Kaze ga Tsuyoku Fuiteiru – ep 16 – 10 horas, 16 minutos e 43 segundos
Bom dia!
O Clube de Atletismo da Universidade de Kansei se classificou em décimo lugar para a Hakone Ekiden com o tempo total somado de seus corredores de 10 horas, 16 minutos e 43 segundos. Foi por pouco! Mas conseguiram.
E o anime conseguiu me enganar direitinho na prévia no final do episódio anterior. Encerrar o episódio com o Haiji de frente para um acidente e depois mostrar na prévia ele sentado, com gelo aplicado à coxa, me fez acreditar que ele cairia ali. Teria sido dramático.
Do ponto de vista narrativo era óbvio que eles iriam conseguir se classificar, senão o quê, o anime iria acabar agora? Ou alguma burocracia conveniente os colocaria na corrida mesmo assim? Seria um truque criativo, mas faria pouco caso do esforço dos atletas que estamos acompanhando crescer desde o começo do anime.
De forma semelhante, um acidente mais grave do Haiji naquele momento mas com a equipe ainda assim se classificando ensejaria uma corrida de recuperação que beiraria a fantasia esportiva, coisa mais comum em animes como Super Campeões e Yowamushi Pedal. Eu particularmente não gosto do gênero, mas o problema nem é esse, e sim que por tudo o que vimos e sabemos Kaze Fui não usa esse tipo de abordagem.
Então o acidente e a prévia foram apenas um truque para acrescentar tensão que de outra forma talvez não existisse, afinal, “era lógico que eles se classificariam”. Ponto para o anime. E talvez nem seja só um truque: pode vir a ter efeitos futuros.
Quero dizer, o Haiji sentiu a coxa. Ele tem uma cicatriz horrível ali de uma operação que fez, então sem dúvida isso não é algo que possamos apenas ignorar. Ele não pode apenas ignorar. Na reta final da corrida ele voltou a sentir a lesão e o surto de adrenalina o fez acelerar, mas isso não é algo com o que ele possa contar para uma corrida inteira.
O fato relevante do episódio é que todo mundo se esforçou. Todos os dez estavam bem treinados, tensos e ansiosos. De alguma forma, algo que começou como franca chantagem conquistou os corações de todos e agora eles querem correr e obter resultados.
Se tornou parte da vida deles. Pelo menos por enquanto. O único deles que talvez siga carreira esportiva é o Kakeru. Quem sabe o Haiji, mas não como atleta. Sinto que a lesão dele ainda irá cobrar caro pelo que está fazendo agora.
Para todos os demais será apenas a memória de uma fase da vida. Uma chama intensa que inflamou-se tão rápido quanto se apagou. Alguns talvez continuem correndo como hobby. Todos terão uma grande história para contar.
Kakeru provou que está mesmo em um nível completamente diferente. Ele, e só ele (e provavelmente o Fujioka, que parece não ter corrido?), consegue se igualar aos africanos, cuja natureza e criação combinadas produzem os melhores corredores da humanidade. O dom de Kakeru é uma sorte maior do que ganhar em qualquer loteria.
Mas é também, claro, fruto do esforço dele. Nós vimos como ele, como até mesmo ele, teve dificuldades em episódios pretéritos. Agora ele está em sua melhor forma e sua habilidade é reconhecida até mesmo pelos adversários.
É preciso o esforço combinado dos Dez de Kansei, não só do Kakeru, porém, para que tenham chance de competir com os melhores. Se um só elo dessa corrente estourar, eles perdem.
Como já escrevi acima, todos estão dedicados e todos se esforçaram, mas é o esforço do mais fraco deles, o Príncipe, que serve de emblema para a seriedade e determinação da equipe.
Ao final da corrida, de tão exausto, ele vomita. Isso é o que acontece quando seu corpo vai além do limite. Incapaz de processar o que vai no estômago, é mais negócio expulsar tudo logo de uma vez e economizar a pouca energia que resta. E o príncipe continuou correndo. A vitória dele não é menor que a do Kakeru.
A equipe se classificou, afinal, por apenas 1 minuto de diferença para a décima primeira. Qualquer um deles que tivesse fraquejado e a vaga teria voado pela janela.
No final, ficaram 7 minutos atrás do primeiro colocado. Parece pouco, não parece? Se cada um deles ficar 1 minuto mais rápido, eles chegam na frente. Mas não há qualquer condição de pedir esse minuto a mais para o Príncipe, por exemplo. O corpo dele foi fisicamente além do limite, todo mundo viu. O coitado provavelmente nem vai conseguir aproveitar direito o churrasco que ganharam de presente de seu fã-clube.
E o Kakeru? O Kakeru correu no nível dos africanos, os melhores do mundo, mas ele estava no final visivelmente mais cansado do que eles. O Haiji está lesionado.
Então não, ganhar 1 minuto não é fácil para nenhum deles. Esses 7 minutos na verdade representam um abismo de diferença, e os gêmeos perceberam isso.
Por tudo o que eles sabem, e por tudo o que nós sabemos, eles não estão correndo para vencer. Kansei possui 1 atleta excepcional, o Kakeru, 1 bem treinado, o Haiji, e 3 com potencial, os gêmeos e o Musa. Estarão concorrendo contra outras 9 equipes, provavelmente todas cheias de profissionais. Uma delas tem o Fujioka, que está no mesmo nível ou acima do Kakeru.
Por que eles vão correr, então, se sabem que vão perder?
Ou será que não vão perder?
Quero dizer, quem conseguiria sinceramente olhar para a cara do Príncipe e dizer que ele “perdeu”? Ou para alguns dos vários anônimos que correram como se daquilo dependesse a vida deles, e conseguiram cruzar a linha de chegada?
Claro que cada um tem seus próprios objetivos. Só estou tentando demonstrar que “vencer” nem sempre é chegar em primeiro. Essas pessoas deram tudo de si, e quem disser que eles “perderam” merece um murro na cara.