Uma Musume: Pretty Derby 2 – ep 8 – Vilã para uns, heroína para quem importa
Outro belo episódio, mas quem diria que a Rice Shower roubaria a cena por um bom trecho do anime? Eu não esperava, ao menos não da maneira linda como tudo ocorreu (imagino que ela perderá espaço a partir de agora).
Sem mais delongas, sigamos com a heroína e vilã das últimas semanas!
A Rice cresceu na trama nesses últimos episódios e a alteração para lá de estilosa em seu respectivo trecho de destaque na abertura foi a cereja de um bolo do qual acompanhamos todo o processo de produção.
De personagem pequena, fofinha e tímida a desafiante passou ao status de grande vilã sob o ponto de vista de quem queria ver as narrativas “perfeitas” serem contadas.
Às vezes isso acontece no esporte (acredito eu a maioria), mas às vezes não e dessa vez já estava meio que na cara que seria a Rice Shower a vencedora. Restava sabermos como ocorreria, se ficaria bom ou não.
Antes de ir a fundo nisso, há outros pontos pertinentes a comentar, como o contraste entre a personalidade da baixinha e o personagem que ela encarna frente ao público.
Ela nada tem a ver com seu apelido de assassina, contudo, essa alcunha casa perfeitamente com a maneira como ela corre e, ao menos na maiorias dos casos, parece se sobressair quando define um alvo e busca superá-lo.
Não à toa venceu a Bourbon e a McQueen, as duas favoritas, as garotas-cavalo a serem batidas em suas respectivas corridas. Se não me engano ela só perdeu quando não correu tão “por fora” assim, como quando venceu a garota da Canopus.
Outra coisa, que não tem a ver com esse arco, é que o trio BNW. que aparece no jornal antes da Teiou destacar a manchete que fala da McQueen, é, se não me engano, o que protagoniza os especiais lançados antes dessa segunda temporada.
Ainda não os assisti, mas quando fizer isso devo aproveitar para fazer minha resenha. Uma Musume prova a cada episódio que sabe trabalhar coadjuvantes, então sou todo expectativa.
Quanto ao pré-evento, o treinamento de resiliência mental da Rice me lembrou um pouco o treino com peso nas ferraduras da McQueen, enquanto a própria McQueen dessa vez não fez nada de diferente, assim como a Teiou não fez antes de perder para ela.
É um sinal de que sempre que uma garota-cavalo não fizer uma preparação mais minuciosa antes de enfrentar uma rival altamente competitiva ela vai perder?
Não necessariamente, acho mais que é o caso de mostrar que no esporte não importa o quanto você seja bom, uma hora você vai ser surpreendido; vai surgir alguém que fará algo diferente e vencerá, e isso é normal, não existem atletas invencíveis.
Foi o que a Rice fez dessa vez, foi o que a McQueen fez há uns episódios, mas não duvido que ela tenha decidido por treinar em um local afastado também para evitar os holofotes da imprensa que deve odiar devido a sua timidez e o status de “estraga-prazeres” que carrega.
Deixando as brincadeiras (ou não) de lado, o treinamento especial que a Rice fez e a aproximação da Bourbon para oferecer apoio foram cruciais para justificar essa construção da vitória da “assassina”.
A única coisa que me incomodou um pouco é que o estado em que ela apareceu para correr (completamente na “zona”) indicava demais sua vitória, mas ao mesmo tempo isso já não estava na cara desde o episódio anterior?
Além disso, a opção por pôr a Rice em um verdadeiro “transe” veio para igualar seu desafio (vencer a melhor fundista da geração em seu habitat natural) e sobrepujá-lo. Sem a ideia de que ela estava focada ao máximo, sem essa construção, não seria tão crível o que ela alcançou.
A Rice simplesmente venceu a favorita em sua especialidade e após vitórias consecutivas, não foi pouca coisa o que ela fez, tanto é que só foi capaz de tomar a ponta já muito próximo ao final da corrida. E tudo isso de salto alto.
É sério que a Rice corre de salto ou é só “ilusão de ótica” do traje (que é estiloso a beça, convenhamos)? Não sei, mas se for salto mesmo é ainda mais incrível como ela consegue correr tão rápido.
