Mais um episódio de Mahou Tsukai e toda sua vivência com cenários, animais e músicas épicas. Mais uma vez, oportunidade em que fica evidenciada para todos os teimosos de plantão a direção de fotografia e o pessoal da música. Nessa nova aventura, um quarteto vai adentrar um pouco no passado de Elias (e talvez reviver – ou ao menos compreender – alguns monstros que fizeram e fazem parte de sua trajetória e serviram para moldar suas atitudes e pensamentos como os conhecemos na série) e como Chise o influencia em seus mais variados aspectos e dilemas.

No caminho, a jovem se aproveita para algumas perguntinhas norteadoras do que há por vir e do que veio para a vida de Lindel. A política, digamos assim, que impera na terra dos dragões toma uma perspectiva ainda meio inedita e serve pra modular algumas coisas que acontecerão ao longo da série. Além disso, esse cenário é muito bem desenhado e animado, o que apenas corrobora a capacidade de assimilação que o anime tem em juntar coisas boas, tornando-as melhores ainda.

Após algumas nuances e apresentações da situação e dos conflitos, o novo tema a ser trabalhado se revela: dominação. Um ente extremamente pertinente a qualquer relação humana, em seus mais variados graus e aspectos, rege alguma forma de hierarquia ou desigualdade que, por vezes, se traduz em poder e predomínio. Um tema capaz de atenuar ou esquentar a relação do casal singular e que já teve palco em alguns curtíssimos momentos ao longo da animação.

Aventurar…

A tendência a manter um equilíbrio – e a partir daqui as conclusões se restringirá à vida a dois – em um relacionamento já se inicia falha, uma vez que um dos magos mais fortes desse universo se envolve com a típica “inconsciente dos poderes e das próprias habilidades, apesar de ser componente crucial do universo que não lhe havia sido apresentado”. Contudo, certo contrabalanço há, e já foi, igual e devidamente, explicitado ao tratar do tema de complementaridade. Yin e Yang resumiria bem a situação em que esses dois se encontram após o desenrolar de aventuras anteriores, e deixaria implícito que há um pouco de contradição em cada um de nós. Ou seja, personagens profundos, nada de camada única por aqui.

Histórias que nos constroem

Outra nuance que se deixa entrever pelo diálogo dos personagens reside nos temas de culpa e resiliência. Chise tem plena consciência de que os ocorridos durante sua infância decorrem única e exclusivamente de sua sofrida e incompreendida – e bastante depressiva, diga-se de passagem – existência. Dessa forma, sua capacidade de resistir a agentes externos e afins, que possam eventualmente atentar contra suas capacidades intra e extra pessoais é extremamente limitada, resultando em uma complacência patológica que é argumento de roteiro para a jovem.

Nos detalhes de uma antiga história de ninar, está um passado muito interessante e até certo ponto bem inesperado de como muitas linhas narrativas dos personagens já estavam muito bem conectadas antes da cronologia que acompanha o inicio da série. Nesse caso, Lindel se mostra um personagem muito mais importante do que os céticos previam, deixando-o de sua função como “mero” gerenciador de uma terra distante que apesar de bem velho e experiente, não tinha uma função significativa na microfísica da relação entre Chise e Elias.

Apoio

Um aspecto bem interessante de se analisar é a extrema similaridade entre a condição inicial de Elias e a de Chise: desamparo, solidão, sentimento de afastamento e grande tendência à autodestruição, isolamento emocional e completa (ou quase) ignorância para com os grandes assuntos – aqueles que regem a dinâmica do universo. Temas como magia, amizade, família (todos tratados como fundamentos ímpares na construção dessa realidade) eram negligenciados por ambos os integrantes do casal. Diante dessa comparação, a conexão entre os dois torna-se (aos olhos dos expectadores) um pouco mais plausível e natural e prepara nossos corações para os desdobramentos que essas informações certamente nos levarão na trama.

Laço

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