Eu já vi o que o Satou fez nos episódios anteriores. Eu sei tudo o que ele falou antes e sei o que ele falou nesse episódio. Eu assisti ele claramente conspirando. E mesmo assim, mesmo assim…

Ah, e os motivos do Tosaki são revelados também. São bem simples, na verdade. E me pergunto se não estou exagerei na especulação sobre a Izumi no artigo anterior.

E é basicamente desses assuntos que vou falar. Ajin continua com um roteiro bastante linear, sem grandes sobressaltos, sem empolgar demais ainda que tenha potencial para isso. Deve ter quem ache que Ajin não empolga por causa da animação, e embora eu não pretenda defender a animação (acho que está apenas mediana), não acredito que seja esse o problema. Quero dizer, metade da razão para a cena do Satou conversando com a imprensa funcionar foi a animação, não é? O resto foi a excelente dublagem. Insisto na tese de que o ritmo de Ajin está esquisito por ele ser uma recompilação de uma série de filmes, como eu disse já no artigo sobre o primeiro episódio.

A imprensa escutou tudo o que o Satou disse com um pé atrás

A imprensa escutou tudo o que o Satou disse com um pé atrás

Agora que já comecei, vamos lá, o Satou. O plano dele é genial. A imprensa e a opinião pública em Ajin são bastante frios com os ajins, e tudo bem, ainda que eu conceda ser mesmo um pouco assustador confiar em uma criatura imortal, achei um pouco forçado. Esperava que ele realmente contasse com a opinião pública. Ao invés, o que ele queria era reunir outros ajins, e para isso seu plano foi excelente, não poderia ter funcionado melhor. O que ele pretende, derrubar o governo e dominar ou destruir os humanos normais, fazendo do Japão uma utopia ajin? Duvido, ele não tem aliados suficientes, sabe que não conseguiria tantos assim, e também não tem poder de fogo suficiente e não teria mesmo que conseguisse um exército.

O Japão tem um pouco mais do que três ajins...

O Japão tem um pouco mais do que três ajins…

Então o que ele planeja? Bom, pode ser algo à Kiseijuu: instalar ajins em postos-chave do estado (de uma província ou prefeitura que seja, se for o caso), não para dominar os humanos mortais, mas para garantir a segurança dos ajins. Eu ainda acho que deve ser algo que eu nem faço ideia do que seja. Mas sei uma coisa: ele odeia humanos mortais.

Premonição?

Premonição?

O Tosaki por sua vez quer apenas salvar sua noiva, que precisa de um tratamento caríssimo. Mas deve ser caro mesmo, porque estão fazendo algo ilegal que move rios de dinheiro de corporações do mundo inteiro. Lógico que ele recebe só uma fração disso, mas mesmo uma fração deve ser muita coisa, tente só imaginar. O curioso é que no flashback ele apareceu conversando com um garoto que é a cara do Kei. Mas talvez nem tenha sido flashback, foi tempo presente mesmo. O anime não conseguiu deixar claro, e isso é ruim, mas felizmente é de pouca importância se foi ou não flashback. Seria importante saber se ele teve contato com o Kei quando ele era criança, mas isso é muito improvável e seria conveniente demais para o roteiro. Acredito que sejam parecidos apenas porque quem quer que tenha desenhado aquele garoto não se esforçou o suficiente – a tecnologia para animação 3D é boa, mas é preciso dominá-la. Compare Ajin com Bubuki Buraki e veja a diferença brutal. Quero dizer, Dragon Ball Super ficou horrível e não vi ninguém culpando a animação tradicional por isso.

O triste passado (??) do Tosaki

O triste passado (??) do Tosaki

E por que o negócio ajin movimenta rios de dinheiro? Muito simples também: já que eles são imortais porém possuem corpos idênticos aos humanos, todo tipo de teste que poderia ser feito em seres humanos pode também ser feito neles, com vantagens. Ao testar em um ajin não é preciso se preocupar se ele vai sobreviver ou se ferir, porque ele se regenera ou ressuscita. Economiza-se muito nas indústrias militar, farmacêutica e outras. Quero dizer, mesmo sendo um negócio ilegal gerido por poucos, ainda assim sai mais barato. Lucra-se fábulas com esses centros de testes em ajins e ainda assim as empresas que contratam seus serviços lucram. É um pouco difícil de acreditar, mas não impossível. Na indústria militar vá lá, é uma em que não se admite testes em vivos jamais (não de armas, não usando seres humanos vivos como alvos), mas na indústria farmacêutica por exemplo não vejo ganho nenhum. Mas já me estendi demais sobre isso.

A moral no fim das contas é semelhante à proteção aos animais, e não sei se isso é positivo ou negativo, hehe. Ajins são tratados como não humanos e o governo supostamente garante a eles direitos, mas mesmo assim eles são sujeitos à testes que os fazem sofrer brutalmente – igual a animais de laboratório, ou pelo menos igual ao discurso militante sobre animais de laboratório.

E encerro falando sobre a Izumi: no artigo sobre o episódio anterior dediquei um parágrafo inteiro especulando sobre a razão dela temer porém ainda assim seguir e obedecer o Tosaki. Falei várias hipóteses complicadas e deixei passar em branco uma muito simples: em que pese o Tosaki ter uma noiva e estar cometendo as crueldades que comete (inclusive contra a Izumi) por causa dela, talvez a ajin esteja apenas apaixonada. Apaixonada e presa a uma situação abusiva, que sequer uma relação é (e provavelmente é melhor que não seja).

Larga do Tosaki, Izumi!!

Larga do Tosaki, Izumi!!

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