[sc:review nota=4]

Nem Shinichi pensa em ceder ou tentar qualquer solução que não envolva matar todos os parasitas nem o grupo de parasitas que assumiu a prefeitura está disposto a mudar seus modos. E estão decididos a matar o Shinichi. Nesse momento o anime pode estar se transformando em uma história de ação comum, com um herói enfrentando sozinho uma organização muito mais poderosa do que ele, e certamente triunfando no final. Nesse formato popular, as lutar em si podem até ser interessantes, mas não é o caso de Kiseijuu, onde os combates se resumem quase sempre a tentáculos com lâminas balançando de um lado para o outro enquanto os corpos de onde eles pendem ficam praticamente parados a maior parte do tempo. Dá para melhorar nesse aspecto particular, mas não dá para melhorar muito o formato previsível da história, caso tomem esse rumo. Seria uma pena.

Depois de ficar emocionalmente abalado no final do episódio anterior, Shinichi está novamente normal. O que não é estranho, ele próprio já havia percebido e dito que sempre que algo o abala, ele volta ao normal rapidamente. O detetive que o descobriu continua investigando parasitas, seguindo a sua ex-contratante Tamura como pista. E assim ele envia um colega seu para a morte quando o mesmo decidiu seguir um parasita em um estacionamento subterrâneo de um prédio onde o parasita que ele seguia havia entrado antes. Shinichi vai com o investigador até aquele estacionamento depois e percebe que o local fede à sangue, mas não a tempo de saírem de lá antes da chegada de outro parasita, que foi com uma humana para saciar sua fome. Inicialmente Shinichi se esconde, mas ele não aguenta e acaba atacando. Não pôde impedir a morte da mulher, mas matou o parasita também. Shinichi cometeu o pior erro de sua vida.

Vida que agora está em risco. Ele aparentemente não deixou no local nenhuma pista, mas os parasitas não são estúpidos e deduzem que foi ele. E provavelmente irão atrás do detetive também, não importa o quanto ele queira desistir de continuar investigando os monstros por ser perigoso demais. A ação inútil e imprudente de Shinichi com certeza custará vidas. Não vou julgá-lo e dizer que deveria ter deixado a mulher morrer sem fazer nada, mas não é como se ele pudesse fazer muito àquela altura. Se ele fosse agir, deveria ter sido antes, e ele mesmo percebeu isso no final, mas provavelmente o Migi não iria querer comprar uma briga desnecessária e deve tê-lo convencido a se esconder. Ou na hipótese do único indivíduo, Shinichi estava dividido entre seu lado cínico e egoísta que prefere se proteger e seu lado idealista e altruísta que quer proteger as outras pessoas mesmo correndo riscos. Ele está no meio do caminho, ele está na transição, sem saber ainda qual seu lugar, qual sua decisão final, e balançou naquele momento. Mas verdade seja dita: mesmo que tivesse sido idealista desde o começo e salvado a mulher, o grupo de parasitas da prefeitura ainda iria caçá-lo depois e a própria mulher salva quase certamente iria apenas achá-lo um monstro e se tornaria outra ameaça para ele. Ele precisa encontrar seu ponto de equilíbrio entre esses dois extremos.

Mas não vai acontecer tão cedo. Abalado por não ter podido salvar a mulher, ele decide-se pelo caminho do idealismo sem pensar duas vezes. Na verdade ele chega ao ponto de se convencer que pensar duas vezes seria uma fraqueza, uma limitação. Enquanto isso os parasitas enviam o primeiro dos seus para matá-lo. E é esse o ponto que me incomoda. Será mesmo uma ação padrão e o vilão irá mandar seus lacaios um a um para que o herói os derrote? Shinichi espera que sim. Eu espero que não, os parasitas sempre me pareceram mais inteligentes que isso. E eles estão de fato mais inteligentes que nunca. O parasita que foi atacá-lo nesse episódio pode não ser o mais esperto deles, mas aparenta ter desenvolvido bastante sua inteligência emocional. Resultado talvez da hiper-especialização que três parasitas em um único hospedeiro permitiu? Os parasitas dos braços se dedicam à força física, enquanto o da cabeça se dedica à tática, e ao se concentrar no cérebro, e provavelmente por influência do hospedeiro também (isso tem sido uma constante em todos os parasitas), ele se tornou capaz de expressar um conjunto de emoções maior que qualquer parasita conhecido até então? A maioria deles ainda não parece capaz de emoção nenhuma! Mesmo o Migi ainda está muito subdesenvolvido nesse departamento.

Sobre meu medo que se torne uma história de ação comum, o maior problema não é nem o formato entediante de inimigo do episódio, é que dado até onde a história chegou e o desenvolvimento dos personagens, eu tenho certeza que o Shinichi vai simplesmente derrotar todo mundo. Ele não pode morrer antes do final. O máximo que poderia acontecer seria a morte colateral de outros personagens, e há um bocado deles, mas para quê transformar uma história até agora tão interessante em algo tão simplório? Nesse episódio mesmo Shinichi sem perceber deixou Murano em perigo. Fugindo de três parasitas (que mais tarde ele descobriria ser um só corpo com três parasitas) ele parou no caminho para tranquilizar Murano. A ação estranha fez a garota segui-lo, como eu temi que ela fosse fazer. Se fossem mesmo três parasitas e dependendo de onde estivessem me pergunto o que poderia acontecer se Murano tivesse sido avistada. Bem, esse episódio ainda foi bom, revelou um pouco mais sobre os parasitas da prefeitura (o mais forte deles gosta de tocar piano semi-nú, e é bom nisso – em tocar piano, não em ficar semi-nú – não para o meu gosto, pelo menos), mostrou que os parasitas continuam evoluindo, e mostrou mais um passo na evolução do próprio Shinichi. Para ele continuar evoluindo, contudo, a história não pode se prender a um formato clichê.

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