Boogiepop wa Warawanai – ep 9 – Aquilo que protege um coração
Belíssimo episódio que conclui a adaptação desse arco do Imaginator. Errei um pouquinho, mas mais acertei na minha previsão e o final foi melhor do que eu esperava. É hora de Boogiepop no Anime21!
O Masaki finalmente disse o que estava guardando em seu coração, as palavras que a Orihata queria tanto ouvir, assim como quem torcia por esse casal. Ele ter perdido de vista o que era importante foi bom para que passasse por esse momento e desse vazão aos seus sentimentos.
Verbalizar às vezes é bom. Falar o que se sente e decidir o caminho a seguir facilita o que antes não parecia assim tão fácil. Eles precisavam disso e, ainda que o Masaki tenha sido um pouquinho alterado pelo Spooky E, tenho certeza de que seus sentimentos são genuínos.
Por outro lado, não posso afirmar o mesmo quanto à Kinukawa e seu amor pelo Jin, mas como ela bem diz à Suema: ela sente falta do conflito, do contato com o primo. Se isso é amor ou não fica para outro dia, se isso sequer voltar a ser tocado na trama, o importante é que há algo de verdadeiro, de genuíno, na relação deles – algo que ela não quer perder.
Você pode até considerar que o amor é inversamente proporcional ao ódio, mas, sem um pouco – ou um bocado – dos dois não há equilíbrio. Contudo, o que o ser humano é senão um ser desequilibrado e de natureza questionável? Somos imperfeitos, somos completos apenas sendo um pouco vazios, só conseguimos amar se nós odiarmos em algum nível, temos a dor para afirmarmos nossas existências!
Isso pôde ser visto no choro da Kinukawa, mas também no que aconteceu a seguir e “invalidou” tudo o que o Imaginator 2 vinha aprontando. Assim como eu esperava, o Boogiepop apareceu, confrontou o Imaginator e meio que salvou a Aya. Contudo, ela já havia sido salva, e não porque não era humana – uma que nasceu de forma natural –, mas porque era o desejo do Imaginator que estava equivocado desde o princípio.
Ao interagir com os outros ela mudou. Como sua mudança era clara já não poderia mais ser a musa dele e, mesmo que não tivesse mudado, como ele poderia usar um coração se a Aya não tivesse um ali? O coração – ideia abstrata daquilo que preserva todos os nossos sentimentos – só existe de fato quando pessoas interagem, tomam conhecimento de outras, saem do casulo do “eu” e até passam a ver a si mesmas de outro jeito, se descobrem querendo o que não poderiam ter – tipo a Aya.
A neve até poderia cair em abril, mas seria varrida do chão devido ao fulgor da nova estação; é o mundo que é assim, assim que são as pessoas que nele habitam. Essa imperfeição e tudo o que a nós é estabelecido são condições que nós próprios aceitamos e das quais nós próprios precisamos se nós temos a intenção de desenvolver nossos corações, de ser mais que uma carcaça vazia, de sentir mais que o vazio entediante da perfeição. Se a individualidade deve ser celebrada, ter um coração distinto também. A Aya tem um, ela o conquistou, e ele não é algo que poderia ser tomado dela dessa forma.
Aquilo que protege um coração é o amor, assim como todos os outros sentimentos que advêm dele. As pessoas não conseguem viver sem a dor, tentar tirar isso delas seria pior do que tomar suas vidas.
O Imaginator 2 já havia perdido desde que tinha encontrado a Orihata, e o Imaginator 1 desde que a deusa das possibilidades sorriu para outra coisa, por que é isso que Imaginators fazem?
Determinam, ao menos tentam, o futuro por que são o grito de desespero daqueles que se sentem ansiosos sobre ele? E a partir do momento em que essa ansiedade passa, em que esse inevitável já não parece mais tão inevitável assim, perdem as forças, não se sustentando como a única possibilidade de um futuro?
Foi o que pareceu. A partir do momento que Boogiepop faz essas declarações, tudo já havia acabado, só restando detalhes a serem pincelados em tela. No fim, o Imaginator 1 nada pareceu o vilão que se apresentou no episódio 4. Só um titereiro que pensaria por você se o deixasse, mas é certo que só iria até onde a humanidade o permitisse.
E, no fim das contas, tudo se tratou de pontos de vistas diferentes sobre o mundo. A importância do futuro, necessidade de preservá-lo mesmo em detrimento do presente, que o Imaginator destacava e a confiança(?) de que o ser humano consegue dar conta de seus próprios problemas no presente, e cabe a ele determinar seu futuro do Boogiepop.
Um ponto de vista não estava necessariamente mais certo que o outro, foram as circunstâncias, e as atitudes dos humanos, que mostraram qual era o caminho. Apesar do Masaki ter ficado para trás ele foi importante para resolver esse problema, assim como a Suema que, ainda sem querer, deu a pista que levou o vigilante que reside dentro de sua amiga a agir.
Aliás, chego a achar engraçado como ela não consegue reconhecer a voz do Boogiepop mesmo depois de mais de um encontro. Será bloqueio inconsciente porque na verdade ela quer se envolver nas coisas, mas não entender como terminam?
Não duvido disso, talvez ela se apegue demais a esse anormal para fugir de um normal que ela teme. Vai saber, né? O importante é que a Bruxa do Fogo mais uma vez nada demais fez, mas agora restou a ela abençoar a relação do irmão e ajudar ele e a Aya no que for. Eles merecem a chance de ficarem juntos sem mais nada a esconder – somente como o fofo casal de adolescentes apaixonados que são.
No final, o arco do Imaginator acabou mais feliz do que eu imaginava, mas fechou tudo que precisava ser fechado e explicou muito bem porque tudo deu tão certo. Admito que ainda me faltou refletir um pouco mais sobre as coisas que o roteiro quis dizer nas entrelinhas, mas mergulharei a fundo no arco quando escrever sobre a light novel.
Sim, não tem como eu não comprar os livros de Boogiepop uma vez que estou gostando tanto do anime. É só uma questão de tempo, mas Boogiepop voltará ao blog em outras mídias. Por ora, devo comentar o especial de quatro episódios que adapta a sexta novel, e farei de tudo para fazer isso antes que saia o artigo do episódio 14. Não fará sentido se não for assim, né? Não que a vida faça sentido sempre, mas Boogiepop faz e requer do meu esforço. Até a próxima!
Ana Pereira
Bela análise!