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O título deveria ter sido “Aquele momento constrangedor em que você persegue uma garotinha holográfica, cai em um buraco e encontra você mesmo de outra dimensão tentando te matar”, e teria sido o maior da história do blog. Mas bom, acho que o atual já é o maior da história do blog e já é ridículo o bastante. Quero dizer, a história é isso mesmo que o título descreve. Inclusive o título que não foi aprovado. Ridículo não é? Mas tudo bem, é baseado em um jogo e jogos costumam ter premissas ridículas mesmo. O importante é ter uma boa história. E isso eu acho que Gunslinger Stratos ainda está devendo, mesmo depois de dois episódios.

Tudo aconteceu no primeiro episódio, que não foi hediondo, só não foi divertido a ponto de capturar a minha atenção. Admito que o cenário escola sobrenatural dificilmente me agrada, então pode ser uma coisa um pouco pessoal. Se você gostar de escolas sobrenaturais talvez deva dar uma chance a Gunslinger Stratos. Aqui não é exatamente sobrenatural mas a estrutura é a mesma. Já o segundo episódio se dedicou inteiramente a explicar o primeiro. O que equivale a dizer: foi chato pra caramba. De novo, se o primeiro episódio te empolgar talvez você não fique tão incomodado com o segundo, talvez até se divirta aprendendo detalhes desse mundo, mas um episódio apenas descritivo vai ser sempre um episódio ruim na minha opinião.

E qual é a ideia de Gunslinger Stratos, afinal? O anime começa com um cenário futurista que, além de se passar no futuro e ter uma arquitetura diferente e árida não é lá muito diferente do presente. Tem carros flutuantes, mas eles são iguaizinhos aos carros que você vê rodando na sua rua, apenas não tem rodas. Que legal, né? A grande diferença desse mundo é sua organização política. Pela descrição dada, é um futuro fascista onde as pessoas são classificadas desde cedo de acordo com suas habilidades inatas e têm seus destinos decididos de acordo com elas. Os mais ricos sempre têm os melhores futuros, só não fica claro se é porque por serem ricos e crescer em um ambiente de abundância desenvolvem mais e melhores habilidades ou se é pura corrupção mesmo. E na verdade isso nem importa, pois não parece que Gunslinger Stratos esteja disposto a discutir isso, é apenas o cenário, aceite e jogue. Ops, aceite e assista.

O protagonista é Tohru Kazasumi, e ele não está do lado privilegiado da sociedade, então simplesmente aceita que não terá o mais brilhante dos futuros, independente de suas competências. Para ampliar o drama, ele é um órfão que perdeu a família em um acidente ainda criança, e desde então é sustentado pelo Estado. Tem o interesse romântico, a Kyouka Katagiri, que é caidinha por ele e não esconde de ninguém (muito especialmente, não esconde dele), mas Tohru é assexuado demais para se importar. Mesmo assim, o irmão dela e seu topete ridículo odeiam o Tohru. Não entendi se o Topete Katagiri odeia o Tohru porque a irmã gosta dele ou porque ele não corresponde os sentimentos dela, mas acredito que seja a primeira opção. Não que importe, esse jogo não é um dating sim ou ero game, nada vai acontecer. Como diria o Portal do Inferno: “Deixai toda esperança, ó vós que assistis!”. Tem ainda uma anã que gosta do Topete e por isso (??) odeia o Tohru também. Raciocina ela que se a Kyouka ficar com o Tohru, ela poderá ficar com o Topete. Sugiro a ela que também escute o que o Portal tem a dizer. Todos eles são alunos na tal escola que por alguma razão realiza torneios com armas de verdade que podem matar de verdade se estiverem calibradas para isso, apenas para medir o avanço dos alunos em sua capacidade de tentar matar uns aos outros. Como assassinato é uma ação que respeita as diferenças de gênero, há torneios separados para garotos e para garotas. Sem surpresa, os dois últimos de pé entre os garotos são Tohru e Topete, e entre as garotas são Anã e Kyouka. Os irmãos Katagiri vencem.

Mas esse torneio é absurdamente irrelevante, porque veja, o mundo tá acabando. Pessoas estão virando areia, o governo tá acobertando mas pessoas estão virando areia. Um bando de corvos avisou: o mundo vai acabar em areia, a menos que vocês derrotem o outro mundo. Assim, do mesmo modo que a escola força seus alunos a disputarem torneios absurdos, esses corvos colocam esse mundo em disputa com outro. Ah, o multiverso dá voltas! O caso é o seguinte: a se acreditar na sinopse e nos corvos, em algum momento em 2015 a realidade se partiu em duas e agora, no futuro, ambos mundos alternativos estão morrendo. Eles devem lutar para decidir qual sobreviverá. E é por isso que, em dado momento, Tohru se encontra lutando contra si mesmo, sem querer. Só no episódio 2 é que ele descobriria essa história maluca toda. Outros personagens aparecem no segundo episódio: o cientista não louco que criou todo um mecanismo, utilizando tecnologia corvídea, que permite aos bravos guerreiros viajarem no tempo e lutarem pela sobrevivência desse universo fascista; um garoto que parece ter habilidades telecinéticas naturais e tem síndrome de inferioridade por causa disso; e uma professora extravagante que na verdade é uma terrorista mundial que na verdade é irmã da Anã (bom, ela apareceu já no primeiro episódio mas não encontrei oportunidade para falar dela antes).

Sei lá, não me pareceu necessariamente ruim, mas não me despertou interesse. Mas se os temas citados puderem te interessar, vá fundo, tente a sorte, e depois passe aqui para me contar o que achou.

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