Guia introdutório a Legend of The Galactic Heroes – Parte 3 – Novels, mangás e FAQ
Fui convidada para publicar aqui no Anime21. Me chamo Ananda Santos e sou escritora, otaku e cosmonauta.
Esse artigo é o terceiro de uma série sobre Legend of The Galactic Heroes, voltados primariamente para quem ainda não conhece a franquia. Não é uma resenha ou coisa do tipo, mas um guia mesmo: o que esperar, o que assistir. Mas mesmo se você já conhecer talvez descubra algo novo.
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Mangás e novels
Existem vários mangás e novels de LOGH, mas a maioria sequer possui scans, portanto eu nem teria o que falar a respeito. Só vou mencionar que existem:
- As novels principais, que estão sendo publicadas nos EUA (e que aceito de presente, pois nunca li);
- Um mangá de 1986 que adaptou as novels ao mesmo tempo do OVA;
- As novels originais do Gaiden;
- Um mangá que adapta o mesmo trecho do Gaiden que o filme Golden Wings;
- Um mangá já finalizado do próprio Tanaka que aparentemente seria uma sequel ou futuro alternativo de LOGH, mas sobre o qual não achei info alguma fora da internet japonesa (não falo japonês).
Vou falar apenas do mangá mais recente, o único do qual há scans disponíveis.
Ginga Eiyuu Densetsu
Mangá, 2015, Young Jump, em andamento
Até onde li, este mangá adaptou as partes mais relevantes do Gaiden (sim, DE NOVO infância e adolescência de Reinhard e Kircheis…), de forma bem ágil. Em uma dezena de capítulos, já estávamos na parte coberta pelo segundo anime do Gaiden, Spiral Labyrinth.
Tal agilidade não surpreende quando o responsável pela arte do mangá é Ryuu Fujisaki, autor de Houshin Engi e Shiki.
Até onde os scans foram, não é possível saber o quanto este mangá pretende adaptar. Penso que provavelmente a cronologia toda.
Vale a pena ler?
Complicado. Este mangá claramente tenta conquistar um público mais jovem, isto é, chamar a molecada de 16–24 anos leitora da Young Jump (Tokyo Ghoul, Gantz, Golden Kamuy) pra ver o novo anime. O resultado é que tanto a arte quanto o ritmo da história não têm a cara que estamos acostumados a ver em LOGH.
Toda a parte visual (bastante carnavalesca) lembra aqueles mangás que levam a tag demográfica “seinen” por causa do sangue, mas que todo mundo sabe que só moleque de 14–15 anos vai ler (eu sempre tenho flashbacks de Deadman Wonderland vendo a arte desse mangá, sabe-se-lá o porquê). Sem querer ser parcial, mas já sendo (fã é um negócio terrível): a arte e a velocidade narrativa do Fujisaki não batem bem com o estilo clássico de LOGH. Portanto, isto aqui é uma outra coisa, para um outro público, e não uma adaptação “fiel”.
Tudo é muito shonen: as falas dos personagem soam ainda mais clichê que no Gaiden (lembra que eu disse que essa parte, na mão do próprio Tanaka, já era em si mais melodramática que as novels originais?); a dinâmica das cenas é mais similar a de um mangá de ação de qualidade duvidosa do que a de um mangá de navinha — experimente ler a versão deste mangá do conflito entre Reinhard e o capitão Herder, lá pelos capítulos 12–13, e então reveja a cena no quarto episódio de A Hundred Billion Stars…; é outra abordagem, mais dramática e mais inclinada a fazer Reinhard parecer O Heroizão.
…Vou deixar na sua mão decidir se vale a pena ou não. Pode dar uma olhada nos primeiros capítulos sem medo de spoilers.
Posso ler antes do OVA principal?
Não. Até a primeira dezena de capítulos estava “tudo” bem, mas peguei um dos capítulos mais recentes pra ler e PIMBA, spoiler da última temporada da série. Sem mais nem menos. Muita gente vê esse spoiler chegando de longe enquanto assiste o OVA, mas spoiler é spoiler. O mangá não é muito sensível em segurar o futuro do plot e revela coisinhas aqui e coisinhas ali. Melhor evitar. Afinal esse mangá nem é nenhuma obra de arte mesmo.
