Ninguém quer realizar mais a sua revolução do que o Moriarty. Mas a sua e do seu jeito. E nem pense em ser seu inimigo, aqui ele mostrou o que acontece com eles.

Nesse que bem poderia ser um excelente episódio, mas por vários motivos não foi. E aqui vou ser direto ao ponto: na minha opinião, as ações do Moriarty aqui mostradas são contraditórias ou no mínimo pouco coerentes. Mas antes vamos lembrar do episódio.

Nós já o começamos com uma precisa dedução do Moriarty quanto ao real culpado dos assassinatos em Whitechapel. E aqui o anime me surpreendeu ao colocar revolucionários como os “vilões” desse episódio. Além do mais, o anime colocava o crime e a morte como uma forma justa de se chegar até a revolução, mas não aqui.

Isso poderia até ser coerente se você visse como uma mudança da mentalidade por parte do Moriarty, mas esse não é o caso. Ele matou todos esses revolucionários, e fizeram deles sacrifícios para a sua própria revolução. Note que eles os assassinaram por fazerem a mesma coisa que eles mesmos fazem.

Matar para alcançar os seus objetivos é justo, desde que você seja o Moriarty. Até agora o anime tenta vende-lo como um justiceiro, mas como é possível nos fazer engolir que isto é justo? Quero dizer, se o que ele fez aqui é justo então tudo que ele já fez pelo seu objetivo não pode o ser.

Tudo bem, nos últimos episódios ele se apresentou como um “patriota” então até faria sentido ele ter feito isso. Claro, assumindo que o Moriarty esteja buscando uma forma de fazer a sua revolução sem causar destruições à sua nação.

E justamente isso é o que uma revolução armada desencadearia. Então esse poderia ser o ponto. O Moriarty quer se tornar aquilo que o “Jack, o Estripador” aqui fez. Ou seja, se tornar um inimigo comum para ambos os lados e assim evitar que eles se destruam.

O problema de aceitar isso é que significa que todo e qualquer revolucionário que esteja determinado a levar a sua revolução até as últimas consequências seria, na perspectiva do Moriarty, um dos “demônios” que merecem a morte.

O problema é que como diria Fidel Castro “uma revolução não é um mar de rosas”, e se olharmos para nossos livros de história veremos que isso é a pura verdade. As revoluções russa e francesa que o digam… espere aí, francesa? Mas não foi essa aquele em que Moriarty tanto ficou admirado na maneira como Robespierre a guiou? Exatamente.

Desde o início o Moriarty se mostrou completamente disposto a matar quantos fossem necessários e quem fosse necessário. Portanto nem me estranha que ele admire Robespierre.

Me desculpe, mas eu não consigo ver como o Moriarty sendo capaz de “condenar” (pois aqui ele se coloca na figura de “juiz”) alguém apenas por estar disposto a causar conflitos armados para alcançar a sua revolução. Repito “uma revolução não é um mar de rosas” e o próprio Moriarty sempre soube disso.

No fim, sobrou apenas uma hipótese. Ele matou todas aquelas pessoas apenas (ou principalmente) pelos assassinatos das prostitutas. Ou seja, ele agiu de fato como um justiceiro. Esse até pode parecer um bom ponto, já que parece que “não tem nada a ver com a revolução” mas eu discordo disso.

Se foi feito para alcançar a revolução então tem tudo a ver com a revolução. E aqui nós entramos novamente no problema do anime, que ser completamente maniqueísta com os seus vilões.

Aqui os revolucionários são tão estereotipados como os nobres. O resultado é que Moriarty sempre vai condenar verdadeiros “demônios” já que o anime os idealiza para serem exatamente isso. Ainda que seja claro e compreensível que uma obra faça uso de maniqueísmo é inegável que nem sempre seu uso é benigno à obra.

E muitas vezes, como aqui em Moriarty: O Patriota isso se converte num grande problema. Isso pois a própria motivação do Moriarty e os seus atos vistos nesse episódio tem cunho moral.

É fácil ser a pessoa mais correta desse mundo quando você cria um espantalho de seu inimigo, faz uso de sua podridão para se sentir superior e ostentar virtudes que nem mesmo possuí. Pois bem, aqui está um belo resumo do que é Moriarty: O Patriota.

Claro, isso sem considerar quando o anime tenta ser inteligente e falha ou quando tenta fazer alguma coisa épica mas apenas faz algo ridículo. E falando nisso, nesse episódio tivemos uma sequência de ação detestável para citar. Sim, estou falando da cena patética da moeda. Tudo bem, eu outros animes ela poderia até ser aceitável. Mas não estamos em outro anime, estamos nesse anime.

Que tudo bem, até me surpreendeu com a intenção de colocar revolucionários como inimigos. Claro que o anime apresentou contradições como as já citadas, porém ao menos isso mostrou que o anime pode estar seguindo por um novo caminho.

Talvez até saindo do uso genérico do termo revolução para apresentar algo realmente original. E outra coisa interessante que mostrou nesse episódio foi o Milverton. Ele é um personagem bem interessante do cânone sherlockiano, ainda que só tenha aparecido num único conto. Veremos se será bem aproveitado. Até mais.

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