[sc:review nota=5]

Ou talvez ele vá para alguma fazer uma macumba por conselho da quiromante. Falando sério, quem diria hein? Ele realmente rompeu com a Murano. Quero dizer, foi um rompimento implícito, mas ele entendeu como um rompimento e isso é o que importa. A Murano talvez fique mais segura agora. Já o Shinichi… o que ele pode fazer? O que ele deve fazer? Digno de nota nesse episódio também é o tema da evolução dos parasitas. Tamura desenvolveu um tipo de senso de humor, e o Migi entendeu que matar primeiro e perguntar depois não vai funcionar enquanto ele for o simbionte do Shinichi.

Ele entendeu isso, não entendeu? Pelo menos parece racional buscar outros métodos, e por isso nem o Shinichi e nem eu duvidamos dele em nenhum instante. Mas quando capturaram o detetive e o interrogaram, o próprio Shinichi achou o comportamento do Migi estranho. Eu não achei que ele estivesse tão estranho assim. E a cena toda ficou parecendo o clichê “policial bom e policial mau”, embora eu tenha certeza que isso foi acidental. Aliás, preciso fazer um comentário sobre o plano para capturar o detetive do Shinichi e do Mamoru: enquanto a narração explicava que um parasita pode emitir um sinal diferente para que outro parasita perceba, disseram que apesar disso não podiam conversar como em um telefonema. Ora, então porque não usaram celulares? Eles totalmente podiam conversar como em um telefonema. Eu sei, o mangá é do começo da década de 1990 e celulares não eram universalizados ainda, mas mesmo assim, o anime atualizou bastante o cenário (até celulares já apareceram), então poderiam tomar mais cuidado para evitar esse humor involuntário. Não precisava nem mudar a cena ou a narração, se não tivessem falado em telefones eu já não teria pensado nisso.

Continuando, tomaram a temerária decisão de contar tudo sobre o Shinichi ao detetive, que mesmo assim não quis contar quem o havia contratado. Convenientemente, contudo, Migi já tinha uma boa pista de quem era e ao falar dela para o detetive sua reação denunciou que ele estava certo. E agora esse detetive, que tem família, com esposa e filha, e adora histórias de mistério, pode estar em risco de vida. O rosto da filha não apareceu e eu achei isso meio sinistro, mas não dá para especular muito a essa altura. Em sua última conversa com Tamura, antes de ser capturado por Shinichi e na qual foi dispensado do serviço (portanto quando ele foi capturado estava investigando por conta e risco, sem ganhar nada), ele agiu como uma pessoa normal ainda assustada após ser atacado por um monstro e falava alto e visivelmente nervoso dentro de um café. Quando a Tamura estava indo embora e ele caiu desastrado tentando ir atrás dela, ela não pôde evitar achar graça, embora tenha demorado a entender isso e tenha andado até a sua casa com um riso bobo no rosto e os olhos revirados de forma não natural atraindo a atenção de todos na rua. Parasitas com senso de humor? Eu acho que a senso de humor é provavelmente um dos “sentimentos” mais primitivos, e isso pode querer dizer algo a respeito dos parasitas e da evolução do próprio enredo.

Antes que o Shinichi tivesse tempo para pensar no que descobriu com o detetive, contudo, a própria Tamura ligou para ele e pediu para encontrá-lo. O local foi o terraço de uma universidade onde ela foi para assistir uma palestra sobre altruísmo e egoísmo em seres humanos e animais. Muito adequado, e tenho certeza que ela sabe disso. Duas alunas normais ficaram encantadas com o bebê, filho da Tamura, que ela levou consigo. E espantadas quando ela foi embora o carregando feito uma mala segurando pelas costas da roupa. Bom, muitos animais carregam seus filhotes pendurados dessa forma, não é algo que faça mal a ninguém, só causa estranheza mesmo. Mas essa cena foi muito mais instrumental: no instante seguinte ela estava conversando com o Shinichi, agora segurando o bebê em seus braços junto ao peito, como seres humanos costumam fazer. Eu entendi na hora que ela pretendia usar a criança como escudo caso o Shinichi quisesse atacá-la. Só não pensei que ela fosse declarar isso com todas as palavras quando depois dela irritá-lo ele realmente ameaçou atacá-la. O fato é que Tamura conseguiu deduzir que a mãe do Shinichi havia sido morta por um parasita, e isso o irritou profundamente.

Depois dessa tensão no terraço da universidade, Shinichi saiu correndo pela rua gritando para que os “humanos” saíssem da frente. Um enquadramento em ângulo desconfortável não deixa dúvidas de que a história está voltando a flertar com o gênero do horror. E no final uma quiromante, com toda a lábia que quiromantes têm, vendo que o rapaz estava com uma expressão tensa e infeliz, disparou: “você tem um buraco no peito”. É uma frase bastante genérica para dizer para pessoas infelizes, e adivinhos são especialistas em ler a expressão e a reação das pessoas e dizer frases genéricas de acordo, mas ela não poderia sonhar que o Shinichi tivesse um buraco no peito literalmente. A reação dele foi o que ela precisou para continuar nessa linha, aconselhando que ele conversasse tudo o que tem a conversar com a pessoa que o deixou com um buraco no peito, mas de novo, ela não poderia sonhar que essa pessoa, no caso do Shinichi, já estava morta. O protagonista reage de forma bastante assustadora e o episódio acaba. Shinichi parece estar desesperado. Talvez já esteja à beira de atravessar um ponto sem retorno. A pergunta é: o que ele vai fazer agora?

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