Toukai Teiou definiu um ideal para sua carreira de corredora e o fez espelhado na garota-cavalo que admirava, mas quando esse ideal desmorona e só o que sobra é uma realidade na qual seus sonhos não podem mais se concretizar do jeitinho que ela queria, como Teiou reagirá a isso?

Não sei, isso é algo para vermos no próximo episódio, pois nesse o que tivemos foi uma bela corrida com um desfecho inesperado, mas só até certo ponto já que Uma Musume é um anime marcado justamente por fortes baques antes de um final feliz. Vamos a mais um deles?

A expectativa antes da Tennoushou de Primavera era tremenda e novamente em nenhum momento a Teiou foi apontada como nada menos do que a favorita. Tudo bem que a McQueen vinha em seguida, mas tudo não apontava demais para a Teiou e isso não queria dizer alguma coisa?

Ao mesmo tempo, até ferradura quebrada teve para passar a falsa ideia de que a McQueen estava com azar, então, olhando em retrospecto (e também por causa de outros detalhes que comentarei a frente) não foi surpreendente o desfecho da corrida, ou ao menos não deveria ter sido…

Mas eu estava tão animado pela possibilidade de ver a Teiou feliz e invicta que nem me atentei a esses detalhes, como a evolução da McQueen e a tranquilidade em suas feições, como se tivesse se dado conta do que deveria fazer para vencer após a conversa que teve com a avó.

É claro que a McQueen vencer e a Teiou não foi o caminho pelo qual a produção decidiu guiar a narrativa, levando a heroína ao “fundo do poço” antes de se reerguer, o que por um aspecto pode soar sim clichê, mas dado o que Uma Musume é acho que nunca deixará de ser “inusitado”.

Porque em um anime de garotas fofas com uma proposta meio absurda você não espera muita seriedade na construção de personagens, mas destroçar os sonhos da Teiou da forma que foi feito denota tudo menos leniência quanto o assunto é seriedade, passar uma mensagem, etc.

Uma Musume quer passar a mensagem de que a vida real comporta fracassos e nem sempre vai seguir de acordo com o que a gente planeja. No caso da Teiou, ela queria ganhar a tríplice coroa e fazer isso de forma invicta. Ela não fez o triplete, nem é mais invicta. Dá vontade de chorar, né?

É ainda mais doloroso no caso dela, que queria seguir os passos da Symboli Rudolf, mas não vai mais conseguir fazer exatamente como ela. Acho que foi isso que me fez acreditar tanto na vitória dela agora, para que mantivesse ao menos a invencibilidade até tentar a tríplice coroa de novo.

Aliás, pelo menos isso ela ainda pode alcançar, ainda que não seja de forma invicta, né? De toda forma, antes de chegar na corrida tem alguns pontos que gostaria de comentar, como a curiosidade de que a Gold Ship realmente tem um canal no youtube. Clica no link e dá uma olhada.

Além disso, e agora sobre o anime, não acho que em nenhum momento foi dado algum forte indício de que a McQueen se sairia vitoriosa e foi melhor assim. O progresso dela no treinamento bastou para que entendêssemos que as ferraduras mais pesadas surtiram efeito e isso bastava.

Porque a McQueen já dominava o cenário das corridas de longa distância, então para ela foi mais fácil apenas focar em um meio para aumentar sua velocidade. Lembro que no artigo anterior escrevi que pareceu pouco para mim, mas não acho que esse seja exatamente o problema.

Na verdade, não acho que a McQueen vencer tenha sido um problema, mas esperava mais da Teiou sim, ou se não isso, esperava que a dificuldade que ela teve no trecho final da corrida tivesse sido indicada com mais clareza antes porque pareceu que o que ela evoluiu bastaria.

Ela voltou da lesão com uma explosão maior, mas não foi o bastante para superar a McQueen, da qual só viram as costas após ela tomar a ponta. Como não sei o quanto demora para que uma corredora aprimore sua capacidade de correr grandes distância fica difícil encucar com isso.

Além disso, a Teiou pode só não ser capaz de correr no maior ritmo, com a maior intensidade, por mais metros do que já fazia mesmo que tenha voltado melhor da lesão. Da forma que for, essa era a única ponderação que tinha a fazer sobre o episódio, pois todo o resto foi do meu agrado.

Enfim, após o giro pelo elenco e o reforço de algumas “esquetes” de secundários que devem ser cadeira cativa no anime, há a tensão pré-corrida e a apresentação da nova “skin” da McQueen (finalmente!!!). Será que guardaram até aqui porque ela brilharia nesse episódio? Sim, foi por isso.

Gostei da roupinha dela, mas tem coisas mais interessantes a comentar relacionados ao evento e uma delas certamente é o dilema pelo qual o treinador passou ao ter que torcer por suas corredoras sabendo que só uma delas sairia vitoriosa. É uma situação que dá um aperto no coração.

Por isso vemos o incômodo dele na hora da corrida e por que não sua tristeza? Afinal, a corrida era algo complexo não só por ele gostar muito de ambas, mas também porque se por um lado a vitória de uma delas seria uma afirmação de seu sucesso como treinador, a derrota de outra…

Seria a afirmação do fracasso. Não lembro se dá para ter um empate na corrida (se não me engano uma situação assim rolou com a Spe-chan na primeira temporada), mas não acho que um empate seria a melhor saída narrativa para o que as personagens precisavam agora de toda forma.

Porque alguma hora a McQueen teria que vencer uma corrida realmente relevante e a derrota da Teiou corroborou com a ideia central que essa segunda temporada está tentando vender e está fazendo isso muito bem, afinal, mesmo que fique para baixo, a Teiou dará a volta por cima.

Se tem uma personagem desse anime que já demonstrou capacidade disso foi a Teiou, mas vou entender se ela passar um ou dois episódios desnorteada. Diria até que vai parecer artificial se ela não sentir mais o baque do que sentiu com a lesão que a tirou de sua corrida derradeira.

Mesmo assim, é claro que ela vai se animar e seguir em frente, senão tentando remendar os objetivos de antes (como simbolicamente fez ao riscar e reescrever o cartaz no quarto), criando novos, que ela será capaz de realizar até o fim do anime. Apesar das derrotas, ela vencerá no final.

A questão nem é o final feliz, mas a forma como a jornada é trabalhada, que mensagens ela quer passar e como elas dão conta de conferir profundidade a história. Não complexidade, mas profundidade, mostrando que dá para ser simples, mas ter consistência e coisas boas a dizer.

Por fim, o episódio foi ótimo, tecnicamente e tematicamente. Só não gostei tanto dele quanto do segundo, mas certamente foi forte ver a Teiou perdendo a corrida, a gratidão da McQueen pela motivação que a Teiou foi para ela e a perspectiva do que ainda está por vir nesse belo anime.

Até a próxima!

P.S.: Sobre o clima amistoso entre a McQueen e a Teiou após a corrida, ele não foi incoerente com o que é a relação delas até aqui, é o contrário, ainda que seja incomum tamanha cordialidade. A Teiou até escondeu o choro para não preocupar a amiga, não tem como não sentir por ela, né.

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