Ore Monogatari – Ep 14 – Até onde vai a sua determinação?
[sc:review nota=4]
Tem uma coisa me me incomoda um pouco em Ore, que é o pouco desenvolvimento dos personagens principais. A única vez em que pudemos ver crescimento pessoal deles foi no arco do pai do Suna, e mesmo assim nos episódios seguintes as coisas continuaram como sempre. Takeo é o mesmo desde o começo. Yamato até melhorou um pouco, mas continua cheia de neuras desnecessárias e precisando dos trancos da Ai. Num mar de personagens caricatos que aparentemente são incapazes de evoluir, a presença do Hayato me deixou bem feliz. Pena que não foi o bastante.
Hayato é o melhor apaixonado da história. Melhor do que o Takeo, do que a Yamato, do que a Ai. Ele sabe bem quem ele quer, e está disposto a lutar por isso com suas melhores armas. Pode até ser atencioso e gentil, mas quer ganhar algo com isso, e esse algo é o coração da Ai. É com essa motivação toda que ele arma um caos no supostamente divertido passeio ao MM Land. De um lado, ele quer dar à garota a chance de se declarar e acabar logo com isso. Ai não quer fazê-lo, mas acaba balançada e pensa seriamente no caso. A discussão silenciosa dos dois o faz entender que ela não se renderia tão fácil, então ele apela e engana o grupo inteiro, isolando Suna e Yamato de um lado e Takeo sozinho com sua admiradora. Vamos ser sinceros galereis, a determinação do cara é de se admirar, ele ficou o tempo todo garantindo que eles não se encontrariam por acaso e chegou ao cúmulo de sumir com o carregador de Takeo para que o celular dele descarregasse no meio da tarde! Amor ou obsessão?
A tarde pra ela é divertida, mas sofrida. É impossível descontrair com a pressão de contar um grande segredo em seus ombros. Só que já se apaixonou por um amigo sabe o quão complicado é: e se a pessoa não corresponder? E se a amizade acabar? Vale se arriscar tanto assim? Cada caso é um caso, e ninguém deve ser julgado pela decisão que toma, afinal quem mais sabe o quanto seu coração suporta além de si mesmo? Portanto, quando Ai decide fechar seus ouvidos para o mundo e não dizer a Takeo que o ama, eu entendi. O caso dela era complicado desde o começo, e se tornou perdido depois que ele conseguiu uma namorada. Uma confissão podia até, sim, tirar um peso de seus ombros, mas ao mesmo tempo poderia fazê-la perder o amigo para sempre. E a sua gentileza, e seu jeito protetor e descontraído, e sua voz chamando-na de irmã mais velha. Todas estas pequenas coisas que a fazem amá-lo também fazem valer a pena suportar o sofrimento. Então, ela preferiu tê-lo pela metade do que correr o risco de perdê-lo de vez. Alguns podem até dizer “Ah, mas o Takeo nunca deixaria de ser amigo dela por isso!”. Talvez. Mas o relacionamento estaria estremecido, e nunca mais seria o mesmo, isso é um fato. Vamos deixá-la em paz, Ai já está sofrendo o bastante sozinha.
O resto do grupo também não se divertiu tanto quanto queria. Yamato se ressentiu por estar longe do namorado, mesmo com o mau agouro, mesmo tentando disfarçar. Suna… Eu não faço ideia se ele estava ou não se divertindo. Hayato nem chegou perto de seu objetivo. Pra terminar, o tão esperado primeiro beijo do casalzinho foi interrompido mais uma vez. Um passeio que acabou em chateação, não deixem que as carinhas sorridentes deles enganem vocês.
Depois de assistir o episódio inteiro, uma dúvida me ficou: se a Ai tivesse se declarado antes, será que o Takeo a corresponderia? Posso parecer meio pessimista em afirmar que não, acho que os dois não formariam um casal. Aliás, mesmo que o planejamento inicial dela tivesse funcionado e ela confessasse após a formatura dele, acho que ainda assim os dois não ficariam juntos. Takeo a vê como uma irmã mais velha, e mais, a irmã de seu melhor amigo, e transformar essa imagem em uma mulher que se deseja não é coisa fácil. Talvez a melhor coisa, pra ambas as partes, tenha sido mesmo o surgimento de Yamato. Agora me resta torcer para que ela o supere um dia e, quem sabe, dê uma ínfima bola ao Hayato. O determinado o esperto, o atrevido, o apaixonado Hayato. Todos merecem uma chance de ser feliz.