Gleipnir – Entre monstros de pelúcia e moedas cabeludas – Primeiras impressões
Gleipnir me lembrou Tokyo Ghoul e até que esse é um bom sinal. O anime deve ser uma mistura de ação com horror e uma pitada de mistério e ecchi, se equilibrando entre momentos introspectivos e momentos mais “viscerais”. A diferença para o gore citado é que a trama parece que se desenrolará em torno de um jogo e a produção técnica da estreia foi bem acima da média (Tokyo Ghoul só chegava a tanto em trechos pontuais).
Na história acompanhamos Shuuichi, um cara estudioso bem comum que opta por não aceitar a indicação para a faculdade que recebe no colégio e esconde um segredo, ele se transforma em um monstro de pelúcia em forma de cachorro. Sim, o autor estava doidão (é baseado no mangá escrito por Sun Takeda) quando pensou na premissa e, para ser sincero, é só assim que histórias com esse tipo de característica funcionam, na doidera!
Ao salvar uma garota de um incêndio Shuuichi acaba desenvolvendo com ela uma “peculiar” relação (que ao menos nessa estreia pareceu mais chantagem que uma amizade). Aoi Clair queria se suicidar e não parece bater bem das ideias, mas o que mais chama atenção na sua apresentação ao garoto é que ela sabe mais sobre sua transformação em monstro do que ele mesmo, sacando uma moeda que é a chave para resolver esse mistério.
O que me parece? Uma espécie de jogo mortal em que esses monstros (ou as pessoas que se transformam neles) precisam coletar essas moedas douradas por algum motivo, para algum propósito. Os detalhes não foram revelados, a gente só pode supor, mas o importante foi a caracterização feita do personagem principal, tanto no que se refere a sua personalidade, quanto em como a transformação afetou sua aptidão física e psicológica.
Ele tem sentidos mais aguçados, aperfeiçoados, e é extremamente sensível aos cheiros, como um animal selvagem mesmo. Inclusive, uma cena tensa foi a dele abaixando a calcinha da Aoi transformado. Ali ele se deixou levar pelo instinto e não concluiu o ato (não faria sentido ir adiante, né, seria algo reprovável ao extremo, obviamente), mas só de ter abaixado a calcinha dela mostrou que não tem controle absoluto quando se torna um monstro.
Sendo assim, o caminho natural é que ele desvende o submundo dessas criaturas (talvez elas se chamem Gleipnirs?) ao lado da Aoi, tendo que responder a ela por chantagem ou por atração (amizade, o que for) mesmo. Ela, inclusive, parece tão quanto ou ainda mais interessada nesse mistério que ele e tem um ou vários parafusos a menos. Espero que tenha uma boa explicação para isso ou ela se trocar na frente dele só vai parecer forçado.
Já parece, o detalhe é que se aprofundarem a personagem, se mostrarem porque ela é tão esquisita (para não escrever escrota), deve dar para justificar sua tentativa de suicídio meio despida, sua falta de pudor e ousadia, pois apesar de saber que ele muito provavelmente se salvaria, ainda assim ela colocou a vida do garoto em risco (vai que a transformação não ativava e o garoto morria?), quero entender porque ela é “corajosa” a tal ponto.
Ademais, gostei de como o anime transitou entre momentos, sejam os momentos de ação, os momentos mais agressivos dos personagens, ou os momentos mais intimistas, os momentos em que o Shuuichi sente cheiros e reflete sobre a sua condição. Inclusive, foram nesses momentos mais sutis que senti ainda mais uma semelhança entre Tokyo Ghoul, um toque de lisura em meio aos horrores que esses protagonistas precisam encarar.
Além disso, achei a trilha sonora bem orgânica (seja nesses momentos ou nos momentos mais tensos) e a animação foi excelente. Vou ficar bem triste se ela decair demais nos próximos episódios, já esperava algo assim por causa do trailer, mas quando fui conferir o estúdio me surpreendi. O Pine Jam fez poucos trabalhos até agora, alguns curtos, outros não tão bem animados, esse é o primeiro anime deles que deve ter alta qualidade técnica.
Quanto a computação gráfica, acho que ela se misturou bem a animação 2D ou não destoou tanto dela, então visualmente só tenho a elogiar o anime. As cores vívidas, com tons mais escuros nas cenas certas, muita consistência e um belo acabamento, além, é claro, dos designs nada originais, mas muito, muito bonitos. Eu esperava algo bem feito, mas não bem feito o tempo todo e passando a impressão de que deve se manter.
É claro que é cedo para afirmar isso, além de ter sido a estreia (onde a animação tem que chamar atenção mesmo), mas Gleipnir foi ainda melhor tecnicamente que como historia, como narrativa, apesar da narrativa em si não ter sido ruim. A Aoi tem uma personalidade perigosa, que pode pender para o absurdo ao se mostrar demasiadamente irritante, mas ainda acho cedo para garantir que ela será assim e/ou que isso será danoso a obra.
Quanto ao Shuuichi, não tenho nada a reclamar, não o achei um personagem carismático nem nada do tipo, mas entendo seu temor de se envolver devido as circunstâncias que seu poder lhe proporcionam e no geral achei que ele agiu de maneira coerente na maior parte do tempo, tirando o instinto animal que aflora, principalmente quando ele sente certos cheiros, como o da Aoi. Seria ela uma fêmea pela qual ele se atrai? Parece algo assim…
Por fim, gostei bastante dessa estreia, de seu final que deve encaminhar a obra para a elucidação de algumas perguntas já a partir do próximo episódio e do que ocorreu ao longo da própria estreia. Muito devido a beleza da animação com certeza, mas vejo potencial no anime para algo mais que um simples gore esteticamente peculiar, apesar de eu duvidar demais que exista explicação minimamente lógica para um monstro de pelúcia, né.
Até a próxima!
Felipe Resende
Adorei o gleipnir. Só esse drama que o personagem principal faz que eh meio mela-cueca,corta tesão. Mas vou pagar pra ver. Não podemos esquecer do cinetifo Ecchi que agrada.