homem e dizer alguma coisa desistindo na primeira recusa dele não é realista, ainda mais pelo contexto de urgência jogado goela abaixo do público. E não é nem que eu apoie a mulher assediar o homem, é só que não é nada verossímil uma desistência tão rápida dela.

E pior, a aparente falta de orientação dela de como agir. Eu sei que não tem homens no mundo, mas essa moça era criança cinco anos antes ou não tinha acesso a informação, as orientações de uma mulher mais experiente ou mesmo como simular com um boneco, uma IA, qualquer coisa? Por exemplo, se ela fosse treinada para ser uma tarada tenho certeza de que poderia pelo menos avançar mais na sedução.

Acho que ela não conseguiria persuadi-lo a penetração e nem teria graça assim dada a seriedade com a qual a própria trama encara a premissa, mas assim também foi muito pobre, subaproveitou a proposta de ecchi hardcore que Shuumatsu tem. E eu sei que pareço contraditório ao tacar o pau no anime e pedir mais ecchi, é que de duas uma, se você se propõe a algo, então faça. Shuumatsu não f*de nem sai de cima.

Nem vou falar da irmã porque ela não fez nada para o bem ou para o mal, no máximo deu uma amansada no Reito, que, ainda assim, não retrocedeu em suas convicções, mesmo após saber do irmão, outro fator de pressão em seus ombros. Enquanto isso, a Mira em reunião com sua chefe foi bem vergonha alheia, expondo a intenção de quem cria a obra, do sexo pelo sexo, não da procriação em si.

Porque penso que seria possível inseminar a mulher sem o sexo necessariamente dito, mas isso seria broxante e estragaria a proposta, né? Então o cara não pode ser gay (apesar de que em um cenário extremo um gay também poderia procriar, por que não?), não pode ser feio, não pode ser eunuco, não pode ser nada que não bonito e/ou safado a fim de explorar o fetiche do público.

Cinco bilhões de mulheres para cinco homens é realmente insano e imbecil, afinal, não é um bilhão de mães em potencial e a gente sabe disso. De toda forma, é só uma colocação para ilustrar a diferença entre uma população e outra, eu sei disso, mas em um contexto de várias asneiras até uma frase que não fede nem cheira incomoda. Shuumatsu no Harem se sabota demais em sua estreia, é impressionante.

Por fim, digo e repito, se era para ter essa proposta, que abraçasse a galhofa então, tentar justificar as coisas torna tudo meio cringe e eu confesso não gostar muito disso, ainda mais quando sequer há o ecchi pesado que poderia haver, o que, é verdade, se deve também ao protagonista, o pior tipo para se ter nesse tipo de história, mas justamente o tipo que causa raiva na maioria do público.

E com essa raiva imagino que alguns abandonem pelo caminho, mas que outros insistam e vejam até o fim, uma parte pensando que gostaria de estar no lugar do Reito (eu entre eles), outra só porque sim. Enfim, é, deu para ver que eu não gostei dessa estreia, mas, ainda assim, admito, a proposta me “cativa”, se é que você me entende. E sim, esse mundo só de mulheres seria uma utopia para qualquer tarado. Um aqui falando.

Até a próxima!

P.S.: Em janeiro a gente se vê de novo em artigos de Shuumatsu no Harem porque é óbvio que vou cobrir essa pérola.

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