Phantom World parece estar se especializando em encher a nossa telinha de bichinhos fofos toda semana. Basta lembrar do episódio da semana passada que foi repleto de ursinhos; ou então do quarto e quinto episódio, onde o espaço foi reservado para coelhinhos (fofíssimos por sinal); ah… e também não devemos nos esquecer do segundo e terceiro episódio, em que o responsável pelos momentos de “explosão de fofura” foi o simpático cachorrinho Marchosias, invocado pelo Haruhiko para ajudar a aumentar o poder de moe ataque de sua equipe. Enfim, o episódio da vez não fugiu à regra e nos ofereceu um episódio inteiro dedicado ao bichinho mais amado por todos (pelo menos nas redes sociais): gatos!

Coincidentemente (ou não…), o episódio foi ao ar no dia 17 de fevereiro, no qual é comemorado o “Dia Mundial do Gato”. Bom, na verdade no Japão, o dia do gato foi dia 22 de fevereiro (ontem). Então talvez não tenha sido exatamente um episódio “temático”, digamos assim. Ou então talvez combinaria melhor com a data se fosse exibido essa semana? Hum… acho que tanto faz, já que na internet todo dia é dia do gato, não é mesmo? Ok, parei. Juro. Vamos ao que interessa!

Já afirmei em outros artigos que o diferencial desse anime é o modo como usam a introdução para expor teorias/hipóteses/conceitos científicos ou filosóficos para embasar tudo que virá no decorrer do episódio. É claro que na maioria das vezes, os conceitos escolhidos não são tão profundos e ainda acabam sendo distorcidos de uma forma meio absurda, só para obter o resultado cômico desejado. Mas dessa vez escolheram usar um conhecidíssimo experimento imaginário da física quântica: o gato de Schrödinger. Esses conceitos podem ser os mais importantes já apresentados, pois dizem muito, não só a respeito do que aconteceu nesse episódio, mas também estão profundamente ligados com toda a premissa do que realmente é o “mundo dos Phantons” e do porquê as pessoas conseguem vê-los e interagir com eles no mundo real!

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O experimento citado é uma hipótese lançada em 1935 pelo físico Erwin Schrödinger. Ele imaginou uma caixa na qual seriam colocados: um recipiente com material radioativo; um aparelho para detectar radiação; um martelo posicionado para quebrar um frasco de veneno caso fosse acionado (o martelo é acionado se o aparelho detectar a presença de partículas radioativas); e um gato. O que pode acontecer dentro dessa caixa é muito simples de ser deduzido, certo? Se o frasco de veneno for quebrado, o gato morrerá; se o martelo não for acionado, o gato permanecerá vivo. Bom, mas como nada pode ser tão simples assim porque o povo de exatas adora complicar tudo, Schrödinger se baseou nas regras da mecânica quântica para observar que as duas possibilidades poderiam acontecer simultaneamente, deixando assim o gato vivo e morto ao mesmo tempo. Tudo isso foi dito durante o episódio, mas como a interpretação dessa hipótese ficou em segundo plano, imaginei que poderia ser interessante usar esse artigo para discutir um pouco mais desse assunto (até mesmo porque não há muito o que dizer sobre pessoas se comportando como gatos…). Então, se você fica facilmente entediado com esse tipo de assunto, sugiro que pule direto para o parágrafo que vem depois da próxima imagem do artigo. Acho que a parte “entediante” já vai ter acabado. Me dê esse voto de confiança, ok?

Pois bem, primeiramente precisamos entender de onde Schrödinger tirou a ideia de que o gato poderia estar vivo e morto ao mesmo tempo. Na verdade, ele estava analisando a situação de acordo com as leis da física que regem o mundo das partículas subatômicas (menores que os átomos), pois a radioatividade pode se manifestar tanto em forma de ondas quanto de partículas, e uma partícula pode sim estar em dois lugares ao mesmo tempo! Porém, o fato de estar em dois lugares ao mesmo tempo não significa que a partícula é duplicada, e sim que a mesma partícula está existindo em duas realidades diferentes ao mesmo tempo. Em uma das realidades, as partículas radioativas estão circulando pela caixa e isso fará com que sejam detectadas pelo aparelho que aciona o martelo; na outra, seu comportamento é diferente e não é detectado. Ou seja, até que alguém abra a caixa para ver o resultado do experimento, as duas possibilidades (o gato estar morto ou vivo) estão existindo ao mesmo tempo! O fato de surgir uma interferência no ambiente onde as duas realidades estão ocorrendo, faz com que uma das realidades se imponha. Então sempre que a caixa for aberta (essa é a interferência nesse caso), ou o gato estará vivo ou estará morto, pois há um observador enxergando apenas uma das realidades.

