Dame x Prince Anime Caravan – Quatro projetos de homem e um segredo
E aí minha gente! Vim trazer hoje comentar sobre essa pérola de 2018, Dame x Prince Anime Caravan. Exibido na temporada de Janeiro, DamePri como conhecido pelos íntimos, é um anime produzido pelo iniciante Studio Flad e dirigido por Makoto Hoshino (Utapri Revolutions). Conta com 12 episódios e tem a construção de sua história baseada em uma visual novel de mesmo nome lançada em 2016.
A chave central do enredo está na batalha dos protagonistas pra impedir uma iminente guerra entre nações vizinhas, onde cada uma possui suas particularidades, sendo elas: Milidonia, o país militarista, Selenfalen, o alicerce religioso, e o pequeno país de Inako, que é uma espécie de centro agricultor.
Apesar de inicialmente parecer algo com um cunho extremamente sério, o anime passa longe de se levar desse modo e opta pelo caminho da comédia, com uns toques de seriedade precisamente inseridos nos momentos em que se fizeram essenciais. A necessidade de se fechar o acordo de paz existe, contudo o problema da coisa toda está exatamente nas pessoas responsáveis pela salvação dessas nações, e é aqui que o roteiro brilha.
Ani é a princesa de Inako e tem como responsabilidade ser o veículo de ligação entre os dois lados, buscando se aliar e dialogar pacificamente com Narek e Vino (Milidonia), como também com Ruze e Mare (Selenfalen), fechando o nosso grupo central de protagonistas.
Tomando o caminho oposto ao que estamos acostumados na maioria das adaptações de games, DamePri esquece o manjado romance e trabalha mudando os estereótipos comuns do gênero, transformando Ani em alguém de forte caráter, e levando os rapazes ao extremo ridículo com suas personalidades excêntricas, dando um novo frescor a série e a tornando mais divertida de se assistir.
Ani é realista, equilibrada e tem uma origem real humilde, a história também mostra que todo o povo de Inako incluindo a realeza, está altamente acostumado ao trabalho e esforço braçal. Eles cultivam não só aquilo que usam para sua subsistência, como também valores importantes que fazem com que o povo respeite ainda mais a cada um e a seus regentes.
Em oposição a isso, Milidonia e Selenfalen são países construídos apenas em cima da noção de poder e supremacia, cada um a seu modo. É interessante notar que o anime opta por trazer alguns poucos elementos que conferem um equilíbrio na realidade da história, como por exemplo o fato de os príncipes em ambos os lados não deterem o respeito completo de seus subordinados. Esse elemento torna tudo mais interessante, tendo em vista que a aventura vai se processando de modo a buscar a evolução de cada um deles como indivíduo e como futuros líderes de seus reinos.
Cada um tem uma natureza peculiar, Narek por exemplo, é escandaloso e tolo, ele não entende o que é ser um líder e governar com sabedoria, sendo narcisista até o ultimo fio de cabelo além de estar completamente alheio a vida em sua própria terra. Vino por sua vez está na condição de melhor amigo de Narek, e apesar de ser conquistador e mulherengo, é visivelmente mais esperto que o companheiro e atento aos seus arredores.
Os principes irmãos Ruze e Mare são completamente opostos. Ruze é gentil e puro, considerado uma “divindade” por todos, mas no fim age como uma “rainha da Inglaterra” se escondendo atrás de seu primeiro ministro. O Príncipe Mare, é certamente o mais bizarro dos quatro rapazes, com sua aparência pesada e sombria. Ele é um recluso, infantil, cujo contato direto com o mundo é sua marionete Kyuaran, que diferente do dono, é mais atrevida e inconveniente.
Ao longo da jornada de Ani pra por em ordem as coisas, cada país lança algumas situações que mesmo sendo resolvidas de forma prática, criam um risco real a missão central e aos heróis. Outro ponto que faz o anime se tornar melhor está na química nula entre os personagens, que é exatamente o que faz tudo funcionar, já que a cada minuto com os príncipes, Ani fica mais impressionada com a imbecilidade e inércia dos principes.
O anime explora uma relação cômica entre as personagens onde Ani não demonstra interesse em nenhum deles. Na verdade, ela precisa ser lembrada pelos mesmos a todo episódio o quão estúpidos eles são, fazendo exatamente o contrário, tentando ensiná-los a viver pra serem menos alienados a vida e autocentrados.
O autor usa bem das nuances dela com cada príncipe e as situações que passam, cabendo a ela inclusive a resolução de grande parte das bagunças que acontecem na maior parte do tempo. Apesar do foco maior da série ser na transformação do caráter do elenco masculino, as tramas relativas a parte da guerra se levam comedidamente a sério, e são trabalhadas em pequenos pedaços até engrenarem de verdade na segunda metade final do anime (o que deu um ótimo equilíbrio ao conjunto na minha humilde opinião).
Falando um pouco sobre o elenco de apoio, esses são um show a parte. Théo e Grimaru são umas figuras, o primeiro é um guarda real e amigo de infância (friendzonado) de Ani, o outro é um mascote extremamente imprestável (mas gente boa) que rende ótimos momentos.
Riot e Chrom (que é mafioso até o último fio de cabelo) também são bem relevantes, e são os responsáveis pelo equilíbrio de forças em Milidonia e Selenfalen respectivamente. Por último os pais de Ani completam o cast, sendo divertidos e sem noção ao extremo.
Dame X Prince Anime Caravan é um bom anime, cuja proposta é se vender em cima das relações desequilibradas de seus protagonistas e usando de suas peculiaridades, considerando isso, posso dizer que ele foi bem executado dentro do que ofereceu. É notório que ele não tenta ser nenhum primor de roteiro ou algo que vá entrar no rol dos épicos, mas definitivamente entretém e cumpre o que promete de forma satisfatória.
Acompanhar a história dos príncipes, o relacionamento de amizade que constroem com Ani e o desenvolvimento pessoal deles é agradável. A série tem um ar tranquilo, de certo modo até simplório, mas o humor está presente ali. Foi algo que peguei pensando no óbvio e fui premiado com algo totalmente novo e prazeroso de acompanhar.
Tecnicamente o anime se sai bem, as dublagens funcionam bem com cada personagem, dando a eles personalidade, e o estúdio Flad mostra em seu primeiro trabalho um acerto em suas escolhas. Os designs são muito bem feitos e vívidos casando bem com o ar alegre da série (principalmente o de Ani) e a animação de forma geral é acima da média (considerando o amadorismo do estúdio), acompanhando bem o ritmo do anime até nas cenas com um pouco mais de ação.
O saldo final de DamePri pra mim foi muito positivo e para quem gosta do formato, eu deixo aqui a minha recomendação!