Gleipnir – ep 8 – Memórias roubadas
Elena é a verdadeira heroína desse anime e não a Clair, mas você ainda não está pronto para essa conversa, até porque nem eu estou, apesar de achar que em algum momento (seja ainda no anime ou só no mangá) possa ser coerente afirmar isso daí. A verdade é que muito convenientemente o Shuichi não recuperou memória de porcaria nenhuma, mas, em compensação, ainda assim, foi um bom episódio, deu parar tirar alguma coisa dele.
Posso só estar sendo chato, mas tenho para mim que a Clair não dar um ataque de ciúmes e até mesmo se insinuar para o Shuichi (como se fosse capaz de abrir as pernas se tal artifício a ajudasse a mantê-lo ao seu lado) é porque ela enxerga todo o quadro da situação que os envolve. Não que pensar logicamente seja um crime, não mesmo, mas posso achar estranho se ela tem uma relação de alma gêmea com ele e é tão calculista, né?
Não acho que ela não brigou só por confiar no próprio taco, mas também porque sabe que não ganharia nada com isso, o mais importante era descobrir o que a Chihiro esconde, mas isso ela não conseguiu. Pelo contrário, pois ainda que a antipatia dela pela Clair não seja fruto das memórias que espiou, uma coisa é certa, a Chihiro sabe demais, sabe que a Elena não é bem o que parece e que ela era importante para o Shuichi.
Certamente mais importante que a Clair, até porque a Elena passou mais tempo com ele, eles eram amigos de infância, é o que a memórias desconexa da infância dá a entender. Nada demais é revelado, mas, dos fragmentos de memória mostrados, em nenhum o Shuichi parece mal ou triste, muito pelo contrário, ele era feliz em sua relação com a Elena. Uma relação apagada por ela que, inclusive, criou o poder do Shuichi a sua vontade e a personalidade dele.
Ela sabia que o Shuichi era alguém que precisava da força dos outros e ela queria ser essa força, mas por algum motivo não pôde e teve que se afastar, deixando o garoto sem memórias e à mercê de alguém como a Clair. Não que ela seja a vilã aqui, não é exatamente isso, mas o que garante que ela é a mocinha? E o problema todo gira em torno do Shuichi, de sua incapacidade, de sua necessidade de depender de outra pessoa para tudo.
Não à toa ele é vazio por dentro quando vira pelúcia, é para ser preenchido. É nesse vão de personalidade que Gleipnir se constrói e dá todos os sinais de que a história realmente é mais complexa do que parecia até pouco. Elena é meio yandere, mas não é só isso; ela pode querer o mesmo que o grupo em que a Clair entrou com o Shuichi, mas toma outro caminho, afinal, roubou as memórias do amado a fim de protegê-lo de algum “mal”?
É o que está na cara, só nos falta saber os detalhes, mas o Shuichi não lembrar de nada e a Chihiro sim foi uma bela safadeza do roteiro. Não que seja um artifício horrível nem nada assim, mas isso cozinha a situação ao jogar informação no colo de quem está de fora e quer até articular em favor do protagonista, mas ao que tudo indica não vai conseguir. Sendo assim, é melhor para quem que ele saiba de toda essa verdade?
Para ele ou para a Clair? Se eles realmente forem diferentes demais para conseguir ser um só, se no fundo o que mais importar para ela forem seus interesses, então se duvidar esse desenrolar foi o melhor mesmo, pois o Shuichi ainda é muito bananão para recuperar essas memórias. Não que eu ache que eles precisem ser iguais para dar certo juntos, mas a relação deles não é normal, e se a Clair só estiver usando o garoto, aí então…
Então aí que a coisa fica mais disfuncional e reaproveitar o teor sexual, ainda que leve, para lembrar o Shuichi do poder que a Clair tem sobre ele (a cena em que ela atiça ele no estacionamento da loja de conveniência foi bem isso) e demonstrar que ela ficou pensativa (na cena pós-banho), com uma expressão que vai além do que ela deixa transparecer para o Shuichi, me parecem boas formas de dar pistas sobre o que venho escrevendo.