Falando dessa forma, e por ser apenas um experimento mental, o conceito parece bem abstrato e poderia ser aplicado em qualquer circunstância da nossa vida. Mas quando é utilizado na física quântica, os resultados são quase sobrenaturais mesmo. Existe um experimento criado recentemente (por uma cientista brasileira inclusive), onde o gato de Schrödinger é utilizado como base para criar um “fantasma”. Você pode ler os detalhes sobre o experimento aqui, mas basicamente, o que ela fez foi preparar dois ambientes: um com a imagem de um gato, e um vazio. O próximo passo foi cortar fótons em duas partes e separá-las para fazer com que a primeira parte do fóton “visse” a imagem do gato; e a segunda parte não tivesse acesso a ela. O interessante é que justamente a parte que não “viu” o gato, consegue reproduzir exatamente a mesma imagem do ambiente onde o gato está, no ambiente vazio. Dessa forma, quando ela tira uma foto do ambiente vazio, o gato também aparece na foto! Ou seja, a mesma partícula está em dois lugares ao mesmo tempo, fazendo o gato existir nos dois ambientes. São duas realidades paralelas ocorrendo.

O Phantom que causou todo esse fanservice tumulto.

O Phantom que causou todo esse fanservice tumulto.

Ok, e o que todo esse “blá, blá, blá” interessa para o anime?! Todos devem se lembrar que os Phantons começaram a aparecer depois que um vírus especial que infecta o cérebro das pessoas escapou. Isso significa que, provavelmente, os Phantons sempre existiram! Porém, as pessoas é que eram incapazes de vê-los, pois eles estão em realidades paralelas e o nosso cérebro não consegue enxergar mais de uma realidade ao mesmo tempo. De acordo com a física quântica, o mínimo de interferência, como uma luz necessária para enxergar esses fenômenos, já faz com que as realidades paralelas do mundo subatômico entrem em colapso e apenas uma delas se torne visível para nós. Então a verdadeira função desse vírus seria algo como desbloquear esse “sistema” que o nosso cérebro usa para detectar a realidade; torná-lo imune às interferências externas nas partículas. Em outras palavras, é como se o cérebro tivesse ganhado a capacidade de enxergar as realidades paralelas apesar das interferências que estão a todo momento tentando forçar uma delas a ser a realidade “dominante”. O que significa que os Phantons do mundo dos Phantons estão existindo tanto na realidade deles quanto na dos humanos ao mesmo tempo! Essas realidades paralelas estão misturadas e, graças ao vírus, agora podem ser vistas pelos seres humanos. Lembro que em algum momento, nos episódios passados, a professora do Haruhiko disse que um Phantom que já foi selado pode voltar a ficar ativo novamente depois de algum tempo. Agora isso faz sentido! Pois, se toda essa especulação que estamos fazendo aqui for verdadeira, então significa que quando um Phantom é selado, na verdade ele está apenas sendo “transferido”, digamos assim, de uma realidade paralela (que é a que está se cruzando com a dos humanos naquele momento), para outra qualquer. Nada impede que a realidade paralela para onde ele foi mandado, venha a se cruzar com a de alguém na realidade dos humanos novamente.

 

 

 

 

Acabei de notar que o artigo já está gigante e eu basicamente não comentei o que, de fato, aconteceu no episódio… Desculpa. É que eu realmente achei mais interessante tentar procurar pistas que pudessem ajudar a entender esse mundo maluco do anime, do que refletir sobre o fetiche bizarro que esses japoneses têm em ver pessoas com rabo e orelhas felinas, e ainda se comportando como se fossem realmente um gato. Quem gosta desse tipo de fanservice, deve ter se sentido no céu, porque foi basicamente só isso que foi mostrado no episódio inteiro.

 

 

Pelo menos com esse episódio o anime voltou a mostrar o grupo da Mai agindo de forma colaborativa para selar um Phantom (Ninguém aguentava mais episódios focados em apresentar personagens). Devo destacar que tanto a participação da Koito quanto da Kurumi, que foram as últimas a se juntar ao grupo, foram essenciais para o sucesso da missão. Aliás, isso é mais um argumento que está relacionado às realidades paralelas: a interferência da Kurumi foi o que fez o Phantom devolver o gato Rudolph para a realidade deles. No decorrer do episódio mesmo, foi dito que foi isso que fez Rudolph se manter no estado “vivo”. Caso o Phantom não tivesse devolvido o gato, ele estaria no estado “morto”. O que não significa que ele estaria morto de verdade, mas passaria a existir em alguma realidade paralela no mundo dos Phantons e não mais no dos humanos.

Basicamente é isso que eu tinha para dizer sobre esse episódio. Diga nos comentários o que pensa! Se você concorda ou discorda ou acha que preciso começar a frequentar um psicólogo…. Obrigada por ter lido até aqui. Até o próximo episódio!

Ok, admito. A Kurumi ficou muito fofinha de gatinha! Ownnnnn

Ok, admito. A Kurumi ficou muito fofinha de gatinha! Ownnnnn

  1. Fábio "Mexicano" Godoy

    Excelente análise da parte técnica do mundo de Myriad Colors! Eu nem tentei começar a pensar em tudo isso. Só me atentei (e acho que você ficou tão emocionada com mecânica quântica e tão entediada com o moe que não se importou) com o fato de terem estabelecido um vínculo entre a incerteza dos estados quânticos à incerteza da insondável mente (e “coração”) humana. Tá bom, talvez isso nem seja tão divertido, mas me parece que é importante em histórias adolescentes, com essa coisa de amizade e emoções e quejandos.

  2. Bem observado, Fábio! ^^
    A questão da incerteza foi realmente uma parte interessante, mas eu esqueci completamente disso (tinha muito gato ocupando espaço na minha memória… xD ).

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