Bom dia!

Continuando a minha série de artigos de animes atrasados, dessa vez com o mais pedido de todos: Symphogear XV!

Como estou quatro episódios atrasado e muita coisa aconteceu, optei por dividir em dois artigos. Esse é o primeiro. O próximo sai … dia desses, prometo! 😅

Caracterizar qualquer personagem de Symphogear como “trágico” é quase redundante. A tragédia é tão pervasiva na franquia que pode ser considerada o estado natural de seus personagens.

Pois então que notar que dada personagem é trágica não é necessariamente um pleonasmo, mas definitivamente não é inesperado. Não é como dizer que a água é molhada, mas é como olhar para alguém que chega molhado em casa e perguntar se a pessoa tomou chuva.

Ainda assim, aqui estamos: além da Hibiki, que está quase sempre sob os holofotes por ser a protagonista, o episódio 8 focou na Carol Malus e o episódio 9 na Tsubasa. E sim, as duas são trágicas, cada qual a seu modo.

 

Carol Malus

 

Carol Malus é uma ex-vilã. Ela não é ex-antagonista, como Chris, Maria e companhia, mas vilã mesmo: ela foi a mente criminosa por trás das armações de Symphogear GX e aquela que as symphogears tiveram que derrotar no final.

Tsubasa é a mais antiga de todas as symphogears, e, com exceção de Hibiki, é a única que nunca foi uma antagonista. Ela lutou contra Chris na primeira temporada e contra Maria, Shirabe e Kirika em Symphogear G.

Ela é também, de todas as guerreiras, a que mais sofre pressão, por ser a herdeira de uma família que protege o Japão das sombras desde tempos imemoriais.

Duas personagens notáveis e que receberam a atenção que receberam por motivos bastante diferentes.

Carol Malus reaparece na série em primeiro lugar, tenho certeza, por puro fanservice. Que fã verdadeiro de Symphogear não gostaria de vê-la mais uma vez? Especialmente depois do sacrifício das autoscorers um episódio atrás.

E ela continua tão poderosa quanto sempre foi. Ou quase. Varreu o chão com as Noble Red não uma, mas duas vezes. E na segunda, enquanto ela estava provavelmente mais fraca (sua transformação acabou e Elfnein retomou o controle quase imediatamente após botar as antagonistas para correr), as Noble Red voltaram mais fortes do que no primeiro encontro.

 

As Noble Red à beira de receber um ataque devastador de Carol Malus

 

Ela diz qual é o seu segredo: seu ganho fônico é igual ao de 7 bilhões de seres humanos. Em outras palavras, ela sozinha possui o mesmo poder que toda a humanidade junta – aquele poder que Maria invocou no final de Symphogear G para reativar as ruínas lunares e impedir a queda da Lua.

Quando foi a vilã, Carol Malus enfrentou sozinha todas as symphogears e só não venceu porque, bem, porque senão não teríamos chegado até essa temporada. Tecnicamente ela não foi derrotada, mas apenas distraída tempo suficiente para que o Castelo de Tiffauges fosse sabotado.

Note também suas autoscorers, que continuam sendo as mais poderosas antagonistas que as guerreiras symphogear já enfrentaram. Com efeito, as marionetes poderiam ter matado todas elas, se assim quisessem, se assim quisesse Carol Malus, se assim fosse seu plano.

Contraste as autoscorers com as Red Noble para ter uma pequena ideia da imensa disparidade de poder.

Relembro tudo isso para deixar claro que Carol Malus não poderia continuar lutando. Se ela voltasse com força total, e agora do lado da SONG, seria ela a principal oponente que Shem-Ha precisaria derrotar. Perto do poder de Carol Malus, qualquer symphogear empalidece.

O único truque possível seria dizer que o poder de Shem-Ha é divino e portanto não há nada que ela possa fazer, só Hibiki, com sua arma filosófica capaz de derrotar deuses.

 

O poder divino parece imune a qualquer dano normal

 

Ainda assim, restaria muito o que Carol Malus poderia fazer. Então, para não eclipsar ninguém em um grande elenco que só de principais conta com seis personagens (e algumas já estão mais ou menos em segundo plano), a melhor escolha foi dizer que em sua atual forma ela não tem energia suficiente e é isso aí. Foi bom vê-la lutar mais uma vez.

