B: The Beginning – A mistura de gêneros que talvez agrade a você
B é um anime lançado recentemente na Netflix. A obra é bem produzida em questão de animação, mas comete alguns erros na parte de desenvolvimento de núcleos/personagens.
Vou apresentar de maneira sucinta do que se trata B, a partir de uma sinopse adaptada do myanimelist. Posteriormente, irei me aprofundar um pouco mais naquilo que julguei ser os prós e contras na obra.
Em um mundo alimentado por tecnologia avançada, o crime e a ação proliferam na nação arquipelágica de Cremona.
Keith, o lendário investigador da força de polícia real RIS, volta para investigar uma misteriosa organização criminosa. Assim uma gama de polícias da cidade corre atrás para resolver o caso do misterioso assassino, que em todas as suas cenas de morte deixa um “B” escrito.
B é um anime produzido para tentar agradar a todos, os gêneros apresentados na obra são tantos, que poderia fazer-se animes distintos com eles. Há uma mistura de ação e drama; para o público mais velho a investigação policial e para os jovens o sobrenatural. Esse fato, de apresentar uma gama variada de gatilhos na série, dificulta a relação com o público. Sendo assim, se um personagem morre, ninguém liga, pois não houve tempo de tela para desenvolvê-lo.
Para facilitar a compreensão, vou falar de cada núcleo separadamente , posteriormente farei a relação entre eles.
Primeiramente irei comentar do núcleo sobrenatural, cujo o principal é Koku. Basicamente, Koku e sua “espécie” quando crianças foram levados a um instituto de pesquisa, lá cientistas fizeram experimentos com eles e os deram os nomes de “promissores”. Esse núcleo se sub-divide, pois alguns dos “promissores” foram descartados e se tornaram agentes oficiais do reino que produzem armas de carnificinas ao governo; esse grupo é intitulado de “Market Maker”. Koku age separadamente , em busca de recuperar sua grande companheira de infância, “Yuna”, que é uma integrante do Market Maker.
Com essa breve introdução da parte sobrenatural da história, é possível ver que já há um plot que poderia ser desenvolvido, mas no geral não é bem explorado, e a trama desse núcleo acaba só passando em segundo plano. Vou deixar claro que, apesar de haver um plot para ser trabalhado aqui, duvido muito que sustentasse um anime sozinho.
Pois bem, vamos à parte mais interessante da história, o núcleo policial. A falta de tempo de tela fez com que apenas dois personagens se destacassem aqui: Keith, o investigador inteligente e Lili, outra investigadora que tem uma personalidade bem agradável. Os demais personagens que compõem o coro policial são de certa forma irrelevantes, ou pelo menos não ganham destaque suficiente para eu me importar com eles. É aqui que está o plot mais promissor: as investigações e os diálogos são muito bons. Acho que o anime seria bem melhor se aproveitasse mais deles, dando mais ênfase na equipe policial, desenvolvendo cada um.
É muito bom quando uma equipe é explorada como um todo em uma série. Darling in the FrancerXX, por exemplo, tenta a cada episódio estreitar a relação do público com cada dupla que compõe a equipe principal.
Falando mais especificamente do protagonista e também meu personagem favorito, Keith Flick: ele é um investigador apaixonado pelos estudos, muito inteligente e com um passado complexo. Pois bem, ver um anime onde tem um investigador memorável, fica impossível de não relacionar ao grande “ L” de Death Note. Não há uma grande semelhança entre eles, talvez o fato de gostar de enigmas e coisas difíceis de resolver seja algo parecido entre eles. Death Note também dá mais ênfase no quão genial L é, já em B, Keith não é tão aproveitado nesse sentido.
Vamos a outra personagem que destaquei, Lili: imponente e determinada, seriam boas definições para ela; chega na obra com um tom de importância. Ela tem sua história um pouco menos desenvolvida do que a de Keith, mas mesmo assim é possível se apegar a ela. Mas como nem tudo são flores, a obra consegue dar um rumo oposto ao que a personalidade dela nos entrega, é mais ou menos assim: ela começa como alguém imponente e termina como a “donzela indefesa”, sem nenhuma grande utilidade – talvez seja paranoia minha, mas pelo menos entendi assim.
A obra busca entrelaçar os dois núcleos, relacionando Koku e Keith. Não me sai da cabeça o porquê disso. A única coisa que faz sentido é que a busca pela aceitação de Koku e o núcleo sobrenatural pelo público, falou mais alto. O autor tenta passar uma imagem mais afável de Koku, uma espécie de tentar melhorar a imagem de um assassino. Basicamente, a parte sobrenatural não conseguiria se sustentar sozinha, e busca um “refúgio” com a parte mais chamativa da história.
Esse relacionamento é tão errôneo que o final dos dois núcleos é amplamente distinto, cada um com seu vilão e com sua forma de lutar contra ele. Quem sai mais prejudicado talvez sejam os sobrenaturais, pois tiveram um final que não recebeu destaque, basicamente o final foi dado e mudou de cena para o desenrolar da história de Keith.
Vou atribuir como erro fatal a falta de tempo de tela. Acredito que se fossem dados 24 episódios a obra teria se desenrolado melhor, e os personagens teriam sido melhor desenvolvidos. É meio impossível em 12 episódios fazer você criar uma empatia pela maioria dos personagens, acaba que só dois ou três, dentre esses diversos personagens, sejam aproveitados. Um erro que há a possibilidade de relevar é a forma como os gêneros romance e comédia são inseridos na obra. Não é querer ser chato , mas em momento plenamente tenso tentar encaixar uma cena de humor de cartoon, onde o protagonista é atropelado, sendo arremessado a uma distância considerável e sai completamente bem, simplesmente não havia essa necessidade. Já o romance, existe mas não é explorado. Enfim, esses erros até são possíveis de se relevar.
Como de costume, vou comentar os aspectos técnicos, começando pela animação: não há muito o que se destacar aqui, a animação é boa, o design de personagens segue também essa linha, acho que faltou cenas de ações mais memoráveis. A melhor cena de ação julgo ser a do episódio 3, onde o Koku persegue uma das integrantes do Market Maker; no geral a cena é muito boa, a luta que ocorre posteriormente também.
Agora comentando a trilha sonora: assim como a animação, a trilha sonora não deixa a desejar, mas também não é nada de extraordinário, simplesmente segue uma linha boa. O ponto chave aqui é a ending, essa música é muito boa, simplesmente não dá pra parar de escutar – pelo menos na minha opinião.
Na última cena do anime é dado um gancho para uma segunda temporada, não sei ao certo se irá ocorrer mesmo. Depende muito do retorno do público. Sinceramente, eu gostaria que tivesse uma segunda temporada, se possível de 24 episódios, para haver um trabalho amplo no desenvolvimento de personagens dos dois núcleos.
Concluindo, B é um anime bom para regular, seus pontos bons não conseguem cobrir suas falhas, mas é uma boa pedida para quem gosta de investigação policial ou de jovens com super poderes, além de uma história diferente que busca fundir multi-gêneros em uma obra só.