E o que sucinto quase todo episódio? Que a Clair só está usando o Shuichi. É claro que as supostas “pistas” podem ser só cisma minha, mas também podem ser sinais que apontam que ela tem lealdade apenas consigo e que se chegar o momento em que não precise mais do Shuichi ela vai descartá-lo sem piedade, diferente do que a Elena fez, mesmo que o público ainda não saiba o que rolou exatamente. Mas ele saberá. Espero que saiba ainda nesse anime.
E quando/se souber, a forma como vai processar as informações depende, ao menos em parte, desses sinais, desses indícios que apontam que a Elena não é o que parece e talvez nem sua irmã caçula. Sim, se o Shuichi não fosse a ameba que é as coias seriam diferentes, mas aí a história mudaria drasticamente, né. Gleipnir só é desse jeito porque o Shuichi é assim e ele mudar ou não é um processo, o qual confesso que não vem me agradando tanto.
Na cena em que ele encara o vouyer/stalker ele parece um zumbi sem vontade própria, quase que um fantoche, o que pensei que não veria de novo após a descoberta de parte da história que ocorreu com as revelações do alien e a solidificação da relação dele com a Clair. Pensei que ele havia ganho confiança, mas não, continuou agindo feito um bocó e até por isso não me estranha que não tenha lembrado de nada. Ele é uma ameba mesmo.
O pior é que a forma como a coisa se desenrolou também não indica nenhuma mudança para logo, então não vou estranhar se o anime seguir com o Shuichi sendo idiota até o final, apesar de crer que justamente um bom final seria ele descobrindo o que a Elena esconde e passando ao menos a questionar a Clair, ainda que não se separe dela, até porque talvez nem tenha motivo para isso também. Mas ele precisa mudar, isso me parece bem claro.
Nem que essa mudança seja circunstancial, que não se dê por meio de um processo. Esses dois últimos episódios formaram um arco estranho que foi desenrolando o novelo da história sem entregar o prato principal, e isso de uma maneira bem específica, se fosse mais chatinho eu poderia pegar no pé por ser conveniente. Mas, repito, só foi possível devido a falta de noção do Shichi, então, de alguma forma, também não foi forçado.
Inclusive, mesmo a explicação da fusão foi boa, corrobora tanto com as características do monstro em que o Shuichi se transforma, um ser vazio por dentro a ser preenchido e misturado, que até descontei ter sido sacada naquele momento. É como a Elena disse, era um recurso que só se ativaria com objetivos alinhados e se sobreviver a morte certa não é um objetivo digno para tanto eu não sei o que seria. No fim, acabou sendo uma boa saída.
Até por isso, e por ter sido um episódio interessante de observar pelos outros aspectos que citei, acho que o anime segue bom. O grupo em que a Clair e o Shuichi entraram pode não ser da pancadaria, mas tem habilidades bem úteis se bem usadas e o grupo da Elena, esse já aparentemente mais combatente, teve sua cara de grupo de vilão meio que desmistificada junto com a imagem dela. Não que tenham sido anunciados como tal, né.
Fazer parte de um grupo de coletores e caçar as 100 moedas não torna ninguém mal ou bom (okay, talvez torne dependendo do que e de como for feito para alcançar o objetivo), o problema vai ser o que fazer com elas, essa história de querer evitar algo ruim para todos é muito bonitinha, só quero ver se alguém que tenha esse ideal sobreviverá no final da história. Okay, alguém além do Shuichi, apesar de que talvez ele nem ligue mais para isso ate lá.
Por fim, sei que você ligou os pauzinhos sobre a cena inicial do episódio e a perda de memória do Shuichi. Sendo assim, nem tenho mais o que comentar, só posso escrever que, felizmente, ate agora nada (ou quase nada) no anime não fez sentido, então é (quase) certo que essas memórias do Shuichi incluem o momento em que ele conheceu a Elena e sua vida começou a mudar. Espero que as recupere e saia da casca, da casca de bananão que o cobre.
Até a próxima!
felipe resende
Muito otario shuichi.Cena estranha akela com o voyeur realmente. Nao sei se o anime pegou muitas referencias de Tokyo Ghouk e do protagonista, entao pode ser que vire bad ass a ameba….kkkkkk vou continuar assistindo. Queria ver mais lutas, porem vejo que a historia se arrasta bastante.