O que não quer dizer que seu breve retorno tenha sido só fanservice. Carol Malus deu algumas informações sobre o Castelo de Tiffauges que provavelmente se mostrarão importantes no desfecho da série.

Sua base pode ser usada como uma enorme relíquia, afinal, usando ganho fônico. Ela possui ainda a capacidade de atingir o mundo inteiro, conectando-se às linhas de ley.

Bom, quem já assistiu ao episódio 11 sabe que a Terra inteira já está em apuros, não sei se as linhas de ley ainda estão “acessíveis”, por assim dizer, mas talvez Tiffauges também possa usar as linhas de ley do céu? Bom, há muito o que escrever sobre o que já aconteceu, não vou me estender sobre o que ainda está para acontecer.

Ainda sobre a Carol Malus, algo interessante sobre ela é que, com exceção dos vilões que foram derrotados de forma definitiva porque eram maus que nem o pica-pau, ela é um personagem que não parece demonstrar particular remorso.

A comparo aqui a outras antagonistas e alguns vilões. Finé e o Dr. Ver foram vilões até o fim em suas respectivas temporadas de vilania, mas tiveram mais tarde um momento de redenção. Nastassja teve sua redenção em sua própria temporada.

Não só as ex-antagonistas que entraram para o time, como Chris e Maria, como também Saint-Germain e suas companheiras, bem como as próprias Red Noble, demonstraram incerteza ou arrependimento por seus atos.

 

As Noble Red encolhidas e abraçadas não parecem exatamente malignas

 

Isso não acontece com Carol Malus. Ou, pelo menos, ela nunca demonstrou dúvida ou arrependimento. Quero dizer, ela salvou Elfnein, mas ela não exatamente morreu fazendo isso, e Elfnein de todo modo é um clone dela.

Há outra diferença, talvez conectada com essa. Como eu já escrevi, Carol Malus foi uma das mais poderosas vilãs, e suas autoscorers as mais poderosas antagonistas de Symphogear. Não obstante, seus planos malignos não previam necessariamente matar ninguém.

Bom, no final, depois da ativação do Castelo de Tiffauges, todo mundo iria morrer, mas ninguém foi morto no processo. As autoscorers apenas compraram briga com as symphogears para adquirir seus padrões de canto e as deixaram viver.

Enquanto isso Chris matou, Maria e as outras mataram, e para Saint-Germain matar era parte necessária para a execução do plano. No final das contas, Carol Malus era só uma menina assustada e furiosa porque mataram seu pai.

 

Elfnein ri de Carol Malus, surpresa por descobrir um novo "lado" dela

 

E mesmo assim ela provavelmente nunca teve certeza se o objetivo que perseguia era justo. Ou pelo menos eu quero acreditar nisso. Ela escolheu deixar Elfnein escapar (como visto nos curtas de Symphogear GX), um homúnculo idêntico a ela e com todas as memórias relevantes sobre ela e, mais importante, sobre como parar seu plano.

Foi quase como se ela estivesse apostando com o destino. Se ela estivesse certa, então seu plano daria certo e ela desintegraria o mundo inteiro. Se ela estivesse errada, Elfnein é quem teria sucesso em pará-la, com ajuda das symphogears.

Carol Malus foi derrotada, perdeu a maior parte de sua energia, e mesmo assim reapareceu brevemente e parece bem.

Tsubasa, por outro lado, está o contrário de bem pelo menos desde o segundo episódio dessa temporada. Talvez nunca tenha estado realmente bem.

Herdeira de uma família complicada, controlada por Fudou Kazanari, um homem poderoso, controlador e inescrupuloso, Tsubasa teve poucas escolhas na vida.

 

Fudou Kazanari, vilão traiçoeiro

 

Provavelmente a única coisa que ela realmente quis fazer por conta própria foi cantar. E mesmo cantando, como ela tanto desejava, Tsubasa foi capturada pelo destino dos Kazanari e o que era apenas seu sonho se tornou a fonte de seu poder como guerreira. Mais uma Kazanari a proteger o Japão.