Enfim, adorei a corrida em todos os seus aspectos técnicos, mas também narrativos, e pontuo dois detalhes que para mim a tornaram uma das melhores, senão a melhor, do anime até aqui, que foram: a pressão que a Rice exerceu na McQueen e o trabalho da direção na reta final.
Desde o começo ficou claro que a Rice visava vencer focando seus esforços em superar a McQueen, que, como todo mundo esperava, assumiria a ponta alguma hora. Nesse caso em específico não acho uma estratégia perigosa porque é diferente de não fazer sua própria corrida.
O tempo todo a Rice correu por si e para si, mas ela corre melhor na base da “dividida”, definindo um alvo a fim de superá-lo, o que não significa que não seja capaz de ultrapassar quem por ventura pudesse estar a frente da Bourbon ou da McQueen, é nisso que eu acredito.
Quanto a reta final, a produção arrasou ao animar as caras e bocas da Rice correndo em alta velocidade e concentração. A qualidade técnica deu a solidez necessária para que o público comprasse a ideia do quanto ela estava se esforçando e do quanto tinha fome pela vitória.
Ao mesmo tempo, a McQueen, que já havia sido impactada pela presença da Rice quando as duas se cruzaram no corredor, acabou se perdendo um pouco e dando brecha para ser superada, algo que ela admite muito conscientemente no final e em um tom bem maduro, convenhamos.
A McQueen dessa segunda temporada tem se mostrado uma personagem muito bacana de acompanhar e o mais legal de tudo é que esses dois últimos episódios em que ela e a Rice tiveram mais foco não deixaram a Teiou de lado em momento algum.
Escrevo isso porque a Teiou acompanhou a história de perto e certamente aprendeu uma coisa ou outra com a McQueen, com a Rice e mesmo com a Bourbon, que passou de um estereótipo sisudo sem muita graça para uma personagem bem mais simpática, passional e participativa.
Inclusive, o que ela fala com a Rice faz eu me retratar um pouco pelo discurso dela do episódio anterior. A Bourbon não quis dizer que a Rice não é realmente uma vilã, é que se trata tudo de ponto de vista, né, o lance é que isso é inevitável quando a palavra “competição” está envolvida.
E a partir do momento em que uma garota-cavalo quer correr em um páreo ela tem que aceitar isso, aceitar que os sorrisos dela significarão as lágrimas das adversarias e de seus fãs e que não há nada de errado isso, afinal, ninguém vence sempre, todo mundo experimenta os dois lados.
Sendo assim, não há problema algum na Rice ser a vilã, como também é normal que ela seja a heroína para quem se alegra com sua vitória. O que importa é o segundo, o primeiro é o contrato inerente que todo atleta “assina” quando decide competir.
A Rice não fez nada de errado e se a aceitação a ela anda é baixa, as coisas devem mudar a partir do momento em que ela entrar em uma grande corrida como a favorita. Ser a desafiante uma vez é bom, duas é ótimo e três é demais; o público deve rever como tratá-la.
E quando ela for a favorita o cenário se inverterá, a maioria ficará feliz com sua vitória. O anime expôs reações ate mesmo ríspidas pela vitória dela e acredito que isso se justifique também por sua personalidade introvertida e a alcunha que tem, como se ela “tomasse” algo dos outros.
O povo mal sabe que a Rice Shower é super meiga e venceu essas duas grandes corridas por mérito próprio, construindo uma história muito vitoriosa e bela antes de ter alguma lesão que a tire um pouco de sintonia. Parece ocorrer com todas, mas só vão a fundo com as protagonistas.
Por fim, foi outro excelente episódio em que a corrida realmente pagou o ingresso e o desfecho não contrariou o curso natural das coisas (a Rice não passou a ser aceita pela maioria de uma hora para outra), apenas mostrou que dá sim para seguir em frente sem entregar a história “perfeita”.
Porque não existem histórias exatamente perfeitas e, obviamente, o triunfo de alguém significa a derrota de outros. Não dá para todo mundo acabar completamente satisfeito no fim do dia, mas dá para estar em paz com os esforços feitos e acho que isso ocorre com a maioria.
Não importa se a Rice Shower é a vilã para uns, o que vale é se ela é a heroína para quem importa. Seus fãs e, obviamente, ela.
Até a próxima!