Dúvidas comuns sobre LOGH e outras coisas que você deveria saber antes de começar a série
PULE AS PREVIEWS DO PRÓXIMO EPISÓDIO
Sabe quando o episódio chega ao fim e tem aquelas cenas do próximo episódio? PULE. Não veja. Eu não sei como enfatizar isso suficientemente: NÃO VEJA AS PREVIEWS. O OVA foi feito para que quem já lia as novels pudesse assisti-las em versão animada. Foi feito pra quem já sabia o que ia acontecer. As previews contêm spoilers pesados e contam praticamente o episódio todo. Enquanto eu assistia da primeira vez, às vezes, quando via um episódio com um plot twist muito grande, eu via a preview dele no episódio anterior. Os caras contam TUDO. Terminou de ver o encerramento? DÊ STOP. PULE. AS. PREVIEWS.
É verdade que as aberturas e encerramentos do OVA dão spoilers?
Não, porém sim. Não é como se aparecesse na abertura do primeiro episódio de Dragon Ball uma cena do Kuririn morrendo. É feito de forma que você só saca que o vídeo/canção tinha um spoiler depois que vê a temporada toda, pois ela te convence de estar falando de outra coisa (um dos encerramentos em especial faz isso de forma magnânima que eu fico de boca aberta até hoje). Infelizmente há dicas por toda parte de coisas que poderiam ter sido mantidas apenas como sutis foreshadowings, mas, como já disse, é um OVA pra quem já tinha lido as novels; porém isso tudo não é absolutamente nada que atrapalhe a diversão. Diferente das previews, não pule; veja pois são vídeos e canções maravilhosas. Só não vá vê-los fora de ordem! Afinal, eles ilustram a temporada da qual fazem parte. Vai lá ver a última ending de Dragon Ball Z e reclamar de spoiler que o Goku morre.
Por que há momentos em que o estilo da animação parece diferente?
110 episódios é meio caro de produzir, né? Então a Artland pediu ajuda a estúdios coreanos baratos que fizeram vários trechos do anime com a bunda, especialmente na segunda temporada. Porém, no remaster para DVD, nos anos 90–00, essas cenas foram todas refeitas. O resultado é que elas sempre parecem diferentes em qualquer das versões; ora horrendas, ora muito melhores que o resto da animação. Se for assistir o OVA original por aí, cuide de ver versões novas, que pegam rips da versão em DVD.
É verdade que não se deve procurar nada sobre LOGH no Google por risco de spoiler?
Se tem alguma coisa que eu disse aqui que é verdade, é esta. Não pesquise nomes de personagens no Google ou em qualquer site de fanarts. Não pesquise no Youtube PELO AMOR DE DEUS. Caso vá ver algum vídeo no Youtube com a garantia dele não ter spoilers (como os que eu postei aqui), não olhe as sugestões que aparecerem do lado. Depois, quando o autocomplete sugerir “logh fulano death”, você não chore. A internet, quando se trata de spoilers de LOGH, é um campo minado daqueles de 99 quadradinhos que se joga em tela cheia. Jamais a subestime.
Tem até um screenshot bem famoso da série que circula por aí nessas páginas como Anime Screenshots Without Context que é um baita spoiler, mas não tem como a pessoa saber que é estando fora de contexto (ufa). Como eu ri quando cheguei nessa cena…
LOGH é uma série recomendável para qualquer um?
Sinceramente, não. A série é densa de diálogos (apesar da arquitetura narrativa dela não ser nada confusa) e tem personagens que, apesar de muito bem construídos, podem soar forçados a depender do público. Então é o tipo de série que, se você não se encantar por ela por si mesmo, é melhor deixar pra lá. Assistir 100% só porque é um “clássico” e porque a otakada cult fica forçando pode não funcionar.
O andamento da série é mais ou menos assim: 3–4 episódios de BLABLABLABLA com um ou outro tirinho, traição, assassinato ou suicídio no meio > 3–4 episódios de pchum pchum luta de navinha, tirinho e machado decapitando duas ou mais cabeças ao mesmo tempo > repete. Geralmente os episódios alternam o lado do conflito que é mostrado; um episódio sobre a Aliança, um sobre o Império, e assim por diante. Tudo feito pra te ajudar a não dormir.
Como já recomendei acima: em caso de dúvida, experimente um dos filmes para ver como é a série.
Conclusão
LOGH é legal. Vale a pena. Mas assista só se realmente quiser. Não veja as previews no fim dos episódios. A Aliança sempre esteve certa. Se conseguiu ler essa série de textos que escrevi, cê já tá pronto pra falação da série. Muito obrigado por ler.