Ela é um caso de se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Sua primeira parceira symphogear, Kanade, morreu durante um ataque dos noises ao estádio em que elas apresentavam um show. Sua relação com a música desde então tem sido problemática.

Cantou com Maria em Symphogear G, apenas para ser traída pela então nova antagonista. Em sua estreia em palcos internacionais em Symphogear GX, mais uma vez novos inimigos se revelaram. Nessa temporada ela reestreia nos palcos, apenas para que Milaarc ataque e mate dezenas de milhares.

Tsubasa perdeu a confiança para cantar e perdeu a confiança em si mesma. Não foi à toa que se tornou presa fácil para o truque de controle mental que Milaarc usou para que Fudou a pudesse manipular como bem desejasse.

O pináculo de sua manipulação ocorre nesses episódios, conforme Tsubasa é feita sequestrar Miku, recém-possuída por Shem-Ha (ou, se Carol Malus estiver correta, absorvida por Shem-Ha), quando a Annunaki ainda está fraca e as demais symphogears esperavam poder resgatar a amiga de Hibiki.

 

Tsubasa captura Miku/Shem-Ha e foge

 

Tsubasa no final das contas é apenas a ponta do icebergue da batalha intestina dentro da família Kazanari. Fudou, o patriarca, deseja poder a pretexto de “proteger o Japão”. Genjuurou é o líder da SONG e, sem tradições mofadas ou discursos balofos, é quem realmente protege qualquer coisa. Yatsuhiro é o pai de Tsubasa (pai de criação, porque o pai biológico é Fudou, seu próprio avô!) e, perseguindo a carreira política tenta conciliar os dois lados.

Quando o próprio Fudou se torna o inimigo a ser combatido a possibilidade de conciliação desaparece, e o patriarca tem uma batalha feroz com Genjuurou na propriedade da família. Sem conciliação à vista, não é à toa que Yatsuhiro tenha acabado morto.

Com efeito, ele já estava “funcionalmente morto” mesmo antes de receber o balaço disparado por Fudou na intenção de matar Tsubasa quando o velho percebeu que ela havia escapado ao seu controle.

Com o pai morto, Tsubasa chora, enquanto um maníaco Fudou ri. A guerreira enverga sua Ame no Habakiri mais uma vez, agora para enfrentar o líder do clã, a quem ela no final das contas derrota, e só não o mata porque Genjuurou se lembrou das palavras de Maria sobre não derramar sangue da própria família e a impediu.

 

 

Comparada à Tsubasa, mesmo a família divorciada e disfuncional de Hibiki poderia estrelar um feliz comercial de margarina. Seu pai continua não sendo o homem mais corajoso do mundo, mas ele faz o que ele pode fazer, do fundo do coração, dentro do que ele é capaz de fazer. De alguma forma, isso basta para Hibiki.

É por Miku, sua grande amiga e que sempre a ajuda incondicionalmente que ela luta em primeiro lugar, mas é também por um mundo cheio de pessoas imperfeitas, covardes como seu pai, pessoas que já seguiram o caminho errado como a maioria de suas companheiras, e tudo o mais.

Maria e Yatsuhiro ensinam a Tsubasa que ela deve lutar para proteger as pessoas porque elas merecem ser protegidas, há valor em cada uma delas.

Tsubasa e Hibiki, junto a Maria, Chris, Kirika e Shirabe, além de toda a companhia de apoio da SONG, irão proteger mais uma vez todas as pessoas do mundo. Não porque elas sejam mais fortes, mas porque há valor em as proteger.

 

O mundo está cheio de famílias idiotas, como a de Hibiki e seu pai, e vale a pena protegê-las

 

Miku ainda está em algum lugar dentro de Shem-Ha. A grande batalha está apenas começando.

 

Shem-Ha se liberta e segue controlando o corpo de Miku

 

  1. Ficou legal! Espero Artigos dos Episódios 10 e 11!

    Mas,cara….o que o Fudou tinha feito com o seu filho q era o pai da Tsubasa foi algo imperdoável.

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